Cidades

Militar espancado no posto da 214 Sul concorda com punição mais severa aos agressores

Ele estuda entrar na Justiça

postado em 20/05/2010 07:51
O problema do barulho se repete: em Ceilândia, um bar na QNN 40 anda tirando o sono da vizinhançaRespeito e silêncio. Era tudo o que o militar Anísio Oliveira Lemos, 46 anos, queria dos rapazes que estavam ouvindo música alta na loja de conveniência do posto de combustíveis da 214 Sul, na noite do último sábado. Lemos não teve nenhum dos dois e foi covardemente espancado. ;Sinto que queriam me matar. Eles tinham a chance de me amedrontar, de me mandar embora, por que me seguiram até debaixo do meu prédio?;, questiona. O tenente da Aeronáutica concorda com a interpretação do chefe da 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul), que está à frente do caso. Segundo o delegado Watson Warmling, os cinco homens que agrediram Lemos responderão por tentativa de homicídio qualificado. Até agora, porém apenas dois dos acusados da agressão ; inclusive Daniel Benquerer Costa, filho da dona do posto ; se apresentaram na 1; DP e foram indiciados. A polícia continua tentando identificar os outros três, mas as imagens da câmera de segurança do bloco onde ocorreu a agressão ; o K da SQS 214 ; não têm boa qualidade.

Ontem, Lemos teve que descer até o comércio da quadra para comprar remédios, mas evitou passar perto do posto. Ele esteve na delegacia para reconhecer suspeitos, mas admite que não conseguiu prestar atenção no rosto de quem o atacou. O militar também foi ao oftalmologista e se submeteu a exames. Em princípio, o médico não detectou sequelas ou deslocamento da retina. O militar ainda não sabe quando voltará ao trabalho, pois deve retirar pontos da palma da mão direita em cinco dias e só então avaliar se a movimentação está normal. Abalado, ele foi a um psiquiatra, que lhe prescreveu remédios para dormir.

O oficial da Aeronáutica sofreu machucados variados. Do lado do esquerdo do corpo, teve ferimentos no olho e no joelho. Do lado direito, além da mão, o joelho e a perna apresentam cortes. Ainda há hematomas na nuca, na fronte e nas laterais dos olhos.

No fim da tarde, Lemos soube que novas imagens do circuito de segurança do prédio foram encontradas e o material deve ser entregue ao delegado Warmling. Enquanto o processo criminal corre, ele analisa a possibilidade de contratar um advogado e entrar na Justiça pelos danos sofridos. ;Mas nada está claro ainda. Estou mais preocupado em não ter barulho incomodando minha família ou meus amigos. Trabalho, pago impostos e tenho o direito de dormir em paz.; Watson Warmling salienta que a população pode contribuir com as investigações, por meio de denúncia anônima para o telefone 197.

Outras cidadesAnísio Lemos, a vítima do espancamento: exames no olho ferido
O conflito entre moradores em busca de sossego e comércios que colocam som além do considerado razoável não é comum apenas no Plano Piloto. Um bar localizado na QNN 40 de Ceilândia, por exemplo, vem tirando o sono da vizinhança. O local atrai entusiastas de motocicletas e fãs de música ao vivo. O problema, garantem os vizinhos, é que o movimento vara a madrugada. ;Às vezes, parece que a banda está tocando na minha garagem;, diz o analista de sistemas Wilson César da Silva, 30 anos, que mora em frente ao bar. A pensionista Elcina Bertolino, 62, vive a três casas do boteco: ;De vez em quando, prefiro ir dormir em paz na casa da minha filha, bem longe daqui;.

O proprietário do bar, Vander Feitosa, 30 anos, garante que o alvará do bar ; que teria sido expedido há uma semana ; autoriza o funcionamento até as 4h. Ele desmente os vizinhos incomodados, dizendo que fecha as portas antes desse horário. A Administração de Ceilândia confirma a expedição do alvará, mas ressalta que o funcionamento autorizado vai de segunda a sábado, das 8h às 2h. O documento não menciona autorização especial para música ao vivo, o que é exigido pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram). Segundo a Agência de Fiscalização do DF (Agefis), o estabelecimento já foi autuado duas vezes e não regularizou a situação. Uma nova operação pode interditar o bar até o fim deste mês.

O número
197
Telefone do Disque-Denúncia para informações sobre os agressores


Opinião do internauta
Leitores do Correio continuam a fazer comentários no site do jornal sobre o espancamento do militar que pediu silêncio ao grupo de rapazes no posto de combustíveis da 214 Sul. Confira:

Edmar Alencar
;Estamos solidários com o senhor Anísio Lemos e sua família, manifestando indignação com essa ocorrência, aproveitando para lembrar as autoridades que, por favor, tomem providências contra o barulho em Brasília. Detran e PM, fiscalizem veículos particulares com som absurdamente alto, vocês nos devem isso.;

Abel Almeida
;Até agora, nenhuma medida eficaz do governo, estão esperando as coisas esfriarem, as urnas estão próximas, temos que aprender a votar em quem está comprometido com o sossego alheio.;

Enio Silva
;É preciso que as autoridades tomem providências urgentes em todas as áreas de convivência social. O brasiliense está cada vez mais menosprezando o cumprimento das leis, acham que elas só servem para os outros. Se cada um fizer sua parte, estaremos todos bem.;

Leonardo Rocha
;Embora mais que tardia a ação do Estado, finalmente foi feito o correto! E que sirva de exemplo para os covardes nervosinhos de plantão. Se não sabem conviver em sociedade, ouvir o terceiro e se preocupar com a pessoa, estão mais para bichos. Sugestão para esses: virar eremitas para o bem de todos.;

Domingos Ferreira
;Quando delinquentes agem livremente, a culpa é do Estado, nesse caso, representado pela Administração de Brasília, que é omissa e relapsa na fiscalização. A nós, consumidores, resta a única arma. Boicotar esse posto.;

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