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Empresários atribuem aumento das vendas à prorrogação da redução do IPI

postado em 22/05/2010 10:10
A prorrogação por mais seis meses da redução do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) incidente em produtos da construção civil deixou os consumidores do Distrito Federal sem pressa de adquirir artigos do setor. Passado pouco mais de um mês do anúncio de que o benefício, previsto para ser encerrado em junho próximo, seria prorrogado até dezembro, o movimento em lojas especializadas permaneceu estável, sem corrida dos consumidores em busca dos últimos itens desonerados dos estoques. Em alguns locais, as vendas chegaram a cair. A informação é dos estabelecimentos e do Sindicato do Comércio Varejista de Materiais de Construção do DF (Sindmac-DF).

Cecin Sarkis, presidente do Sindmac-DF, explica que a entidade, que representa 1,8 mil lojas no DF, só fecha balanços de desempenho mensais, e que, por isso, não tem registro do comportamento das vendas de produtos da construção civil nos 30 dias que se seguiram 15 de abril, data do anúncio da continuidade do benefício pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Ele informa, no entanto, que números de abril mostram que o faturamento cresceu 8,6% com relação ao mesmo período de 2009. Para este mês, a expectativa é de crescimento semelhante ao de maio ano passado e de vendas estáveis em relação a abril último. ;O setor não sentiu nenhuma turbulência de um mês para o outro. Em algumas lojas chegou a haver recuo com o anúncio da prorrogação, mas o patamar foi retomado gradativamente;, diz.

Sarkis acredita que os consumidores não se apressaram para encomendar os últimos itens desonerados do estoque em maio porque esperavam pela prorrogação. ;Existia um certo compromisso do governo de manter a alíquota reduzida ou zerada, a exemplo do que aconteceu com o IPI dos carros(1). A maioria dos clientes sabia disso por meio da mídia e não correu;, declara.

Impulso

De acordo com o presidente do Sindmac-DF, o incentivo fiscal foi fundamental para o segmento varejista dentro da construção civil, e tem cumprido seu papel de impulsionar programas do governo federal como o Minha Casa, Minha Vida e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Como a política de incentivo a obras públicas e privadas do governo aqueceu a construção civil, a redução do IPI ajudou a conter a inflação(2) sobre os insumos do setor.

;O setor é mais importante do que o automobilístico, que também teve desoneração. Estamos falando da oportunidade de garantir a casa própria. Então, a desoneração teve um papel social fundamental e ficamos felizes com a prorrogação;, afirmou Cecin Sarkis.

O primeiro vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do DF (Sinduscon-DF), Júlio César Peres, concorda com Sarkis acerca da importância do benefício fiscal. ;No caso do programa Minha Casa, Minha Vida, que é para beneficiar as classes mais baixas, qualquer desoneração dá um alento;, comenta.

Entre os produtos que tiveram alíquota do IPI reduzida ou zerada, estão cimento, ferro, tubos e conexões PVC, tintas, boxes para chuveiros, pias, lavatórios, pisos e revestimentos e outros artigos de porcelanato.

Movimento fraco
Na loja de porcelanato e cerâmica onde trabalha o vendedor Iderovan Pereira Torres, os últimos dias têm sido de movimento fraco. Segundo Iderovan, o anúncio de que a desoneração sobre os produtos vigoraria por mais seis meses afugentou os clientes. Em relação ao ano passado, no entanto, ele diz que o afluxo de clientes no estabelecimento cresceu de 10% a 12%. ;Acredito que é o impacto inicial, com o tempo o pessoal volta a comprar;, diz o vendedor.

Em uma conhecida loja de materiais de construção e utilidades para o lar do Distrito Federal, foi sentido um recuo no fluxo de consumidores logo após a divulgação de que o IPI reduzido seria prorrogado. Entretanto, Wenderson Allex Chaves, gerente de merchandising do estabelecimento, diz que, com promoções e incentivos, o quadro foi revertido e as vendas estão voltando ao patamar normal.

A funcionária pública Maria da Graça de Oliveira, 50 anos, está construindo uma casa, e comemorou a continuidade dos preços mais baratos. ;Tenho tido gastos enormes e essa desoneração ajudou bastante. O preço do cimento foi um dos que mais caíram. Podia durar para sempre;, diz ela, contando que pesquisa na ponta do lápis para não estourar o orçamento planejado para a obra.

1 - Recordes

A redução da alíquota do IPI para automóveis, que terminou em março último, durou um ano e três meses. Graças a ela, o segmento registrou números recordes de vendas. A princípio, valeria até março de 2009, mas foi prorrogada duas vezes.

2 - Obras encarecem
O aquecimento do mercado da construção tornou o custo de edificar uma casa 4,98% maior nos últimos 12 meses no Distrito Federal. Essa foi a variação registrada entre abril deste ano e igual período de 2009 para o Custo Unitário Básico (CUB), índice medido pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do DF (Sinduscon-DF) e que no mês passado ficou em R$ 768,99. Para determinar mensalmente o CUB, são levados em conta os preços de, em média, 30 insumos do setor, incluída a mão de obra. Com relação a março último, o preço de construir subiu 1,10%.

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