Cidades

Laudo final confirma suicídio de maníaco de Luziânia

Naira Trindade
postado em 28/05/2010 08:19
Pedreiro foi encontrado morto na cela em que estava presoO Instituto de Medicina Legal de Goiânia concluiu os laudos da perícia que apurou a causa da morte do pedreiro Ademar Jesus da Silva, 40 anos, ocorrida em 18 de abril em uma cela da Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc). Após ser preso por abusar sexualmente e matar sete adolescentes em Luziânia ; município goiano distante 66km de Brasília ;, o homem se matou usando uma corda trançada pelo tecido que envolvia o colchonete em que ele dormia na cadeia. O resultado dos exames mostra que o pedreiro morreu por asfixia provocada por enforcamento. Na época, a informação foi antecipada pelo Correio. Com esse desfecho, a Corregedoria da Polícia Civil de Goiás, que investiga o incidente na Denarc, espera encerrar o inquérito policial na próxima semana.

O corregedor Sidney Costa e Souza recebeu ontem os envelopes lacrados com o resultado dos exames do IML. Como não houve nenhuma surpresa nos resultados, agora ele vai elaborar a conclusão final do inquérito e arquivá-lo. ;Foi suicídio. As investigações estão encerradas, mas a conclusão deve ficar pronta na semana que vem, no mais tardar até terça-feira;, explicou. Nesse inquérito constam os laudos cadavéricos, toxicológicos, depoimentos de presos de celas vizinhas, da delegada responsável pela Denarc, Renata Cheim, de agentes que estavam de plantão em 18 de abril e análises das imagens da câmera de segurança e dos materiais recolhidos na cela após o episódio.

A suspeita de suicídio, à época, foi apontada pelo médico legista responsável pela necrópsia Paulo Afonso Mendes de Campos. Em entrevista ao Correio dias depois do ocorrido, ele afirmou ter analisado o corpo minuciosamente e não ter encontrado nenhum sinal de resistência, lesão recente ou algo que desse a entender que Ademar Jesus resistiu ou foi enforcado por outra pessoa.

O sangue encontrado na camiseta de Ademar também apontava para enforcamento. Isso porque, no momento em que uma pessoa se enforca, há contrição de artérias e veias, as mucosas ficam inchadas e o sangue sai pelo nariz e pela boca. Naquele domingo, o pedreiro Ademar Silva foi encontrado sentado e com os pés apoiados no chão, posição que reforça o que chamam de suicídio de enforcamento incompleto. Quando isso acontece, a pessoa perde a consciência e o corpo desaba, levando-o à morte. O procedimento leva de dois a quatro minutos, no máximo.

[SAIBAMAIS]Com os resultados finalizados, o corpo do pedreiro pode ser retirado pela família a qualquer momento. Caso eles o ignorem, em 15 dias Ademar Jesus pode ser enterrado como indigente no cemitério de Goiânia. Nenhum parente do assassino confesso de seis jovens de Luziânia foi encontrado para comentar o assunto. Os três inquéritos que investigam as mortes dos sete meninos de Luziânia, no entanto, não serão concluídos. Segundo o delegado responsável pelo caso, Juracy José Pereira, as investigações devem continuar. ;Ainda faltam alguns laudos e as investigações não devem ser encerradas por enquanto;, resumiu.

Memória
Mistério no Entorno

Um assassinato em série de sete adolescentes de 13 a 19 anos de Luziânia comoveu o país. O mistério começou em 30 de dezembro de 2009, quando Diego Alves, 13 anos, saiu de casa pela manhã para ir a uma oficina mecânica e nunca mais voltou. Seis dias depois, Paulo Victor Vieira Lima, 16 anos, desapareceu. Na sequência, a família de George Rabelo dos Santos, 17, também passou a buscar por notícias do jovem. O mesmo aconteceu com Divino Luiz Lopes da Silva, 16, Flávio Augusto Fernandes dos Santos, 14, e Márcio Luiz Souza Lopes, 19. Os desaparecimentos passaram a intrigar os moradores da cidade. Três meses depois do primeiro sumiço, as Polícias Federal e Civil de Goiás chegaram ao pedreiro Ademar de Jesus Silva, que confessou ter matado os garotos. Antes que o caso fosse completamente desvendado, porém, o homem foi encontrado morto em uma cela do Denarc. Depois, descobriu-se que Eric dos Santos, 15 anos, também havia sido vítima do maníaco. Esse crime o pedreiro não confessou.

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