Cidades

Érika Kokay vai a reunião para ver laudos sobre notas apreendidas na casa de Eurides

postado em 01/06/2010 08:55
Um dos pontos cruciais para esclarecer a participação de Eurides Brito (PMDB) no suposto esquema de corrupção desvendado pela Operação Caixa de Pandora ; a origem das notas encontradas na cada da deputada afastada ; poderá constar no processo por quebra de decoro parlamentar movido contra a política na Comissão de Ética da Câmara Legislativa antes que ela seja julgada em plenário. A vice-presidente da Comissão de Ética, Érika Kokay (PT), autora do relatório que pede a cassação da peemedebista, pretende apensar o resultado dos laudos sobre o dinheiro apreendido na casa de Eurides ao processo que concluiu na semana passada. Hoje, a petista vai se reunir com a subprocuradora-geral da República Raquel Dodge, a quem pretende pedir acesso à perícia (1)realizada pelo Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal.

O Correio publicou em sua edição de ontem fotos exclusivas do local onde a distrital interditada pela Justiça costumava guardar dinheiro. As imagens mostram que os maços eram acomodados em uma caixa metálica escondida no maleiro do closet da parlamentar. Há dois relatórios da PF reunidos no apenso 15 do Inquérito 650 do Superior Tribunal de Justiça informando o resultado da busca e apreensão. Num deles, os investigadores relatam que encontraram no cantinho de Eurides R$ 85 mil, além de U$ 9 mil. Em outro documento da PF, esse escrito à mão, o montante é ainda maior: R$ 244,8 mil. Os delegados da PF também descobriram R$ 9,8 mil ; 98 cédulas de R$ 100 ; dentro da bolsa pessoal de Eurides Brito. A foto que flagra a cena dessa apreensão foi tirada no quarto da distrital, em cima da cama dela.

Também foi apreendida uma agenda de 2007 contendo uma anotação manuscrita que chamou a atenção da polícia. Trata-se de uma relação com supostas despesas de Eurides. Estão descritos gastos com café da manhã (R$ 2 mil), Dia das Mães (R$ 10 mil), carro R$ 30 mil), pagamento gasolina outubro (R$ 5 mil). Há também nomes listados, como o de Sandro (R$ 6 mil), Oclécio (R$ 5mil) e Adamor, onde se lê: ;repor R$ 15 mil;. A soma dos valores anotados na agenda é de R$ 133 mil. Segundo o Correio apurou, o Sandro (de Morais Vieira) citado nas anotações de Eurides é um assessor da Câmara Legislativa ligado à distrital. Da mesma forma, Oclécio (Aires da Fonseca) também trabalhava com a deputada. A exoneração de Oclécio foi publicada no Diário da Câmara de ontem.

Na análise do auto de busca e apreensão, os investigadores acreditam que a pessoa citada na agenda é Odécio, a quem a Polícia acredita que ;provavelmente seja Odécio Rossafa Garcia, assessor técnico da Centcooop;. O mais provável, no entanto, é que de fato a referência tenha sido ao assessor Oclécio, até porque a própria distrital reconhece que o funcionário tinha o hábito de pagar contas em nome de Eurides e depois ser ressarcido pela parlamentar. Quanto à Adamor, ele é dentista e marido de Eurides. A quem, segundo as anotações, devem ser repostos R$ 15 mil.

Durante um pronunciamento feito em plenário ainda em fevereiro, auge do escândalo da Caixa de Pandora, Eurides Brito chegou a tecer algumas explicações sobre o dinheiro que foi apreendido em sua casa no Lago Sul. ;Eu mando, muitas vezes, o meu assessor de gabinete, chamado Oclécio, fazer despesas e, depois, eu pago a ele. Às vezes, ele paga do próprio bolso e eu vou reembolsando-o. Havia duas retiradas, eu pagando o Oclécio;, disse Eurides em fevereiro.

No mesmo pronunciamento enviado pela assessoria de imprensa da parlamentar, Eurides insinua que guardava dinheiro em casa para se precaver de eventuais planos econômicos: ;Eles não sabem as razões, talvez porque não sejam pais que tiveram filhos estudando no exterior na época do confisco do dinheiro, um filho fazendo uma pós-graduação na Europa, sem conhecidos, que ficou desalojado, sem ter o que comer e sem ter como pagar os estudos. E nós sem termos como resolver o problema. O pai ficou, evidentemente, desde esse tempo traumatizado. E é justo;, acredita Eurides.

1 - Cédulas marcadas
O objetivo da polícia, do MP e, agora, da Comissão de Ética da Câmara é comparar se os valores guardados por Eurides coincidem com notas marcadas pela PF. Dias antes de os delegados cumprirem os mandados de busca e apreensão da Caixa de Pandora, Durval Barbosa entregou maços de dinheiro à PF para que os investigadores marcassem as cédulas com tinta invisível.

No armário instalado no quarto de Eurides Brito, havia um compartimento em que ela guardava dinheiro. Na bolsa, aberta em sua cama, a PF encontrou R$ 9,8 mil
Sandro é um assessor da Câmara Legislativa a distrital. Oclécio trabalhava para a deputada na Câmara Legislativa. Ontem, ele foi exonerado. Adamor é dentista e marido de Eurides Brito

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