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Venda de material de construção aumenta 18,9% no DF

O faturamento também teve alta de 23% em relação ao primeiro trimestre de 2009. O desempenho do setor deve-se aos programas dos governos federal e distrital. Empresários temem recuo diante da instabilidade política

postado em 02/06/2010 13:33
Marcos Rezio atribui o bom desempenho do setor às obras do governo federal no DF e no Entorno: Segmento da economia que mais cresce atualmente no Distrito Federal, a construção civil induziu um aumento de 18,9% na comercialização de material no primeiro trimestre deste ano em relação a igual período de 2009. O faturamento do setor varejista cresceu 23% no mesmo intervalo de tempo. Na comparação mensal, houve alta de 21% no total de vendas em março de 2010 frente ao mesmo mês de 2009, e de 24,8% no faturamento. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e foram compilados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que divulgou um diagnóstico sobre a construção civil no DF.

O perfil divulgado pelo Dieese mostra que o Distrito Federal fica acima da média nacional em dados relativos ao desempenho das vendas da construção. Entre 2008 e 2009, houve um aumento de 8,9% no consumo de cimento(1) no DF, de 910 mil para 991.264 toneladas. As informações são do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic). A entidade registrou ainda que, em um período de dez anos ; entre 1999 e 2009 ; a quantidade de cimento vendida em Brasília e região cresceu 42,8%, superando, mais uma vez, o crescimento verificado no Brasil, que ficou em 28,53%. Somente em janeiro deste ano, o volume de cimento vendido no DF, de 80.219 toneladas, superou em 20% o negociado em igual mês do ano passado.

Marcos Rezio, gerente comercial da unidade no DF da rede TendTudo, que oferece materiais para reforma e construção, afirma que o início de ano com bons resultados foi sentido na loja local. ;Temos uma projeção muito boa para 2010;, diz ele, que não informa a meta de aumento nos lucros por questões estratégicas.

Segundo Marcos, o bom desempenho e as projeções otimistas para este ano têm relação com a forte presença no Distrito Federal e Entorno de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Minha Casa, Minha Vida, iniciativas do governo federal voltadas a de obras de infraestrutura e construção de moradias populares, respectivamente. A redução do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) para os insumos do setor, benefício fiscal que deveria terminar em junho e foi prorrogado pelo Ministério da Fazenda até dezembro, também foi citada pelo gerente como fator que alavancou os negócios.

;O governo foi muito parceiro. Algo positivo foi que essas medidas de estímulo aumentaram a competitividade no setor. As lojas estão oferecendo muitas facilidades e fazendo promoções;, comenta.

Vendedor da Sebba, estabelecimento especializado em porcelanato e acabamentos, Pedro Alves de Souza cita, além de obras e programas do governo federal, empreendimentos do Governo do DF como responsáveis pelo incremento nas vendas em 2010 com relação a 2009. ;Houve muita construção e reforma do GDF apesar da turbulência política;, diz.

Receio
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista dos Materiais de Construção no DF (Sindmac-DF), Cecin Sarkis, informa que pesquisa realizada pela entidade com 35 empresas afiliadas apontou alta de 13,68% nos materiais de construção em abril deste ano em relação ao mesmo mês de 2009. Frente a março último, entretanto, houve queda no desempenho, de 8,34%, segundo o levantamento. ;O mercado está muito aquecido e o setor tem receios quanto à duração disso;, declarou Sarkis.

Pedro de Souza diz que, apesar da turbulência política na capital, o GDF mantém muitas obras e reformasDe acordo com Elson Ribeiro e Póvoa, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no DF (Sinduscon-DF), também existe temor por parte das construtoras. ;Na área privada, que envolve principalmente o setor imobiliário, tudo está muito bem. As obras do PAC e do Minha Casa, Minha Vida também estão certinhas, com muitos recursos disponíveis. Mas existem obras do GDF em andamento e em conclusão, com trabalhadores que ficarão desempregados caso não seja dado prosseguimento a projetos e licitações;, declarou. Elson diz que a falta de estabilidade política no Distrito Federal nos últimos meses tem contribuído para o atraso em obras previstas. Para o Dieese, os dados compilados revelam condições favoráveis para a continuidade do processo de expansão da construção civil no Distrito Federal em 2010.

1 - Indicador
O cimento foi um dos produtos cujo preço mais caiu com a redução do IPI. Além dele, foram desonerados revestimentos, vernizes, tintas, pias, louças de banheiro, rede e grade de aço, chuveiro, fechaduras e dobradiças, entre outros itens. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou a desoneração pela primeira vez em 30 de março do ano passado. Desde então, o benefício já foi prorrogado duas vezes.


Trabalhadores sem estabilidade

Além das vendas de insumos para construir, o Dieese analisou a questão da criação de postos de trabalho pelo segmento econômico no DF, com base em números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mantido pelo Ministério do Trabalho. O cadastro, que só trabalha com dados relativos ao emprego formal, registrou 6.167 novas vagas na construção civil em 2009, contra 3.022 em 2008. Assim, houve incremento de 104% na criação de postos formalizados no período.

No entanto, dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) do Dieese incluindo também trabalhadores informais da construção civil, mostram uma realidade que inspira preocupação. Dados de 2009 apontam que, do total de 59 mil ocupados na atividade econômica, a maioria, 54,3%, não contribuíam com a Previdência Social. Esses trabalhadores estavam à margem, portanto, de benefícios concedidos pelo Estado, como aposentadoria, licença-maternidade e afins. Entre os trabalhadores autônomos da construção, que eram 28 mil no ano passado, a proporção dos que estavam desvinculados da Previdência era ainda maior, de 94,1%.

Além disso, informações sobre o tempo de emprego dos funcionários da construção apontaram que 69% da categoria apresentava vínculo empregatício com duração inferior a dois anos em 2009. O dado evidencia que o segmento oferece pouca estabilidade.


Desempenho do setor no DF

Volume de vendas no varejo
1; tri 09/1; tri 010 18,9%
Març.09/ Març.010 21%

Faturamento
1; tri 09/1; tri 010 23%
Març 09/Març 010 24,8%

Venda de cimento 2008/2009
DF - alta de 8,9%
Brasil - alta de 0,19

Emprego
6.176 novas vagas formais em 2009, contra 3.022 em 2008, alta de 104%
59 mil ocupados, dos quais 54,3% não contribuem com a Previdência
28 mil autônomos, dos quais 94,1% não contribuem com a Previdência

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