Brasília é o centro de oito rodovias federais, que começam ou terminam em uma capital. O movimento nessas estradas sobe bastante em feriados prolongados, como o desta semana, o que naturalmente contribui para aumentar o perigo. Na BR-060, porém, os condutores têm mais um motivo para ficarem atentos. Na pista que liga o DF a Goiânia (GO), próximo de uma das saídas de Samambaia, na altura do Km 5, muitos carros passam por um retorno irregular, perpendicular à via. O retorno correto fica a apenas 1,5km de distância. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), os acidentes no local são constantes e graves. No último domingo, uma pessoa morreu em uma colisão ao tentar fazer o ;gato;.
O acidente ocorreu por volta das 19h30 de 30 de maio. Um Fiat Palio e um GM Vectra, ambos com vários passageiros, deixaram um posto de gasolina nas proximidades quase ao mesmo tempo. O Fiat Palio seguiu na frente e demorou a fazer a manobra para entrar no atalho, uma pista de terra dentro do canteiro central, com cerca de 15m de largura. O Vectra, de placa BTD 9801/DF não conseguiu acessar o retorno ilegal a tempo e foi atingido pela Paraty JFD 4363, de Valparaíso-GO. O condutor do Vectra, Ildeu de Almeida Alves, 37 anos, não resistiu aos ferimentos.
Há duas semanas, Eliston Ferreira da Silva, 32 anos, trabalha no posto de gasolina localizado em frente ao retorno incorreto. ;Já perdi a conta de quantas pessoas vi acessando essa pista irregular;, afirma. Ele relata ainda que o acidente fatal não foi o único do último domingo: duas horas antes, um carro reduziu a velocidade para entrar no retorno, o motorista do veículo que vinha logo atrás não percebeu e bateu em sua traseira. Uma mulher que estava no banco do carona ficou com hematomas na testa.
Segundo o frentista, o atalho existe há mais de cinco anos e, nas proximidades, o que mais se vê são freadas bruscas e carros em alta velocidade. ;Desaconselho sempre o pessoal que abastece a tentar encurtar o caminho. Mas ninguém multa e não há policiamento;, revela. O coordenador do posto, Pedro Caleira, 22 anos, diz já ter presenciado pelo menos 10 acidentes. ;Mas deve haver bem mais, já que não passamos o dia todo aqui;, reforça.
Segundo a recepcionista Letícia Bezerra, 22 anos, a comunidade não tem outra opção. ;Tive que recorrer a esse atalho algumas vezes porque o próximo retorno fica muito distante daqui;, defende-se. O marido da jovem já foi multado enquanto encurtava o caminho naquele local e ela mesma admite que quase bateu em um carro que circulava pelo canteiro central no sentido contrário ao dela. O retorno correto fica a 1,7km de distância.
Sem desculpa
A falta de tempo e a distância do acesso certo não são argumentos bons o suficiente para o comerciante Renilto Moreira, 49 anos, quebrar as regras. ;Saio de casa mais cedo, mas não faço gato no trânsito.; Segundo ele, a medida ainda danifica o carro, já que há um desnível entre o asfalto e o canteiro. Ele relata que tem um chácara nas proximidades de Samambaia e sempre que usa a BR-060 para voltar para casa, vê quatro ou cinco carros esperando para entrar no retorno e, consequentemente, atrapalhando o trânsito.
O Correio esteve no local na última segunda-feira, durante cerca de uma hora, e flagrou seis carros e seis motos recorrendo ao atalho no canteiro central da rodovia. Até mesmo caminhonetes e veículos com suspensão mais alta precisam reduzir muito a velocidade para entrar na pista de terra, devido ao buraco que a separa do asfalto. Em muitos casos, os motoristas quase param, enquanto os demais carros que trafegam pela BR continuam em alta velocidade. Durante o período de observação, até um veículo do GDF, cujo motorista falava ao telefone, cortou caminho pelo acesso improvisado.
Segundo a PRF, entre três e quatro acidentes ocorrem todos os dias, mas as ocorrências começaram a ficar mais frequentes, e graves, há cerca de dois anos, quando a pista interna de Samambaia que dá acesso à BR-060 foi asfaltada e os postos de gasolina, construídos. ;Quando estamos fiscalizando, todos dizem que é culpa do governo, que não constrói retornos, mas as pessoas se esquecem de que aquela é uma via de trânsito rápido, não um avenida interna de cidade. Não existe a obrigação de tantos retornos;, explica o inspetor Raufer Rodrigues. O órgão admite que não há efetivo suficiente para fazer uma fiscalização ostensiva no local.
Centro-Oeste
A BR-060 começa em Brasília (DF) e atravessa
os estados de Goiás e Mato Grosso do Sul, onde termina, na cidade de Bela Vista. A estrada cruza cidades importantes da região Centro-Oeste, como Anápolis, Goiânia, Rio Verde e Jataí, em Goiás, e Campo Grande (MS) e possui ao todo 1.329km.
Cuidado na estrada
; Para evitar aquaplanagem ; quando o excesso de água faz o pneu perder contato com a pista ;, cheque pelo retrovisor se o pneu deixa marcas visíveis no chão.
Se isso não ocorrer, freie com suavidade e reduza a velocidade;
; Pare no acostamento apenas em emergências. Sempre que possível, pare fora da rodovia, em uma área pavimentada, num posto ou num local de atendimento ao usuário. Se não houver opção, saia do veículo e proteja-se;
; Se houver congestionamento, espere na fila. Deixe o acostamento livre para a circulação de veículos de serviço;
; Jamais use farol alto ao cruzar com outro veículo. O motorista pode perder a orientação e causar um acidente;
; Se cruzar com algum veículo que estiver com os faróis altos, evite olhar diretamente para as luzes e oriente-se pelas faixas de sinalização da estrada;
; Fique sempre atento e mantenha distância do carro à frente;
; Sinalize todas as mudanças de pista;
; Não freie bruscamente sem necessidade;
; Não faça ultrapassagens perigosas;
; Se estiver em um trecho seguro da rodovia, ultrapasse apenas pela esquerda;
; Em caso de neblina, reduza a velocidade, guie-se pela sinalização da pista, mantenha distância do carro à frente e ligue o farol baixo. Se a visibilidade estiver muito ruim, busque um local seguro e pare o carro;
; Não acione o pisca-alerta enquanto estiver em área de neblina. Isso pode dar a impressão de que seu veículo está parado e o carro de trás pode causar um acidente, ao frear subitamente.