Juliana Boechat
postado em 04/06/2010 09:39
Monumentos de Brasília em versão miniatura, curvas e cores estampadas em cartões-postais, chaveiros, blusas e bonés. O comércio de souvenires na capital federal, ainda tímido, chama a atenção de turistas que visitam a cidade. A versão da Catedral em pedra-sabão, um chaveiro com os 50 anos da capital federal e um ímã de geladeira com a foto de um ipê-amarelo se tornam a melhor opção na hora de presentear um parente que mora em outro estado ou de registrar a viagem pela cidade das formas do cerrado e das obras exóticas do arquiteto Oscar Niemeyer. Os proprietários se fixam em pontos turísticos, shoppings, feiras e até mesmo em hotéis para atrair clientes. Normalmente, os produtos são bem parecidos. Mas alguns donos de loja declararam o amor aos souvenires ; e a Brasília ; e investiram dinheiro e criatividade no diferencial.É o caso da ex-publicitária Mônica Rebello. O hobby de customizar fotografias digitais e a vontade de trabalhar com o comércio de lembrancinhas da cidade levaram-na a abrir uma loja há pouco mais de dois meses. Para conseguir um dos espaços mais nobres da Esplanada dos Ministérios ; a chapelaria do Congresso Nacional ; , ela participou de um pregão realizado pela Câmara dos Deputados. Uma das exigências do concurso era produzir 50 peças inéditas sobre a capital federal. Mônica contratou designers e publicitários e abusou da criatividade. No pequeno espaço decorado com madeira escura em frente à principal entrada da Câmara e do Senado, estão expostos marcadores de livro, cartões-postais, caixas, bloquinhos etc. ;Sempre me interessei por esse ramo. Quando viajamos, vemos tanta coisa legal! E aqui não temos este nível de produtos, o ramo está em crescimento;, acredita.
Antes de se envolver com a lojinha da Câmara, Mônica costumava se dedicar à customização digital de fotos. Hoje, os desenhos estampam capas de bloquinhos, caixas, porta-CDs e ímãs de geladeira. A dona da loja também aproveitou imagens capturadas em livros raros da Biblioteca da Câmara e do Acervo Público para contar um pouco da história de Brasília nos produtos. ;Eu gosto de turismo e de trabalhar com mercado. Então, escolhi uma área que unisse o útil ao agradável e produzi utilitários que não pesam na mala do turista;, contou. Ela dividiu os produtos em linhas voltadas para a natureza, para a história, para crianças e executivos. Ali tem de tudo, e o produto mais vendido é a caneta. ;No ano passado, 160 mil turistas passaram pelo Congresso. E o tour, realizado de hora em hora, acaba aqui na frente. Investi nesta lojinha e agora vou ver se vai dar certo ou não.;
No Eixo Monumental, ainda é possível comprar as lembranças na Praça dos Três Poderes, com os ambulantes ; o centro político de Brasília não conta com uma lojinha e um centro de atendimento ao turista ; e na Catedral. Um pilar localizado no salão principal da igreja, onde deveria se apresentar o coral, abriga, desde 1992, a pequena loja de souvenires. Os produtos religiosos são o carro-chefe do pequeno ponto comercial. Mas em junho, julho e dezembro, quando os turistas movimentam o centro de Brasília, a igreja investe em miniaturas dos monumentos, em cartões-postais e em adereços em geral. ;Durante o ano, os católicos procuram mais as imagens. Mas os turistas também compram muito aqui. O único problema é que ficamos em um local escondido e às vezes passamos desapercebidos para algumas pessoas;, acredita o vendedor Rafael Daniel Ferreira, 25 anos.
Setor hoteleiro
Há um ano e cinco meses, Rosa Fasano, 48 anos, deixou o ponto comercial na Feira dos Importados. Ela buscava um local de grande movimento para vender as lembranças da cidade e os acessórios com pedras preciosas do Planalto Central. O ponto escolhido: uma pilastra no pequeno shopping em frente ao Hotel Nacional, no Setor Hoteleiro Sul. ;Aqui passa gente do Setor Comercial Sul para a Rodoviária, além dos hóspedes;, explicou. Rosa trabalha com souvenires há seis anos, mas, desde que ergueu o balcão de madeira em frente a um dos hotéis mais tradicionais de Brasília, o projeto acelerou de vez. ;Aqui vem muito político, muito artista e turistas em geral. Quando oferecemos uma pedra simples, os turistas não querem. Eles buscam as miniaturas da cidade.; Ela também acredita que o mercado ainda é limitado em Brasília e que a capital federal tem potencial para investir no turismo.
A Rodoferroviária não tem um estabelecimento voltado para souvenires. As tabacarias e lojas de produtos variados reservam apenas uma prateleira para as miniaturas e os cartões-postais ; ao contrário do Aeroporto, que conta com a Arte Capital. Em época de Copa do Mundo, a decoração está verde-amarela. Mas normalmente, os atrativos da loja são os produtos de Brasília, principalmente as camisetas. Os bonés têm desenhos variados e as opções de chaveiro são muitas ; com direito a edição especial para o cinquentenário da cidade. A fábrica Pinherim, de Blumenau (SC), manda os produtos para Brasília. ;Quinta e sexta-feira são os dias mais movimentados. Vendemos muita miniatura da Ponte JK, da Catedral, do Congresso; Os clientes são turistas do Brasil e moradores da cidade mesmo. Por dia, vendemos cerca de 150 produtos;, explicou a supervisora Marcela Rita Ferreira, 23 anos. Até mesmo a maçaneta da porta de vidro tem o formato da bandeira de Brasília. Marcas que ficam.
Fonte de renda
A venda de lembranças é intimamente ligada ao turismo. A comercialização desses produtos pode se tronar fonte de renda e atividade econômica no local. Na Itália, por exemplo, a reprodução de obras de arte, miniaturas de monumentos antigos e os cartões-postais são recursos utilizados para divulgação e propaganda das atrações turísticas. No Santuário de Aparecida (SP), ou no de Lourdes, na França, a venda de souvenirs passou a ser a principal atividade econômica do lugar.