Luiz Calcagno
postado em 10/06/2010 08:18
Dezessete dias após o naufrágio de uma lancha no Paranoá, que acabou com a morte das irmãs Liliane Queiroz Lira, 18 anos, e Juliana Queiroz, 21, peritos da Polícia Civil levaram o barco envolvido no acidente de volta para o lago para realizar testes sobre a flutuabilidade da embarcação. A lancha Front Roll naufragou com 11 pessoas na madrugada de 22 de maio, em uma área próxima ao Hotel Brasília Alvorada. Além da capacidade de flutuação e do motor, que foi consertado, a capacidade máxima de passageiros suportados pela embarcação também foi posta a prova. Com o lastro ; compartimento usado para dar estabilidade ao barco ; vazio, a lancha suportou o peso de 11 homens, mas com a metade do recipiente cheio, ela afundou novamente.Os testes foram realizados na última terça feira, ao lado do pier do 1; Batalhão de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros da Vila Planalto, onde o barco permanece estacionado. O delegado titular da 9; Delegacia de Polícia (Lago Norte), Silvério Moita, explicou que o trabalho serviu, mais uma vez, para reunir dados para subsidiar o Instituto de Criminalística (IC) na produção do laudo que explicará a razão e a dinâmica do acidente. Segundo Silvério, as informações colhidas também servirão de apoio para a simulação virtual do acidente, a ser realizada por peritos do IC ainda este mês.
;Fizemos uma simulação com a lancha com cinco passageiros, e o motorista, e também com 11 homens. Vimos como a embarcação se comporta com os lastros cheios e vazios. Os testes foram feitos com a lancha estática e também em movimento;, explicou o delegado.
O técnico em informática José da Rocha Costa Júnior, 33 anos, que pilotava o barco durante o acidente, será novamente ouvido pela polícia. Desta vez, como acusado. O depoimento só será marcado após a conclusão da perícia, prevista para o fim de junho. José foi indiciado por homicídio culposo (sem intenção de matar), e pode pegar de um a três anos de detenção.
Mais detalhes
A polícia também tenta reunir mais detalhes sobre o que aconteceu na noite de 22 de maio, momentos antes da embarcação partir da QL 15 do Lago Norte. ;Queremos saber quem estava bebendo e como foi o embarque na lancha para esclarecer algum fato que não tenha sido revelado. Acredito que vamos confirmar a primeira hipótese, da marola que inundou a traseira da embarcação, mas isso só a perícia dirá.;
José da Rocha também aguarda os resultados da perícia. O piloto da lancha conversou com o Correio, e contou que, por enquanto, prefere não procurar pela família das jovens mortas. Ele soube dos resultados do teste, mas insistiu que os lastros estavam vazios quando saiu da QL 15 com o barco lotado. José da Rocha não descarta, porém, a possibilidade de que houvesse água no porão do barco. ;Quando navegamos, a água que entra vai para a popa (parte de trás) e a bomba não joga a água pra fora. Ele pode ter afundado por causa das 11 pessoas mais a água do porão;, revelou.