Não é difícil encontrar moradores do DF que tenham sofrido ou presenciado alguma forma de violência neste ano. Nas ruas, a sensação de insegurança é comum. Mesmo assim, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), no primeiro quadrimestre de 2010, foram registrados 6,7% menos crimes que no mesmo período de 2009. Apesar do balanço positivo, aumentaram certos tipos de delitos contra o patrimônio. De janeiro a abril, houve mais roubos de veículos ; aqueles em que o dono é ameaçado ;, furtos no interior de carros e roubos dentro de ônibus. Os dados foram divulgados ontem (veja quadro).
Combater os assaltos a coletivos é um grande desafio para as forças de segurança. Neste ano, até abril, foram registradas 607 ocorrências dessa natureza, 58 (9,55%) a mais que o contabilizado no mesmo período de 2009. O secretário de Segurança, João Monteiro Neto, mostrou preocupação em relação ao assunto e disse que o policiamento ostensivo passará a atuar de forma mais efetiva na abordagem aos ônibus. ;Acreditamos que esse aumento no número de roubos em ônibus é reflexo da migração da marginalidade, que se sentiu acuada com a presença policial nas ruas. Vamos traçar um plano para abordar os coletivos, mas sempre pensando em não interferir drasticamente na vida do usuário do sistema de transporte público;, afirmou João Monteiro.
Outro grande problema para a polícia local é reduzir os roubos a veículos, que tiveram incremento de 13% nos meses analisados, quando comparados a igual período do ano passado. O diretor da Polícia Civil, Pedro Cardoso, garantiu que medidas já foram tomadas. ;Estamos atuando no sentido de controlar os acessos ao DF, prender quadrilhas especializadas e o resultado tem sido positivo, tanto que o número de veículos recuperados cresceu bastante;, ressaltou Cardoso, sem divulgar essa estatística.
Os roubos a postos de combustíveis tiveram ligeira alta, de 305 para 308 casos. O frentista Omero Cláudio da Silva, 48 anos, foi assaltado há dois meses no posto em que trabalha, na Asa Sul. Ele reclama, principalmente, da falta de policiamento à noite. Na última vez em que foi vítima dos bandidos, Omero foi agredido e, por pouco, não levou um tiro. ;Passava de uma hora (da madrugada). Três homens chegaram em um Siena e abasteceram R$ 10. Quando eu ia passar o troco, anunciaram o assalto. Um deles me deu uma coronhada e comecei a sangrar. Um vigilante viu e correu para ajudar. O bandido atirou três vezes contra nós; graças a Deus, todas mascaram. Cadê a polícia nessa hora? Não adianta colocar 2 mil policiais circulando de dia e meia dúzia à noite;, protestou.
Homicídios
Entre os crimes que tiveram queda, chamam a atenção os homicídios. A redução foi de 11%, de acordo com o balanço divulgado ontem. Na média, todos os delitos contra a pessoa ; que incluem ainda as tentativas de homicídio e as lesões corporais ; caíram 2,7%.
Os roubos a comércio também diminuíram (8,4%), mas quem trabalha no setor diz se sentir ameaçado. Uma padaria na 201 Sul, por exemplo, foi assaltada no início do ano em plena luz do dia. A dona do estabelecimento, Gasparina Aparecida de Jesus, 52 anos, lembra que um homem entrou armado, rendeu o caixa e levou cerca de R$ 400. O que mais a revoltou foi o fato de uma viatura da Polícia Militar estar parada do outro lado da rua e não conseguir evitar que o bandido cometesse o crime. ;Ele teve a audácia de roubar com uma viatura em frente à loja. O problema é que os policiais não estão preocupados em dar segurança ao comércio e, sim, multar os clientes que estacionam em fila dupla;, reclamou.
O comandante da Polícia Militar, Ricardo Martins, reconheceu que a segurança pública precisa melhorar, mas ressaltou que operações(1) pontuais estão sendo feitas. ;A Polícia Militar faz de três a cinco operações por mês. Identificamos as regiões mais problemáticas e atuamos de forma incisiva. O trabalho está sendo feito, mas não temos condições de colocar um policial na porta de cada comércio. Isso é impossível;, disse.
1 - Atuação
As polícias Civil e Militar realizaram, este ano, 29 operações em todo o DF. Dessas, 14 ocorreram nas proximidades de escolas. O objetivo desse tipo de ação é combater a venda de bebida alcoólica nos perímetros dos centros de ensino. As outras operações visaram apreender drogas e armas, além de prender criminosos. Um exemplo foi a Operação Alvorada, desencadeada no início deste mês, quando 112 foragidos da Justiça foram detidos.