postado em 12/06/2010 13:30
Um milhão de brasilienses podem ser afetados pela greve dos rodoviários marcada para começar segunda-feira próxima. A promessa é de caos para o transporte no Distrito Federal. Sem ônibus, a expectativa é de filas no metrô, congestionamento intenso devido ao maior número de veículos nas ruas e prejuízo para a população. A Justiça determinou que 60% das linhas de ônibus circulem durante a paralisação. O sindicato que representa os trabalhadores recorreu à Justiça trabalhista para baixar esse percentual para 20%, mas perdeu e garante que vai cumprir a determinação. Caso a decisão, pedida pelos patrões, seja descumprida, a entidade pode desembolsar multa diária de R$ 100 mil.Os trabalhadores decidiram cruzar os braços em assembleia realizada no último domingo. Às 14h de amanhã, os rodoviários se reúnem novamente. O sindicato da categoria alega que os empresários não tentaram um diálogo e que afirmam não ter nada a oferecer à categoria. Os patrões, por sua vez, mantêm o silêncio. ;Ninguém nos procurou para qualquer tipo de diálogo. Mas, em anos anteriores, essa aproximação já ocorreu minutos antes da assembleia. Estamos esperando por isso;, afirmou o diretor do Sindicato dos Rodoviários Lúcio Lima. Segundo ele, não ocorrerão paralisações hoje e amanhã, a exemplo do que aconteceu na última quinta-feira. ;Já na segunda, haverá greve, mas vamos manter a frota mínima que for determinada pela Justiça;, garantiu Lima.
A Secretaria de Transportes informou que ficará de olho na pirataria. Segundo a assessoria da pasta, cerca de 80 fiscais do Transporte Urbano do Distrito Federal (DFtrans) estarão nas ruas para coibir o transporte ilegal de passageiros. Para minimizar os impactos da paralisação, a Companhia do Metropolitano (Metrô-DF) vai operar com a capacidade máxima. Os 19 trens farão viagens ao longo do dia. Além disso, será reforçado o número de vigilantes e operadores de manutenção das estações. A companhia também pediu ajuda à Polícia Militar para garantir a segurança dos passageiros. Cerca de 160 mil pessoas usam o sistema diariamente, número que deve aumentar na segunda.
Preocupação
A greve anunciada pelos rodoviários causa preocupação a quem depende do transporte público. A secretária-executiva Ana Paula Silva, 27 anos, que mora no Gama Leste e trabalha na Universidade Brasília (UnB), na Asa Norte, combinou com três amigos de irem para o trabalho no carro dela na segunda-feira. Cada um contribuirá com R$ 10, valor pago por eles nas quatro passagens de ônibus diárias. ;Estamos com muito serviço acumulado por conta da greve que teve na universidade, não podemos deixar de ir trabalhar;, disse. Quem não tem a mesma opção, como o montador de móveis Esdras Mariano, 30 anos, morador de Santa Maria, preferiu deixar o chefe avisado. ;Falei que se não tiver ônibus eu não vou;.
De acordo com o chefe da Fiscalização do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), Silvain Fonseca, normalmente 700 mil automóveis circulam nas vias de Brasília. ;Esse número deverá aumentar em 20% com a greve;, acredita. Agentes do órgão estarão nas ruas para evitar conflitos nos pontos de maior congestionamento. Desde junho de 2008, os rodoviários não realizam uma greve geral no DF. À época , uma decisão judicial também previa que 60% das linhas circulasse, o que , segundo os empresários, não foi cumprido pelos empregados. Neste ano, os rodoviários solicitaram à Justiça que os empresários repassem ao sindicato um documento com os números referentes a horários de ônibus, escala de trabalho, veículos, linhas e frota.