Guilherme Goulart
postado em 13/06/2010 08:34
Apesar da falta de dados de investigações realizadas contra o jogo do bicho por parte da Polícia Civil do Distrito Federal, uma das ações mais recentes realizadas pela Polícia Militar ofereceu uma noção da força do negócio na capital do país. Em 31 de maio, uma segunda-feira, equipe da Rondas Ostensivas Tático Motorizadas (Rotam) estourou o esquema de arrecadação e contabilidade da atividade irregular em Vicente Pires. A central da jogatina funcionava nos fundos de uma chácara. Informações levantadas pelos PMs deram conta de que os responsáveis pelo local comandavam 200 bancas de apostas no DF.A operação, rara no histórico da segurança pública candanga, encontrou uma lista de bancas espalhadas por Taguatinga, Ceilândia, Riacho Fundo, Plano Piloto e Valparaíso (GO). Também havia na casa 22 homens. A maioria tinha idade média de 50 anos e nasceu ou morou no Rio de Janeiro. Acabaram presos em flagrante. Com eles, os policiais militares recolheram calculadoras, carimbos, manuscritos e cerca R$ 72 mil em espécie. O valor seria referente ao lucro da quadrilha por conta dos jogos feitos no fim de semana.
Os policiais da Rotam identificaram ainda que a chácara funcionava como centro de recebimento e contagem de dinheiro ; os sorteios, feitos com base nos números da Loteria Federal, seriam realizados no Rio de Janeiro e depois divulgados para o restante do país. Um motoboy cuidava do encaminhamento dos bilhetes e das quantias arrecadadas nas ruas. Seguranças particulares faziam a vigilância do lado de fora da casa. Dentro, gerentes e contadores cuidavam da contabilidade e do pagamento das premiações.
Sem resposta
A continuidade da investigação ficou a cargo da 38; Delegacia de Polícia, em Vicente Pires. Para o delegado-adjunto Thamy Queiroz, a tendência é de que os acusados abram outra central do jogo do bicho no DF. ;Certamente, não vão querer ficar sem o lucro. Tudo indica que esse grupo tenha ligação com bicheiros do Rio de Janeiro;, afirmou. Os 22 homens flagrados pela Polícia Militar responderão a processo em liberdade, pois o negócio não é considerado crime. Trata-se, perante a lei, de uma contravenção penal.
O Correio pediu na última terça-feira uma pesquisa sobre a repressão ao jogo do bicho na capital do país à Divisão de Comunicação Social da corporação. Também solicitou, desta vez na quinta-feira, entrevista com uma autoridade policial. Nenhum dos pedidos foi atendido até o fim da semana. A cúpula da Polícia Civil informou, por meio da assessoria de imprensa, que só vai se pronunciar sobre o assunto após concluído o estudo no sistema. Não há previsão para o fim do levantamento dos dados.
; O que diz a lei
O artigo 58 do Decreto-Lei n; 6.259/44 determina prisão de seis meses a um ano e multa a quem ;realizar o denominado ;jogo do bicho;, em que um dos participantes entrega certa quantia com a indicação de combinações de algarismos ou nome de animais, a que correspondem números, ao outro participante, considerado o vendedor ou banqueiro, que se obriga mediante qualquer sorteio ao pagamento de prêmios em dinheiro;. A conduta é considerada de menor potencial ofensivo.
