Cidades

Estatísticas sobre as taxas de mortalidade materna são pouco confiáveis

Adriana Bernardes
postado em 14/06/2010 07:00
O Brasil enfrenta dois grandes problemas para reduzir as taxas de mortalidade materna. Segundo especialistas, as informações sobre o número de mulheres que perdem a vida durante a gestação ou em até 42 semanas após o parto são pouco confiáveis. Assim como em algumas regiões, as causas que levaram à morte ainda são pouco investigadas, o que, consequentemente, dificulta o desenvolvimento de políticas que reduzam as ocorrências.

A vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação da Fundação Oswaldo Cruz, Maria do Carmo Leal, cita o Norte, o Nordeste e o Mato Grosso como regiões onde as estatísticas ainda são deficitárias. ;No Brasil, usamos um estimador de erro de 40%, que está desatualizado e foi feito para ser aplicado somente sobre os dados das capitais. É preciso um estudo urgente sobre o tamanho da mortalidade materna no país;, defende.

Ela afirma que dificilmente o Brasil conseguirá atingir a meta de 35 óbitos por 100 mil nascidos vivos. ;Em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro, que conhecemos bem os casos, a mortalidade tem relutado em cair;, ressalta. Na avaliação dela, isso ocorre porque o pré-natal está identificando menos do que deveria as mulheres de risco para complicação ou gravidez terminada em morte. A médica defende que, além de melhorar a qualidade do pré-natal, os médicos precisam acompanhar as pacientes até o momento do parto.

Apesar da descrença de especialistas no sucesso em reduzir a mortalidade materna, o assessor especial do Ministério da Saúde Adson França acredita na possibilidade de o Brasil alcançar a meta. De 1990 a 2007, a Razão da Mortalidade Materna (RMM) foi reduzida de 140 para 75 óbitos por 100 mil nascidos vivos ; o que representa quase 50% a menos. Para cumprir uma das submetas do quinto Objetivo do Milênio ; Melhorar a Maternidade Materna ; o Brasil deverá apresentar resultados iguais ou inferiores a 35 óbitos por 100 mil nascidos vivos até 2015, o que corresponde a uma redução de três quartos em relação ao valor estimado em 1990.

França destaca que, tão importante quanto cumprir a meta é reconhecer a melhoria na qualidade do atendimento à mulher. ;O número de consultas de pré-natal, por exemplo, atingiu 19,4 milhões em 2009 ; aumento de 126,2% em relação a 2003, quando foram registradas 8,6 milhões;, diz. Em 1990, a média da quantidade de consultas pré-natal em mulheres durante a gravidez era de 2,2, enquanto que, em 2006, chegou a 7,4. (AB)


Para saber mais
ONU criou oito metas

Os objetivos de Desenvolvimento do Milênio são oito metas assumidas por 191 países-membros das Nações Unidas. A intenção é melhorar os indicadores sociais, ambientais e econômicos. Quando o Brasil passou a integrar a Rede de Intercâmbio e Difusão de Experiências Exitosas para Alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (IDEEA-ODM), assumiu o compromisso de reduzir a mortalidade materna em 75% da taxa de 1990 ; 124 mortes por 100 mil nascidos vivos. Como havia subnotificação dos casos, acordou-se que, sobre os dados apurados, seria aplicado um percentual de 40% de correção.

São oito as metas do milênio: acabar com a fome e a miséria; garantir o ensino fundamental de qualidade para todos; promover a igualdade entre os sexos e a valorização da mulher; reduzir a mortalidade infantil; melhorar a saúde materna; combater a Aids, a malária e outras doenças; promover a qualidade de vida e o respeito ao meio ambiente; ter todo o mundo trabalhando pelo desenvolvimento.

A evolução


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