Jornal Correio Braziliense

Cidades

Rodoviários temem demissão e parte ainda não decidiu se circula com catraca liberada

>> Débora Álvares
>> Leilane Menezes
>> Noelle de Oliveira
>> Saulo Araújo


A promessa de que os ônibus circulem com catracas livres nesta segunda-feira (14/6) pode estar comprometida. Os rodoviários estão divididos quanto a seguir ou não a decisão, tomada ontem em assembleia. Eles temem ser demitidos caso permitam que os passageiros embarquem sem pagar passagens, já que isso configuraria carona e poderia lhes render uma demissão por justa causa.

[SAIBAMAIS]Essa era a realidade no terminal rodoviário de Samambaia Norte, desde cedo. Por volta de 6h, apenas três ônibus haviam deixado o local. No entanto, esses veículos estão cobrando passagens normalmente. O restante dos motoristas e cobradores de veículos que partem do local ainda não haviam decidido o que fazer neste mesmo horário. Mais tarde, porém, representantes do sindicato chegaram ao local e pressionaram os funcionários a deixar a garagem. Além de temerem o desemprego caso sigam a decisão acordada entre a categoria e o Sindicato dos Rodoviários, os funcionários de empresas de ônibus estão apreensivos quanto à possibilidade de terem os ônibus apedrejados se não saírem dos terminais, ou circularem de forma normal, cobrando as passagens.

No P Norte, a situação também é de incerteza. Logo no início da manhã, por volta de 5h30, a maioria dos rodoviários seguia a decisão da assembleia e permitia que os passageiros embarcassem pela parte de trás dos veículos. No entanto, por volta de 6h, alguns dos funcionários cobravam passagens dos usuários do transporte. Além disso, alguns ônibus sequer chegaram ao terminal, o que provoca filas e espera.

O mesmo ocorre em Sobradinho, onde parte dos motoristas e cobradores também não resolveu se vai circular conforme decisão tomada na assembleia de ontem. No entanto, como há representantes do sindicato da categoria na rodoviária da cidade, a maioria dos rodoviários permite que os passageiros que embarcam no local entrem sem pagar passagens, mas garantem que, nas paradas de ônibus, irão cobrar as tarifas.

Em Planaltina, a maioria dos rodoviários opta por circular normalmente. Como a maioria dos passageiros desconhece a decisão de circular com catraca livre, não há confusão no terminal da cidade. Nas paradas de ônibus, entre Planaltina e Sobradinho, todos os usuários do transporte pagam passagens.

A empresa Valmir Amaral entrega a seus funcionários um termo para que eles assinem e confirmem estar cientes que o transporte de passageiros deve ocorrer de maneira usual, ou seja, com a cobrança de passagens. No entanto, a maioria dos motoristas e cobradores da empresa em Sobradinho não assinaram o documento. A Viplan também tenta intimidar os motoristas obrigando-os a assinar um termo em que se comprometem a cobrar as passagens. A empresa também aumentou em 50% o efetivo de fiscais no terminal de Samambaia Sul. Por isso, muitos funcionários desobedecem a determinação do sindicato.

Também no Paranoá, uma reação dos empresários provocou transtornos. Os ônibus que partem do terminal da cidade só deixaram o local por volta de 9h. Isso porque a empresa Viva Brasília tentou obrigar os funcionários a assinar um termo semelhante ao entregue aos funcionários da Valmir Amaral. No entanto, os motoristas e cobradores que operam no Paranoá se recursaram assinar o termo. Somente após a chegada de um oficial de justiça, que explicou que essa assinatura não é obrigatória, os veículos começaram a circular.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Rodoviários, João Osório, a medida tomada pela empresa acima é a mesma tentada por outros empresários. Para ele, é mais um artifício que eles usam para impedir a manifestação da categoria. Segundo o representante, os rodoviários estão em campanha salarial e o processo envolve causar um prejuízo às empresas de ônibus como forma de pressioná-las a atender às reivindicações da categoria. Osório destaca ainda que a demissão é um risco que a categoria corre em qualquer tipo de manifestação feita.

O Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo do Distrito Federal destaca que os motoristas podem circular com a catraca liberada. No entanto, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinou que os funcionários podem ser responsabilizados por isso, inclusive judicialmente. De acordo com o sindicato dos patrões, ainda não se fala em demissão, mas em responsabilização.

Há oficiais de Justiça em algumas garagens para fiscalizar a determinação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da última quinta-feira (10/6), que obriga 60% da frota nas ruas.

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