Segundo a subsecretária de Promoção e Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente da Secretaria de Direitos Humanos, Carmem Oliveira, grande parte das meninas que entram em gangues o faz para poder se apoderar de atributos masculinos, ;como circular pela cidade de foma mais livre, além do desejo de superar alguns atributos femininos como não ser boazinha - ela tem que ser ;marrenta;, não chorar, tem que mostrar que é forte, não pode ser fofoqueira;, afirmou.
Ela disse que as meninas são mais vulneráveis à violência do que os meninos porque elas ocultam das famílias as atividades dentro das gangues. ;Elas [as meninas] mentem, dizem que vão para a casa da avó quando vão fazer uma pichação de madrugada. Por isso elas estão mais vulneráveis, porque ninguém sabe onde elas estão;, explicou.
A subsecretária informou que está crescendo o número de meninas atendidas pelo programa de Proteção a Jovens e Adolescentes. Passou de 4% em 2003 para 24% em 2010.
A pesquisadora da Ritla Miriam Abramavay disse, com base no estudo, que grande parte das meninas que integram gangues está na faixa etária de 13 a 22 anos e vem de famílias de classe média baixa. Muitas estudam, algumas trabalham. Para a pesquisadora, o papel das meninas nas gangues é o mesmo dos meninos. Elas picham, roubam, brigam. ;A diferença é que os meninos têm mais poder do que as meninas. Os meninos têm uma liderança geral e tem a ;liderança F [feminina];. É uma liderança entre as meninas, mas a liderança geral é masculina;, explicou.
O coordenador geral da Cufa no Distrito Federal, Max Maciel, disse que a organização vê com preocupação a maior participação de meninas nas gangues. ;Está avançando porque faltam espaços para que essas meninas possam se sentir reconhecidas e a atração pela gangue é para ter status, posição e também para se sentirem pertencentes a algum contexto, no caso, a gangue;, comentou.
Segundo Maciel, a pesquisa identificou que há uma falta de espaços para que tanto meninas quanto meninos tenham visibilidade. ;Eles querem ser reconhecidos como artistas, como atletas nas suas escolas, na sua comunidade;.