Ana Maria Campos
postado em 18/06/2010 07:00
O Banco de Brasília (BRB) virou reduto petebista. Apesar do perfil técnico dos novos diretores, escolhidos pelo governador Rogério Rosso (PMDB) em entendimento com o secretário de Fazenda, André Clemente, parte da equipe está no comando da instituição pública por indicação do senador Gim Argello, presidente regional do PTB. A começar pelo próprio Clemente, servidor de carreira e comandante das finanças do Distrito Federal, que é filiado à legenda de Gim. Ao escolher o time do BRB, Rosso aceitou as sugestões do senador petebista, desde que os nomes tivessem um currículo compatível com a função que exerceriam.
Para a diretoria financeira, a indicação ficou a cargo de André Clemente. O fiscal tributário Nilban de Melo Júnior, colega do secretário, acumula a função com a presidência do BRB, banco em que trabalhou durante 20 anos antes de passar no concurso na administração direta do GDF. Gim Argello tem ainda um aliado na Direção de Controle do banco, responsável pela gestão de riscos relacionados a condições para liberação de financiamentos e empréstimos. Assumiu a função o analista da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Christian Schneider, que começou na política nas eleições de 2006, como uma das apostas de Gim Argello para a Câmara dos Deputados.
A escolha de Paulo Renato Braga para presidente da BRB Cartões, subsidiária do banco, também é atribuída a Gim Argello. Braga é outro indicado por André Clemente. A confiança de Gim no secretário é grande. Na gestão de Wilson Lima (PR) como governador, o senador petebista foi intermediário de uma reunião do secretário de Fazenda com o então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, para uma exposição sobre as finanças do DF, como forma de espantar a ameaça da intervenção federal que será julgada pelos ministros por conta de um pedido protocolado em fevereiro pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Clemente foi ao STF acompanhado de Gim e dos deputados distritais Cristiano Araújo e Dr. Charles, ambos do PTB.
Terracap
O senador nega tanta influência nas finanças do GDF, mas admite que fez indicações. ;Eu apoio mesmo este governo. Defendo a governabilidade e o sucesso da administração. Para isso, farei tudo o que estiver ao meu alcance;, disse Gim Argello. O petebista exerce ainda ingerência na Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap). O atual presidente, Dalmo Alexandre Costa, é servidor da empresa há 32 anos, mas assumiu o cargo com o aval do petebista, que sempre teve interesse no setor imobiliário pela formação como corretor de imóveis.
Além do presidente, Gim tem na empresa um afilhado: Marcus Vinícius Souza Viana, diretor de Prospeção e Formatação de Novos Empreendimentos. O cargo foi criado ainda no governo de José Roberto Arruda (sem partido) apenas para abrigar o apadrinhado do presidente do PTB.
Provável candidato a um cargo majoritário na disputa de outubro, Gim Argello foi um dos construtores da vitória de Rogério Rosso nas eleições indiretas da Câmara Legislativa, em 17 de abril. O PTB tinha candidato, o procurador Luiz Filipe Coelho, mas os distritais petebistas trabalharam pela vitória de Rosso. O grupo da Câmara Legislativa que apoiou Rosso ficou confinado em um hotel de Goiânia cujas despesas foram pagas por Gim. Além disso, a família de Cristiano emprestou um avião para transportar os distritais de Brasília à capital goiana.
"Eu apoio mesmo este governo. Para isso, farei tudo o que estiver ao meu alcance;
Gim Argello, senador pelo PTB
Gim Argello, senador pelo PTB