postado em 19/06/2010 07:00
Liderada por Tadeu Filippelli, a executiva do PMDB no Distrito Federal resolveu antecipar o desfecho da briga travada com Rogério Rosso e rejeitou o registro de candidatura do governador à reeleição. No início da noite de ontem, 12 dirigentes da legenda se reuniram extraordinariamente e, por maioria, resolveram que Rosso descumpriu o estatuto do partido ao se lançar ao GDF. Por seis votos a três ; além de três abstenções ;, o comando regional do PMDB resolveu impugnar a chapa do governador e de sua vice, Ivelise Longhi. A briga interna pela legenda agora vai parar na Justiça. Rogério Rosso deve entrar com uma ação questionando a atitude da direção regional de sua legenda.
Rosso quer permanecer no governo. E Filippelli deseja ser o vice de Agnelo Queiroz na chapa do PT ao Palácio do Buriti. Eles trabalharam juntos durante a eleição indireta, que ergueu o PMDB ao governo tampão. Mas agora não se entendem. Os dois passaram o dia de ontem contando os votos que teriam no encontro de hoje. E, até o encontro de ontem da executiva regional, o veredicto sobre a crise no PMDB estava previsto para emergir das urnas. Sem entendimento entre os pivôs da disputa interna, o impasse seria resolvido no voto, durante convenção marcada para as 11h de hoje.
O quorum era dado como decisivo para apontar um vitorioso. Mas o número de votantes também tornou-se um assunto espinhoso. Se o número de participantes levasse em consideração os delegados de zonais, o governador Rogério Rosso perderia de lavada. Se esses dirigentes fossem excluídos, como defende o grupo ligado a Rosso, então a margem de vantagem para o presidente da sigla, Tadeu Filippelli, seria apertada, com a possibilidade, inclusive, de virada.
Para evitar surpresas, Tadeu Filippelli agiu com a intenção de resolver o assunto em um universo mais restrito, o da executiva regional, onde tem maioria segura. Ele próprio não precisou votar. Pessoas de sua estrita confiança, no entanto, o representaram na decisão. Entre elas, Rose Rainha, André Fortes e Márcio Antônio da Silva. Os três são assessores do presidente do partido e, dificilmente, votaram contra a vontade de Filippelli. Também se posicionaram a favor da impugnação o distrital Rôney Nemer e Luiz Pietschmann. Momentos antes da votação, Pietschmann chegou a ser enviado por Filippelli para conversar com Rogério Rosso, mas sequer foi recebido, o que irritou o presidente do PMDB.
Ficaram contra o veto da chapa Rosso-Ivelise Fábio Simão, Divino Alves e Daniel Marques. Odilon Aires e Josafá Dantas se abstiveram, assim como Filippelli, que, diante da maioria, não precisou se expor. A tese dele é de que Rosso descumpriu um acerto do partido, que em abril, durante as negociações para a eleição indireta, se comprometeu com outras oito legendas a não se candidatar à reeleição e conduzir o GDF somente até dezembro.
Farpas
;Acordos são feitos para serem cumpridos. Não é admissível que um projeto pessoal de poder venha comprometer todo o esforço que estamos fazendo para resgatar a normalidade política e a confiança das pessoas que vivem em Brasília;, disparou Filippelli. A reação de Rosso foi enérgica: ;essa decisão (de veto à candidatura) traz agora a certeza de que a condução do presidente regional do PMDB tem um viés pessoal, e não coletivo. Minha decisão é defender o povo de Brasília, e não interesses particulares. A Carta de Brasília apontava para uma direção que parecia, à época, os interesses da população. Hoje, percebo que a intenção é exatamente o contrário, principalmente por parte de algumas siglas;, acusou Rosso. Ele considera ;perfeitamente normal uma mudança de opinião quando interesses particulares se sobrepõem aos coletivos;. ;Vou lutar até o fim pelos interesses da cidade e não permitirei, em nenhuma hipótese, atitudes arbitrárias e antidemocráticas;, sustentou o governador.
Com a rejeição da candidatura de Rosso, a convenção de hoje no PMDB vai se limitar a julgar a aliança com o PT. A tendência é que a composição seja referendada pelos convencionais, mas a impugnação da chapa do governador promete esquentar a temperatura do encontro. Devem votar os 71 integrantes da regional e os 51 delegados de zonais, como quer Filippelli. A exemplo do que se viu na reunião extraordinária da executiva regional, Rogério Rosso pode ter a poderosa máquina do governo, mas o PMDB-DF está mesmo nas mãos de Filippelli. Em setembro do ano passado, o presidente da legenda já havia dado um sinal de força ao conseguir articular, com o apoio do então governador José Roberto Arruda (ex-DEM), a saída do ex-governador Joaquim Roriz do PMDB, após mais de uma década. Roriz acabou indo para o nanico PSC e Filippelli tomou conta de vez da direção regional do partido.
"Acordos são feitos para serem cumpridos. Não é admissível que um projeto pessoal de poder venha comprometer todo o esforço que estamos fazendo para resgatar a normalidade política e a confiança das pessoas que vivem em Brasília;
Tadeu Filippelli, presidente do PMDB no DF
Tadeu Filippelli, presidente do PMDB no DF
"Essa decisão traz agora a certeza de que a condução do presidente regional do PMDB tem um viés pessoal, e não coletivo. Vou lutar até o fim pelos interesses da cidade e não permitirei, em nenhuma hipótese, atitudes arbitrárias e antidemocráticas;
Rogério Rosso, governador do DF
Rogério Rosso, governador do DF
Para saber mais
Composições
A convenção de um partido é o momento em que os dirigentes credenciados por meio do voto da militância tomam suas principais decisões. Nesse período que antecede as eleições, o tema desses encontros é a composição entre legendas. A Justiça Eleitoral estabelece em seu calendário que essas definições devem ser tomadas até o fim de junho, poucos dias antes do registro oficial de candidaturas (5 de julho). Até lá, já serão conhecidas as coligações que vão às urnas em 3 outubro.