Cidades

Rapaz é espancado na 114 Sul

Motorista bate em administrador que ouvia um rap em alto volume na fila de uma lanchonete. Ele não pediu para baixar o som. Por causa da greve da Polícia Civil, a ocorrência não pode ser registrada. Família procura reunir provas para identificar o culpado

Flávia Maia
postado em 21/06/2010 08:04
Por volta das três horas da madrugada de domingo (20/6), o administrador de empresas Ataliba José da Cunha, de 27 anos, foi espancado no Drive-Thru da lanchonete Mc Donald;s na 314 Sul. O rapaz, que é morador da 216 Sul estava usando o computador em casa e resolveu ir à lanchonete. Quando chegou, escutava um rap em alto volume, o que supostamene teria incomodado o motorista de um Honda Civic preto que estava à sua frente.

Possivelmente irritado com a altura do som, o dono do Honda deu marcha a ré e manobrou na área do Drive-Thru até chegar ao carro do administrador, desceu do carro e o agrediu. Segundo a família de Ataliba, o motorista não pediu para que o som fosse reduzido e já começou a bater.

Os carros estavam na área do drive-thru no momento do incidente. Câmeras de segurança não registraramCom o término da agressão, o motorista saiu e fugiu. Ataliba ligou para a família, que foi em seu socorro. ;Eu estou sem entender o motivo de uma agressão como essa. Meu filho é pacato, gosta de ir à evangelização. A nossa família prega a paz, tanto que nem quero cultivar ódio contra esse homem que bateu em meu filho;, contou o pai da vítima, que é médico.

Do McDonald;s, a família acompanhada por policiais militares levou a vítima para o Instituto Médico Legal no intuito registrarocorrência contra o agressor. Porém, com a greve da Polícia Civil do Distrito Federal, o órgão não estava funcionando. Portanto, nenhuma queixa do caso está registrada.

Dessa forma, a própria família está realizando as investigações, indo ao local do crime e tentando juntar provas. A mãe do rapaz fotografou-o para que as imagens da agressão ao filho sejam utilizadas em um futuro processo contra o agressor, que ainda não foi identificado. A vítima precisou de cinco pontos no queixo, está com o rosto deformado, inchado e bastante machucado. Para aguentar a dor, os médicos do Hospital de Base receitaram tranquilizantes ao administrador.

A lanchonete McDonald;s da 114 Sul não tem seguranças e apenas uma câmera monitora o percurso do drive-thru, localizada próximo aos caixas, distante do pátio onde aconteceu a agressão. Dessa forma, a gerência diz não ter imagens para localizar o agressor por meio da placa do carro. No prédio ao lado, a câmera 14 do circuito mostra, às 3h08 da manhã, um Honda trafegando em marcha a ré. Porém, a imagem não está nítida e só com perícia minuciosa o carro e a placa poderão ser identificados. O vigilante, identificado apenas como Márcio, disse que nada viu.

Os funcionários do McDonald;s afirmam que também não viram nada. O gerente Oziel Barbosa não estava naquele horário, mas relatou que o gerente do outro turno viu o tumulto. ;A gente não sabe de nada, aqui é um bairro familiar, tranquilo, tanto que nem precisamos ter segurança.; Em nota, o grupo McDonald;s lamentou o incidente ocorrido e frisou que o ;fato não teve qualquer relação com o restaurante e os funcionários;.

Memória
O som da violência

Na madrugada de 15 de abril deste ano, o tenente da Aeronáutica Anísio Oliveira Lemos, 46 anos, foi espancado por cinco rapazes depois de pedir a eles que baixassem o volume do som que ouviam em um posto de combustível na 214 Sul. Os agressores perseguiram o tenente, derrubaram-no no meio do Eixinho L Sul, continuaram com as agressões em frente ao Bloco K e seguiram com a pancadaria no prédio da vítima.

Três dos acusados foram indiciados por tentativa de homicídio qualificado e perturbação do sossego alheio. Outros dois, por falso testemunho. A polícia ainda procura o sexto agressor, já que um dos suspeitos não foi reconhecido pela vítima nas imagens do circuito do prédio onde mora, na 216 Sul.

Em 14 de junho, a polícia enviou ao Ministério Público o inquérito que investiga esse caso. Os agressores podem cumprir pena de até 30 anos de prisão.

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