Cidades

Roriz cobra apoio de partidos

Ex-governador se reúne com representantes de nove legendas e consegue o compromisso de coligação com seis siglas, todas nanicas. Mas as que ele realmente corteja, DEM e PSDB, ainda estão reticentes

postado em 22/06/2010 07:00

Joaquim Roriz (E) recebeu ontem em sua casa lideranças partidárias: potencial do ex-governador nas urnas é o principal argumento de negociaçãoA imagem em que Joaquim Roriz (PSC) aparece cercado por lideranças de nove partidos é representativa. O fato ocorreu ontem, na sala de estar da casa do ex-governador no Park Way, e dele participaram lideranças do PSDB, do DEM e do PR, entre outras (veja quadro). O que a foto não revela é a dificuldade de Roriz em sacramentar o apoio de democratas e tucanos. Eles demonstram boa vontade com o projeto de candidatura do ex-governador, mas não confirmam a aliança. Por enquanto, seis nanicos, além do PR, validaram a composição. PSDB e DEM ainda estão reticentes e dependem de autorização das executivas regionais.

Roriz não gostou nada do rumo da conversa. Considera que passou da hora de o PSDB se posicionar. Desde fevereiro, ele tem conversado com a legenda. Da parte de Maria de Lourdes Abadia, lançada ao Senado pela sigla, não há resistência. Nos bastidores, ela condiciona sua disputa ao Congresso à coligação com Roriz. Mas o assunto não está pacificado na direção do partido. Caciques consideram temerária a vinculação do presidenciável José Serra ao nome de Roriz no Distrito Federal.

À direita, Jaqueline Roriz, do PMN, e Izalci Lucas, do PR: apoio garantidoO desconforto tucano, no entanto, tem sido equilibrado com o potencial de Roriz nas urnas, seu principal argumento de negociação. O que desacelerou as negociações foi a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na semana passada, segundo a qual políticos que renunciaram a mandato para escapar de processo de cassação não podem concorrer em outubro pelas regras da ficha limpa. Um eventual impedimento ocorreria a partir da impugnação da candidatura de Roriz, já anunciada por antecipação pela Procuradoria-Regional Eleitoral.

A defesa de Roriz sustenta que, nesse caso, a Justiça Eleitoral teria de se posicionar sobre o caso concreto. Para os advogados de Roriz, a situação do ex-governador não se enquadra na Lei da Ficha Limpa, porque ele não tem condenação transitada em julgado. Além do mais, Roriz avisa que recorreria ao Supremo Tribunal Federal (STF). Mesmo diante da disposição em lutar por sua candidatura, a postura do TSE reavivou a insegurança no comando do PSDB.

Numa sala cheia de convidados, Roriz usou um tom acima ao cobrar dos partidos definição sobre a parceria para outubro. Disse ao presidente do PSDB no DF, Márcio Machado, que informasse ao partido que ele aguardará até amanhã o posicionamento da legenda. Roriz pressiona para evitar que a convenção do PSC, no próximo domingo, ocorra sem uma certeza sobre seu arco de apoiadores.

O PSDB, por sua vez, acionou a assessoria jurídica do partido com o objetivo de saber como deverá tratar a aproximação com Roriz. Não quer passar o constrangimento de se envolver numa candidatura fadada à impugnação, mas também não vai fechar as portas a um concorrente com o peso de Roriz. ;Nós vamos apoia-lo, isso é praticamente certo. Só temos de nos resguardar e estamos consultando técnicos para ter certeza de que não haverá impedimentos jurídicos;, indicou uma liderança tucana com cargo na executiva nacional do partido.

Candidatura própria
Na tarde de ontem, Maria de Lourdes Abadia viajou para São Paulo, onde participou de um encontro de candidatos do PSDB ao governo e ao Senado. Foi uma oportunidade para a ex-governadora se colocar, diante da direção nacional, a favor da coligação com Roriz. Mas também uma chance de ser convencida ela própria a disputar o GDF. Entre boa parte dos tucanos, essa é considerada a melhor solução para a capital da República. Segundo integrantes do PSDB, Abadia é um nome fácil de ser trabalhado, não foi envolvido nos escândalos de corrupção e teve um bom desempenho em 2006, quando conseguiu 315.671 votos, atingindo o segundo lugar na disputa contra José Roberto Arruda. Mas Abadia tem repetido que não concorrerá ao Buriti.

A oposição de Abadia à ideia de se lançar ao governo obrigou o PSDB a pensar em alternativas, caso o partido resolva montar chapa própria. Nesse contexto, ressurge o nome do ex-ministro do STF Maurício Corrêa. O PSDB não descarta conversar em separado com o DEM para checar a possibilidade de uma união independentemente de Roriz. Da mesma forma que o PSDB, o DEM, representado no encontro de ontem pelo presidente do partido no DF, senador Adelmir Santana, não bateu o martelo quanto à junção com Roriz. Precisa do respaldo da direção nacional do partido.

Dos oito partidos que enviaram representantes à casa de Roriz, sete adiantaram que estarão de mãos dadas com o ex-governador. Eles reúnem as mais variadas matizes ideológicas. Em 2006, o PMN de Jaqueline Roriz, por exemplo, esteve na coligação que elegeu Arruda ao governo, da mesma forma como o PSC de Roriz. Há quatro anos, o PSDC lançou candidatura própria e o PRTB, que na manhã de ontem, se sentou para negociar com Roriz esteve ao lado da petista Arlete Sampaio e Gastão Vieira, na coligação que agregou os partidos mais à esquerda.

O número
27 de junho
Data da convenção do PSC, partido de Roriz





Racha no PMDB acabou, diz Rosso
O governador Rogério Rosso deve silenciar diante da derrota sofrida no PMDB no último fim de semana. O chefe do Executivo não pretende, por enquanto, questionar o resultado da convenção do sábado, que deu vitória ao grupo de Tadeu Filippelli a favor de uma aliança com o PT para as eleições de outubro. Quer, com a atitude, evitar desdobramentos mais traumáticos, como a abertura de processo no Conselho de Ética do PMDB.

Rosso não está disposto a aumentar a temperatura da disputa que, para ele, chegou às últimas consequências, com um recurso conquistado na Justiça assegurando a participação de sua chapa na votação de convencionais. Ele havia sido impedido por uma decisão da executiva regional.

Para sinalizar que deu por encerrado o racha, o governador assegurou que não fará ;perseguições políticas; enquanto estiver no comando do GDF. ;Substituições ocorrem o tempo todo, o que é natural, mas garanto que elas não serão feitas como reação do que ocorreu no último sábado;, disse Rosso.

Como governador em exercício, pela legislação eleitoral, Rosso só poderia concorrer em outubro sem deixar o posto se fosse para o mesmo cargo que ocupa atualmente. Como o prazo de desincompatibilização foi encerrado, o político ficou sem opção.

No último sábado, ele perdeu a queda de braço com Filippelli, ao ser derrotado na convenção regional do PMDB. Obteve 22 votos de apoio à sua tese de reeleição contra 97 dirigentes a favor da chapa com o PT. (LT)


Alianças passadas
Representantes de nove partidos foram chamados à casa de Joaquim Roriz na manhã de ontem para formalizar coligação para apoiar a eventual candidatura do ex-governador. Veja em que situação estavam essas legendas nas eleições passadas:

PSDB
Lançou a chapa com Maria de Lourdes Abadia e Maurício Corrêa ao governo em 2006. A coligação Juntos por Brasília reuniu oito partidos, inclusive o PMDB, que atualmente está aliado ao PT. Chegou em segundo lugar na corrida pelo Buriti.

DEM
Foi o partido vitorioso nas eleições passadas. Conseguiu emplacar a chapa puro sangue formada por José Roberto Arruda e Paulo Octávio. Intitulada Amor por Brasília, a chapa também tinha oito partidos em sua órbita.

PSC
É o partido de Joaquim Roriz. Nas eleições de 2006, a legenda saiu na coligação Amor por Brasília, de José Roberto Arruda. Em 2009, ao tentar garantir legenda antecipadamente, Roriz acabou obrigado a deixar o PMDB e optou pelo nanico PSC.

PMN
Filha de Joaquim Roriz, Jaqueline Roriz é a principal estrela dessa legenda nanica, que nas últimas eleições fazia parte da composição que ajudou a eleger Arruda ao governo.

PR
Nas eleições de 2006, o partido ainda não existia. Foi criado em 2007 como resultado da junção entre o PL e o Prona, partidos que apoiavam a chapa do DEM de Arruda e Paulo Octávio à época.

PSDC
Lançou candidata própria ao Buriti em 2006, Maria de Fátima Passos, que ficou na rabeira da disputa, com 4.115 votos.

PRTB
Há quatro anos, estava do lado da petista Arlete Sampaio e de Gastão Ramos, na coligação União por Brasília, que reunia os partidos da esquerda.

PTdoB
Integrou a coligação Juntos por Brasília, que em 2006 reuniu oito partidos em torno da candidatura de Maria de Lourdes Abadia.

PTS
É um partido em formação. Foi registrado recentemente no Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF).

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação