Domingo, dia 20 de junho. A família da estudante de odontologia Marcella Brandão Dutra, 22 anos, decidiu assistir ao segundo jogo da Seleção Brasileira na Copa do Mundo da África do Sul num bar. Os pais da jovem não queriam ir, mas foram convencidos pelos três filhos de que seria tranquilo e divertido. O local escolhido foi o Armazém do Mineiro, na 210 Norte. Numa partida emocionante, o Brasil vence a Costa do Marfim por 3 x 1.
O que era para ser um momento de alegria se transformou em dor e trauma. Marcella foi agredida por outros frequentadores que estariam incomodados com o barulho das cornetas e vuvuzelas vindo da mesa da família da universitária. Em busca do agressor(a), o padrasto da jovem, Cláudio Prata, 55 anos, criou uma comunidade na rede de relacionamentos Orkut: Quem feriu Marcella?
A vítima sofreu um corte profundo no lado direito do rosto. A lesão teria sido provocada por uma garrafa de cerveja quebrada. A família levou Marcella ao Hospital de Base de Brasília, onde ela recebeu cinco pontos internos e oito externos. Hoje ela voltou ao hospital para retirar os pontos, mas foi informada pelo médico que teria que retornar na terça-feira. "Como meu rosto ainda está paralisado, o doutor preferiu esperar mais um pouco. Ele acredita que algum nervo foi atingido. Se isso for comprovado, para retomar meus movimentos precisarei ser submetida a uma fisioterapia facial, serviço que não está disponível na rede pública", relata a jovem.
De acordo com Marcella, tudo começou quando um grupo de 15 pessoas que estariam sentadas em uma mesa atrás da dela ficaram incomodados com o barulho vindo de outras mesas do bar. "Eles chegaram a pedir ao dono do estabelecimento que falasse aos outros fregueses que parassem com as cornetas e vuvuzelas. O grupo, formado em maioria por mulheres, alegou que queria ouvir os comentário do jogo. O que seria impossível, já que o próprio bar vendia os produtos", conta o consultor Cláudio Prata, 55 anos, padrasto da jovem.
"Depois, uma moça magra, alta, e que aparentava ter uns 35 anos começou a jogar pedaços de papel molhado de cerveja em mim e na minha família", disse Marcella. Não satisfeita, ao fim do jogo a mulher teria derramado um copo de cerveja na cabeça da universitária. A jovem, então, se levantou e perguntou à estranha a razão do ato. Daí se deu a confusão. A turma se voltou contra a família da jovem. "Quando eu vi, a Marcella já estava no chão, sangrando. Minha mulher também foi agredida e teve um dente quebrado. Foi tudo muito rápido", relembra o padrasto.
Com a chegada da Polícia Militar, o grupo se dispersou. Sobrou apenas um casal, que afirmou não conhecer o restante do pessoal. "O policial perguntou se eu poderia garantir qua a moça era a autora das agressões. Eu disse que não. Então, ele falou que não poderia fazer nada. Como a Polícia Civil está em greve, só poderia registrar se houvesse flagrante", lamenta Cláudio.
Em busca de justiça, o padrasto resolveu criar uma comunidade no Orkut para identificar o autor ou a autora das agressões. "Pensei como poderia achar uma solução. Foi quando li no jornal o caso do jovem que foi agredido no McDonald"s da 114 Sul por estar com o volume do som do carro alto e decidi criar a comunidade. A ideia é de que alguém denuncie essa pessoa", explica Cláudio.