Após dois princípios de incêndio consecutivos na casa de máquinas do anexo do Palácio do Buriti, ocorridos na semana passada, cinco dos sete elevadores do prédio foram interditados. O fogo danificou parte da fiação elétrica e do revestimento dos equipamentos. Cinco mil pessoas que circulam no local diariamente, sendo 3 mil funcionários e 2 mil visitantes, estão com dificuldades para transitar dentro do edifício, que tem 16 andares. Apenas dois elevadores estão liberados ; eles contam com sistema operacional independente. Mas, de acordo com servidores, só podem ter acesso ao equipamento aqueles que trabalham nos últimos andares. A saída dos outros é subir e descer de escada ; a cada andar, são 20 degraus. Para diminuir o fluxo de pessoas no local, o Governo do Distrito Federal estuda a possibilidade de transferir parte das secretarias que funcionam no anexo para a atual sede da Câmara Legislativa(1).
De acordo com o GDF, a reforma dos elevadores do prédio começou antes mesmo dos incidentes da semana passada. Mas, diante da iminência de incêndio, cinco deles foram isolados ; a previsão é de que os dois primeiros sejam entregues em setembro. A casa de máquinas será trocada e os elevadores, substituídos por cabinas mais modernas. O investimento no prédio será de R$ 2 milhões. A obra é de responsabilidade da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). Segundo a assessoria de imprensa do governo local, é a primeira vez que os elevadores do prédio, construído em 1969, serão substituídos.
;Esses elevadores são uma preocupação antiga. Eles vivem dando problema e colocando em risco a vida das pessoas que trabalham e circulam no anexo do Buriti. Não só os elevadores, mas todo o prédio é muito precário;, reclama o presidente do Sindicato dos Servidores do GDF (Sindser), Cícero Rola. Um funcionário que há 15 anos trabalha no prédio, mas que não quis se identificar, concorda. ;Eu nunca vi uma reforma aqui. O problema é crônico;, relata. A funcionária Camila (nome fictício) , 48 anos, moradora do Cruzeiro, trabalha há sete no anexo e acredita que a reforma dos elevadores já deveria ter sido feita. ;O problema demorou para ser resolvido e agora ficamos totalmente prejudicados;, opina. A servidora pública precisa subir 140 degraus até chegar à sala dela, que fica no 7; andar do prédio.
Na quinta-feira passada , funcionários do anexo do Palácio do Buriti levaram um susto com a fumaça e o cheiro de queimado que vinham dos 15; e 16; andares do prédio. Um princípio de incêndio atingiu a casa de máquina dos elevadores, localizada no último andar do edifício. O Corpo de Bombeiros foi chamado para conter o foco. Os militares vão elaborar um laudo para identificar as causas do incidente ; o documento deve ficar pronto em 15 dias. No dia seguinte, por volta das 9h, houve outro princípio de incêndio no mesmo local. Apesar de haver pouca gente no prédio ; os servidores públicos foram dispensados para assistir ao jogo da Seleção Brasileira contra Portugal pela Copa do Mundo, restando no local apenas os funcionários terceirizados ; o edifício foi interditado.
Vistoria
Três dias depois, o Corpo de Bombeiros fez uma vistoria e constatou diversas irregularidades no prédio, no que se refere ao cumprimento das normas de segurança. Entre elas, a falta de sinalização e iluminação de rotas de fuga de emergência. ;Faltam placas indicativas e desobstruir os corredores. Além disso, não há corrimãos nas escadas;, disse o tenente-coronel Edilson Almeida, chefe da seção de vistoria do Corpo de Bombeiros. Outra exigência dos bombeiros é a ativação do sistema automático que dispara jatos de água quando há aumento de temperatura, chamado de Sprinkler. ;O sistema existe, mas está inoperante;, conta Almeida. Assim que for notificada, a administração do Palácio do Buriti terá 30 dias para se adequar às normas de segurança. O prazo pode ser prorrogado até 180 dias.
Desocupação
Com a desocupação da atual da sede da Câmara Legislativa, o prédio ficará livre para receber parte dos funcionários do anexo do Palácio do Buriti. A previsão é que a transferência para a nova sede do Legislativo, localizada no Setor de Indústria Gráficas (SIG), seja feita gradualmente durante o recesso de julho. A primeira sessão no prédio novo deverá ser realizada em 2 de agosto.