Cidades

Botões da comodidade

postado em 04/07/2010 08:51
Sistema de aspiração em todos os cômodos, cortinas e toldos que abrem e fecham pelo controle remoto, digitais no lugar de chaves para abrir o portão, irrigação do jardim programada para horários específicos, assim como o ligar e desligar de luzes. As possibilidades da era dos botões parecem infinitas. E, na última década, o brasiliense quis conhecê-las e testá-las. Muitos começaram a transformar em realidade a casa considerada do futuro. Como em todo o país, o mercado da chamada automação residencial, sempre associada à família Jetson(1), conquistou adeptos em Brasília e despertou o interesse de empresas e profissionais.

O conceito de automação está relacionado a sistemas integrados que permitem mais segurança, conforto e economia. A Associação Brasileira de Automação Residencial (Aureside), com sede em São Paulo, estima que esse mercado tenha crescido na ordem de 35% ao ano, em número de projetos. ;É algo muito recente, o próprio conceito ainda é uma coisa vaga;, diz o presidente da entidade, José Roberto Muratori. A Park Associates, companhia americana especializada no mercado digital, prevê que, em 2011, o mercado de serviços de apoio a casas inteligentes chegará a US$ 977 milhões em todo o mundo.

No Brasil, a capital paulista é referência em automação. Depois, antes mesmo de Rio Janeiro e Belo Horizonte, as cidades que mais puxam a demanda por produtos e serviços são Brasília, Goiânia e Vitória, segundo a Aureside. ;Em nenhuma delas existe algo consolidado. Podemos falar em ilhas, em que a busca por informações e a formação de profissionais têm crescido muito;, comenta Muratori. No país, há cerca de 300 pequenas empresas que já descobriram o potencial da automação e oferecem os recursos aos clientes.

Custo
Por mais que se defenda a teoria de que os preços são relativos, tornar a casa inteligente ainda não pode ser considerado algo barato. Um sistema básico de automação em um apartamento de 200 metros quadrados, por exemplo, não sai por menos do que 5% do valor total do imóvel. ;São números aceitáveis se levarmos em conta os benefícios que a automação proporciona. A pessoa pode gastar R$ 30 mil só com os equipamentos, mas às vezes gasta R$ 100 mil apenas com armários;, compara Muratori.

A automação mais demandada na capital do país envolve a iluminação das casas. Todas as boas lojas do segmento oferecem o serviço em que é possível montar combinações de luzes, definindo cenários e reduzindo o número de interruptores. O custo disso fica em torno de 50% do valor do projeto da iluminação. ;O que antes era considerado bobagem, supérfluo ou futilidade virou bem-estar, conforto e praticidade. Aos poucos, a automação deixa de ser exclusividade da classe A;, analisa o arquiteto Hélio Albuquerque, vice-presidente da Associação Brasiliense de Designers de Interiores (Abradi).

A tendência é que a tecnologia esteja cada vez mais presente nas residências. Quando decidiu erguer a casa nova, a contadora Fabíola Santoro, 40 anos, optou por automatizar a iluminação, o jardim e o sistema de segurança. Só para instalar os jogos de luzes, ativados por controle remoto, foram R$ 10 mil. ;Fiquei convencida de que uma casa nesse padrão precisaria dessa praticidade;, conta. A central montada na residência está pronta para receber novos comandos. ;Mas por enquanto, não é necessário. Acho que podemos usar as vantagens da tecnologia sem exagero;, completa.

Nos últimos cinco anos, o arquiteto Giovanini Lettieri projetou 10 casas inteligentes em Brasília. ;Temos a melhor renda per capita do país. A questão de segurança está preocupante. Não há dúvidas de que a automação tem tudo para avançar na cidade;, aposta. Com R$ 5 mil, acrescenta ele, é possível comprar um processador que permite a instalação de vários serviços. O arquiteto, porém, faz uma ressalva: ;Há muita bobagem no mercado. Quem precisa ligar a banheira antes de chegar em casa? É muito pessoal, mas acho ridículo;. Em uma casa do Lago Sul, todos os cômodos são aspirados por um sistema eletrônico que custou R$ 7 mil.

A automação em cortinas e toldos não tem sido considerada bobagem. O custo para abrir e fechar cortinas com botões é, em média, de R$ 1,2 mil. Com controle remoto, o preço dobra. Nos toldos, o sistema não sai por menos de R$ 4 mil. ;Em Brasília, as pessoas gostam do luxo e de receber bem as pessoas em casa. Isso faz a diferença;, diz o proprietário da Paper House Exclusive, Márcio Cunha. ;Os clientes não querem necessariamente toda a casa automatizada. Mas começam a se preocupar com isso, até mesmo para valorizar o imóvel;, completa Staikos Júnior, proprietário da Kalu Imports, consultora em home theater.

No ambiente cozinha do Morar Mais Brasília(2), o público poderá conhecer um software que permite à dona de casa programar o cardápio da semana. Se faltar algum ingrediente na despensa, é enviado um alerta ao supermercado. ;Isso vai ajudar muito a mulher de Brasília, que trabalha o dia inteiro e não tem tempo, muitas vezes, de fazer compras;, comenta a design de interiores Aline Silva. O programa de computador deve chegar ao mercado antes do Natal e não vai custar mais do que R$ 500. ;O ser humano tende à lei do menor esforço. A automação é a grande tendência;, acredita Jader Nogueira, responsável pelo desenvolvimento do software.

1 - Desenho
Os Jetsons foi um desenho animado produzido nos Estados Unidos na década de 1960 e exibido no Brasil 20 anos depois. A série mexeu com o imaginário das pessoas, mostrando como seria o ;futuro da humanidade;, com carros voadores, cidades suspensas e robôs como empregados.

2 - Mostra
Entre 21 de julho e 29 de agosto deste ano, será realizada a edição 2010 da mostra Morar mais por menos ; o chique que cabe no bolso, na União dos Escoteiros do Distrito Federal. Além das exposições, haverá cursos e palestras para os participantes. Mais informações pelo site www.morarmais.com.br.

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