Cidades

Chapas da disputa ao GDF têm que fazer registro na Justiça Eleitoral nesta segunda

Nesta terça, candidatos podem começar a campanha, que deve ser polarizada

Ana Maria Campos
postado em 05/07/2010 07:44
A partir desta terça-feira, candidatos poderão fazer campanhas nas ruas, comícios e usar carros de som. Propaganda na TV e no rádio, ainda nãoAcabou o ensaio. Começa nesta segunda-feira a corrida para as eleições de 3 de outubro. O registro das candidaturas hoje, prazo final para a inscrição das chapas na Justiça Eleitoral, confirmará um embate polarizado entre dois grandes blocos de partidos, liderados pelo petista Agnelo Queiroz e pelo ex-governador Joaquim Roriz (PSC). Outros seis nomes estão no páreo: Eduardo Brandão (PV), Newton Lins (PSL), Toninho do Psol, Rodrigo Dantas (PSTU), Frank Svensson (PCB) e Ricardo Machado (PCO). Mas, a julgar pelo conjunto de forças que conseguiram agregar até o momento, esses concorrentes terão dificuldades para protagonizar a disputa. O crescimento dessas candidaturas, no entanto, pode levar a briga para o segundo turno.

Com a aglomeração das maiores legendas em torno de Agnelo e Roriz, o Distrito Federal enfrentará mais uma vez uma eleição com duas torcidas antagônicas. A divisão do eleitorado deve começar a ficar mais clara a partir de amanhã, quando terá início oficialmente a campanha. Os concorrentes ficam liberados para fazer comícios, carreatas, usar carros de som com alto-falantes e divulgar suas plataformas em propagandas. O horário eleitoral na televisão e no rádio, no entanto, não começa agora. As gravações de imagem e som serão veiculadas durante 45 dias, a partir de 17 de agosto, até dois dias antes da votação.

Dos 20 minutos dedicados ao programa de governador três vezes por semana, quase 18 minutos serão divididos entre os dois grandes concorrentes, com uma vantagem para o petista. Segundo dados estimados, Agnelo contará com 10;44;; e Roriz poderá se exibir ao eleitor em 6;58;;. Na avaliação de estrategistas do ex-governador, essa diferença não terá influência na campanha porque ele já é um dos políticos mais conhecidos no Distrito Federal. ;Temos pesquisas que indicam que o nível de conhecimento de Roriz é de 95% da população;, afirma Paulo Fona, assessor de imprensa do político que governou o DF quatro vezes entre 1988 e 2006.

Nas campanhas ao Senado, também haverá uma polarização entre dois grupos que saem na frente. De um lado, o senador Cristovam Buarque (PDT) e o deputado Rodrigo Rollemberg (PSB). Do outro, a ex-governadora Maria de Lourdes Abadia (PSDB) e o deputado Alberto Fraga (DEM). Na avaliação da coordenação das campanhas, os destinos dos dois candidatos de cada chapa estão atrelados, embora sejam adversários diretos porque estão de olho no mesmo cargo. Tradicionalmente no DF as urnas nunca escolhem dois nomes de uma mesma coligação. Mesmo assim, Abadia terá de pedir votos para Fraga e vice-versa. A mesma regra vale para Cristovam e Rollemberg.

A avaliação é de que se o grupo de Roriz despejar os votos para um dos concorrentes da chapa adversária e ele tiver ainda o apoio do eleitorado de Agnelo, este candidato poderá acabar tirando os dois nomes lançados pelo ex-governador. Esse raciocínio é feito por correligionário de Roriz como forma de convencer Fraga de que os anti-arrudistas entre os eleitores rorizistas não vão boicotar a sua candidatura. Havia uma expectativa de que muitos optassem por Rollemberg para tirar a chance do amigo de Arruda. De qualquer forma, o deputado do PSB pretende fazer uma campanha propositiva, sem ataques a Roriz. Seus analistas políticos o advertiram de que brigar com o ex-governador significaria perder votos entre pelo menos 40% dos eleitores, segundo indicam as pesquisas.

Impugnação
Assim que inscrever a sua candidatura, Roriz terá de começar um outro embate. O procurador regional eleitoral do DF, Renato Brill, vai impugar o registro sob o fundamento de descumprimento das exigências de elegibilidade. A Lei da Ficha Limpa estabelece que quem renunciou ao mandato para escapar de processo por quebra de decoro parlamentar fica sem condições de concorrer nas eleições seguintes. A suspensão vale ainda por oito anos, a contar do último dia do mandato. A assessoria de Roriz sustenta que a medida é inconstitucional e deverá ser derrubada no Supremo Tribunal Federal (STF), uma vez que uma lei não pode retroagir para prejudicar.

Na última semana, o STF suspendeu duas situações de inelegibilidade provocadas pela Lei da Ficha Limpa. As decisões do ministro Gilmar Mendes e Dias Toffoli beneficiaram, respectivamente, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) e a deputada estadual Isaura Lemos (PDT-GO). Mas o ministro Carlos Ayres Britto, que estará no exercício da presidência do Supremo nesta primeira quinzena, rejeitou três pedidos de suspensão de restrições da lei. Em todos os casos, a palavra final será do plenário do STF.

Torcidas
Nas eleições de 1998 e 2002, o eleitorado se dividiu entre petistas e rorizistas, com cabos eleitorais que mais pareciam torcedores de futebol. Nos dois turnos, os embates foram duros e marcados pelas cores de cada lado, vermelho e azul. Na última campanha, sem Joaquim Roriz no páreo, o embate ao GDF foi mais morno e José Roberto Arruda venceu as eleições no primeiro turno.

Impasse sobre suplentes em pauta
O ex-governador Joaquim Roriz (PSC) vai tentar hoje aparar as arestas com o PSDB num almoço oferecido em sua casa, no Park Way. Estão convidados o presidente regional da legenda, Márcio Machado, a ex-governadora Maria de Lourdes Abadia, os deputados distritais Milton Barbosa e Raimundo Ribeiro, além de Antônio Barbosa, que integra a executiva regional. Na pauta, as suplências ao Senado de Abadia. Há um impasse na coligação, uma vez que Roriz convidou para o posto o ex-deputado federal Osório Adriano (DEM) e o Pastor Egmar Tavares (PTdoB), mas havia uma expectativa no PSDB de que a chapa seria toda tucana.

Márcio Machado seria o primeiro substituto e Barbosa, o segundo. O assunto foi discutido ontem em reunião com membros da executiva nacional. Por enquanto, não há solução. A direção regional até ameaça romper a aliança. O problema é que essa decisão deixaria o PSDB isolado, sem possibilidade de fazer coligações proporcionais, o que prejudicaria as eleições de deputados federais e distritais. Não interessa, então, a parte da legenda. ;Vamos conversar e buscar uma solução para retomarmos o acordo que já estava fechado;, afirma Márcio Machado. ;O PSDB é um partido importante. Temos o candidato à Presidência da República;, argumenta.

A direção do PSDB não está satisfeita com as condições oferecidas ao PSDB, primeiro grande partido a aderir à campanha de Roriz. O DEM teve a liberdade para indicar o deputado Alberto Fraga ao Senado, escolher seus dois suplentes, Anna Christina Kubitschek e João Batista Machado, e ainda o primeiro substituto de Abadia, que será Osório Adriano. No DEM, por sua vez, também há uma insatisfação. Nenhum partido da aliança de Roriz aceitou fechar coligação para deputado distrital com o DEM, uma vez que a legenda tem candidatos com grandes condições de competitividade, como Eliana Pedrosa, Raah Massouh e Paulo Roriz, que concorrem à reeleição. ;Havia um acordo para que o DEM fechasse com o PRTB;, reclama Fraga.


Líderes das composições

PV
Governador: Eduardo Brandão (PV)
Vice: Paulo Lima (PV)
Senado: Moacir Arruda (PV) e
Cadu Valadares (PV)

PT-PMDB-PDT-PSB-PRB-PHS-PCdoB-PTB-PPS
Governador: Agnelo Queiroz (PT)
Vice: Tadeu Filippelli (PMDB)
Senado: Cristovam Buarque (PDT) e
Rodrigo Rollemberg (PSB)

PSC-PR-PSDB-DEM-PMN-PTdoB-PRTB-PSDC-PP
Governador: Joaquim Roriz (PSC)
Vice: Jofran Frejat (PP)
Senado: Maria de Lourdes Abadia (PSDB) e Alberto Fraga (DEM)

PSL/PTN
Governador: Newton Lins (PSL)
Vice: Paulo Vasconcelos (PTN)
Senado: Não informado

PSTU
Governador: Rodrigo Dantas (PSTU)
Vice: Rosa Olímpia (PSTU)
Senado: Robson Raimundo (PSTU)

PSOL
Governador: Antônio Carlos
de Andrade (Psol)
Vice: Tetê Monteiro (Psol)
Senado: Chico Santana (Psol)

PCB
Governador: Frank Svensson (PCB)
Vice: João Batista da Silva (PCB)
Senado: Rosana Martins (PCB)

PCO
Governador: Ricardo Machado (PCO)
Vice: Não informado
Senado: Não informado

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