Ana Maria Campos
postado em 09/07/2010 07:00
Se depender da competência para administrar o próprio patrimônio, cinco dos 12 deputados do Distrito Federal que assumiram o mandato nesta legislatura na Câmara Federal têm nota alta. O suplente José Edmar (PR-DF), segundo as declarações encaminhadas à Justiça Eleitoral para efeito de pedido de registro de candidatura, lidera o ranking de enriquecimento. Destacam-se também Laerte Bessa (PSC-DF), Robson Rodovalho (PP-DF), Geraldo Magela (PT-DF) e Alberto Fraga (DEM-DF), que conseguiram nos últimos quatro anos na política aumentar consideravelmente a relação de seus bens e contas bancárias. As informações são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).Candidato a novo mandato de deputado distrital depois de uma passagem relâmpago pela Câmara Federal, Edmar(1) declarou em 2006 ter uma Kombi, uma caminhonete e R$ 10 mil na conta bancária, que totalizaram R$ 110 mil. Nos últimos quatros anos, Edmar inclui no seu patrimônio três apartamentos, uma casa, duas fazendas, uma loja e um ultraleve. A aeronave custou R$ 3 mil, de acordo com as informações prestadas à Justiça Eleitoral. Com esse avanço, Edmar possui bens em seu nome que somam R$ 828,5 mil. A variação foi de 649%. O segundo no critério de aumento proporcional é Ricardo Quirino (PR), pastor da Igreja Universal, também suplente de deputado.
Quirino, no entanto, teve uma ampliação modesta, comparada ao salário de R$ 16 mil que recebeu quando passou pela Câmara. Há quatro anos, ele era dono de metade das cotas de uma editora de livros evangélicos que valia R$ 5 mil. Hoje, ele anda de Ecosport preto, ano 2007. O bem foi declarado por R$ 14,5 mil. Quirino e Edmar não foram localizados ontem pelo Correio. Magela, que conseguiu dobrar seu patrimônio, sustenta que tem três fontes de renda: o salário como deputado, a aposentadoria do Banco do Brasil (BB) e aplicações financeiras. A variação está toda concentrada em investimentos bancários da ordem de R$ 1,3 milhão. ;Recebi dinheiro quando me aposentei no Banco do Brasil, em 2008;, explicou ao Correio. O petista, que estava ontem num evento de campanha, não soube detalhar o valor.
Ex-diretor da Polícia Civil do DF, Laerte Bessa também recebe dois salários ; a aposentadoria como delegado e o subsídio de deputado federal. Ele comprou três apartamentos financiados no Edifício Wave, em Águas Claras. ;Recebo bons salários e ainda recebi R$ 120 mil como indenização num processo por danos morais;, contou o deputado, que concorre à reeleição. Ele também comprou uma Nissan XTerra, por R$ 130 mil. A variação entre o patrimônio declarado em 2006 e a mais recente documentação é de 178,96%.
Coronel da reserva da Polícia Militar, o deputado Alberto Fraga (DEM) também subiu de patamar. Como os outros, ele tem a aposentadoria e o salário de R$ 16 mil como parlamentar. Um de seus maiores luxos, segundo conta, é um Chrisler preto, de R$ 90 mil. A Hilux fosca, ano 2009, também impressiona. Custou R$ 110 mil. ;Tenho dos dois bons salários. Não sou um homem de vícios, não ando na noite, invisto muito na fazenda;, conta Fraga. O patrimônio do deputado que concorre a um mandato de senador teve uma evolução de 76,6%. Ele explica que grande parte dessa diferença decorre de uma atualização no Imposto de Renda do valor das terras que possui em Água Fria, Niquelândia e Padre Bernardo, em Goiás.
Ricos
Entre os mais abastados, a evolução foi menor. O ex-deputado Osório Adriano (DEM), conhecido empresário de Brasília dos ramos da construção, concessionária de veículos e de comercialização da Coca-Cola, tem um patrimônio declarado de R$ 64 milhões. Esse montante é bem alto elevado, considerando-se o real valor dos inúmeros imóveis que ele têm principalmente no Distrito Federal e em Uberaba (MG). Primeiro suplente na chapa encabeçada pela ex-governadora Maria de Lourdes Abadia (PSDB), Osório Adriano manteve o mesmo padrão nos últimos quatros anos, com uma ligeira queda de 2,49%.
Ele não é o único com status de milionário. Tadeu Filippelli (PMDB), o vice do petista Agnelo Queiroz, é empresário e dono de uma fábrica de refrigerantes. Segundo análise de suas prestações de contas, não teve aumento patrimonial. Se depender do montante de bens, o segundo na chapa encabeçada por Joaquim Roriz (PSC), o deputado Jofran Frejat (PR), não fica aquém de Filippelli. Enquanto o peemedebista declarou R$ 4,4 milhões, o médico aposentado possui R$ 4,2 milhões. Uma diferença entre as declarações de Frejat é que ele mantinha em dinheiro vivo R$ 1,3 milhão, depositou grande parte desses recursos, mas ainda guarda em cash R$ 250 mil.
O deputado federal Robson Rodovalho, candidato à reeleição, explica que a evolução de seu patrimônio decorre de duas coisas: valorização dos imóveis que possui e um rendimento decorrente da Editora Sara Brasil Edições, de sua propriedade. O bispo da Igreja Sara Nossa Terra acrescenta que não vive apenas do salário de deputado federal. Dos 12 parlamentares, oito tiveram aumento patrimonial.
1 - Licença
Quarto suplente da coligação, José Edmar (PR) assumiu o mandato com a licença dos titulares Augusto Carvalho (PPS), Alberto Fraga (DEM) e Robson Rodovalho (PP), além do suplente Izalci Lucas (PR). Todos deixaram temporariamente a Câmara para exercer cargo, no governo Arruda. No Congresso, Edmar destacou-se pela greve de fome que fez como protesto para aprovar projeto de imposto único. Não surtiu efeito.