Cidades

Sem salário, servidores da Saúde param

Funcionários paralisam o atendimento para cobrar do GDF o pagamento do mês de junho, que deveria ter sido depositado na quarta-feira

postado em 09/07/2010 07:00
Garis, policiais civis e rodoviários entraram em greve recentemente por aumento de salário. Ontem, porém, foi a falta de pagamento que levou os servidores da Secretaria de Saúde do Distrito Federal a deflagrarem uma paralisação em protesto ao atraso nos salários, que deveriam ter sido pagos na quarta-feira, quinto dia útil do mês. Os serviços ambulatoriais e de exames de imagens foram praticamente suspensos no Hospital de Base de Brasília (HBB) e em outros regionais. As manifestações, no Setor Comercial Sul e no Eixo Monumental, prejudicaram ainda o trânsito da cidade. Por volta das 16h, representantes do Sindicato dos Servidores da Saúde do DF (SindSaúde) foram recebidos pelo secretário adjunto de Saúde, Eduardo Guerra, que garantiu o pagamento até o fim da noite de ontem. Se a promessa não for cumprida, eles prometem entrar em greve a partir de hoje.

O início da manifestação aconteceu em frente à emergência do HBB. Por volta das 10h, mais de 200 servidores invadiram e bloquearam os dois sentidos das vias que separam o hospital do Setor Comercial Sul. A barricada contou até com a participação de um ;cadáver;, encenado por um dos servidores, que simbolizava o sucateamento do sistema. A Polícia Militar coordenou os desvios do trânsito, que se complicou no horário do almoço. ;Estamos todos com o saldo negativo ou com o cheque especial estourado. A prestação e as contas não esperam o governo decidir nos pagar;, reclamou a enfermeira Darci Ferreira, 40 anos, servidora do HBB desde 2003.

Os salários dos trabalhadores da saúde são pagos com recursos do Fundo Constitucional do DF, que são repassados pelo governo federal. A indignação da classe foi agravada justamente pelo fato de que os demais setores custeados pelo fundo (leia Para saber mais) ; professores e policiais ; receberam o pagamento em dia. ;Além de a infraestrutura da saúde estar sucateada, atrasam nosso pagamento e não nos dão qualquer explicação. A saúde está completamente jogada de lado;, afirmou Wellington Dantas, 33 anos, técnico em radiologia há 10 anos no HBB. Atualmente, a secretaria conta com cerca de 13 mil servidores de nível médio e fundamental distribuídos em mais de 100 funções.

Em nota divulgada no fim da manhã, a Secretaria de Saúde informou que o atraso decorreu de um ;problema no processamento da folha de pagamento; e que ;as providências necessárias para que pagamento seja creditado; já estavam sendo tomadas. Marli Rodrigues, diretora do SindSaúde, disse que o sindicato teve até que comprar o toner e o papel para rodar a folha de pagamento. A categoria também reivindica o pagamento da Gratificação de Atividade Técnico-Administrativa (Gata) ; incorporada por lei aos salários ; referente aos meses de outubro e novembro de 2009. Segundo o sindicato, o valor do benefício é variável, mas corresponde, em média, a R$ 300.

Por volta de 14h, mais de 300 servidores se concentraram na Praça do Buriti, no Eixo Monumental. ;Não estamos aqui reivindicando aumento. Queremos apenas os nossos salários. Não estamos fazendo nada de errado;, sustentou o agente de saúde comunitário Francisco Emanuel, 31 anos, que trabalha no posto de Itapoã. Os manifestantes fizeram uma série de intervenções de cerca de cinco minutos cada no trânsito. Munidos de apitos, panelas e cartazes decretando a ;morte da saúde;, os manifestantes formaram barreiras humanas nas seis pistas da via, por quatro vezes. Houve um princípio de tumulto quando um motorista tentou avançar antes da dispersão do protesto, mas ninguém ficou ferido. Para controlar o trânsito, a PM permitiu que os carros barrados manobrassem e seguissem na contramão até o retorno em frente ao prédio do Ministério Público do DF e Territórios.

Segundo o secretário-geral do SindSaúde, Elias Lopes da Silva, Guerra garantiu o pagamento da categoria até a noite de ontem. ;Demos a nossa demonstração de luta e surtiu efeito. Mas vamos esperar. Se nada mudar, partiremos para a greve, como foi decidido nas assembleias;, garantiu. Os exames de imagem e laboratoriais, assim como o ambulatório podem ser suspensos e, em caso da radicalização, até os setores de emergência serão afetados.

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