postado em 11/07/2010 09:39
A inflação desacelerou no Distrito Federal no mês passado. O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), recuou de 0,39%, em maio, para 0,24% em junho.Vestuário, saúde, alimentação e transporte foram os principais responsáveis pela queda em alguns pontos percentuais do custo de vida do brasiliense. Os alimentos in natura se redimiram, assim, do papel de vilões encarnado nos meses iniciais do ano. Vários itens da cesta básica registraram alta acentuada, influenciados por mudanças climáticas no começo de 2010. Seus custos, agora, seguem uma tendência de estabilização.
Justamente em razão dessa tendência, a inflação no DF deve continuar desacelerando em julho. De acordo com o economista André Braz, da FGV, ainda há espaço para os preços de artigos in natura continuarem registrando ajustes no mês atual. ;Já em agosto, talvez não haja fôlego para mais desaceleração;, afirma.
A inflação acumulada no Distrito Federal ficou em 2,84%, de janeiro a junho, e 4,68%, nos últimos 12 meses. A estimativa da FGV é que o índice feche o ano entre 5,4% e 5,5%. O patamar está acima do centro da meta estipulada pelo Banco Central, que é de 4,5%. A margem de dois pontos percentuais afixada pelo BC, entretanto, não deverá ser ultrapassada.
Se vestimentas, gastos com saúde e alimentos desaceleraram o IPC-S de junho, os grupos recreação e leitura e habitação puxaram o movimento inflacionário no mês.
O grupo recreação e leitura saltou de 0,08% em maio para 0,55%, no mês passado. Foi influenciado, principalmente, pela alta nas tarifas de passagens aéreas. Os bilhetes encareceram 8,12% com relação à maio em razão da proximidade das férias de meio de ano.
Já no grupo habitação, cuja inflação registrou leve alta de 0,46% para 0,47% entre maio e junho, a taxa de condomínio residencial e o aluguel se destacaram. A primeira saltou de uma alta de 0,26% em maio para 1,13% no mês passado. ;Reajustes nas tarifas de água e luz, que são determinados pelo governo, costumam influenciar o custo do condomínio;, informou André Braz. Já o aluguel aumentou 0,63% em junho, obedecendo, de acordo com Braz, ao aquecimento do mercado local.
Dicas
Após o reajuste de até 4,5% sobre os remédios, autorizado este ano pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed), orgão interministerial vinculado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os proprietários de farmácias tendem a investir em promoções para resgatar a competitividade e recuperar o terreno perdido durante os meses de impacto da alta. Portanto, de acordo com o economista André Braz, essa é a hora certa para pesquisar.
Outra dica do economista da FGV é pedir desconto na hora de adquirir um medicamento. ;Muitos estabelecimentos só oferecem se o consumidor pedir. Muitas vezes, ele perde a oportunidade de pagar mais barato por não pechinchar;, diz.
A recomendação de procurar o melhor preço é seguida à risca pelo funcionário público Antônio Roseli de Oliveira (foto), 63 anos. Antônio sofre com um problema de glaucoma e, mensalmente, tem que comprar um colírio que ameniza os sintomas.
;Sempre ligo para muitas farmácias. Se, em uma delas, estiver R$ 0,10 mais barato, dou preferência. Já durante a pesquisa de preços vou aproveitando para pedir um abatimento;, conta.
André Braz diz também que, com os preços de roupas e calçados mais em conta conforme vai se aproximando a metade do inverno, o momento é bom para procurar a preços razoáveis. ;É bom e vai ficar melhor ainda. A época das promoções está se aproximando. É quando ainda tem um restinho de frio, mas os artigos estão mais baratos.;
Entretanto, se o orçamento mensal estiver apertado, o melhor é fazer uma revisão no guarda-roupa e separar tudo que ainda está em boas condições de uso para a temporada de frio. ;Com certeza, boa parte do que foi usado no inverno passado não está velho, nem fora de moda. Dá para economizar alguns reais e gastá-los de outra forma, se for essa a necessidade da pessoa.;
ÁLCOOL
O litro do etanol na bomba caiu 1,32% em junho. O combustível foi o principal responsável pela desaceleração do preço do grupamento transporte no mês. A inflação da categoria, que havia ficado em 0,79% em maio, caiu para 0,04% em junho. O economista André Braz alerta, entretanto, para a necessidade de fazer o cálculo e verificar se compensa ou não abastecer com o derivado da cana-de-açúcar. Para que a substituição valha a pena, o preço dele deve equivaler a menos de 70% do valor da gasolina.
CALÇADOS
Os sapatos ficaram 4,85% mais baratos em junho. O motivo é que maio foi o mês de lançamento das coleções outono-inverno nas lojas. Como modelos, tendências e cores eram novidade, o item estava com o preço em alta. Como o meio da estação está se aproximando, a tendência é que preços tanto de calçados quanto de roupas comecem a recuar gradualmente. A inflação do grupamento vestuário como um todo desacelerou, passando de 2,38% em maio para 0,94% em junho.
MEDICAMENTOS
Os remédios são itens com preços controlados pelo governo. Em maio, o item do grupo saúde registrou o impacto do reajuste de até 4,5%. Em junho, com a tabela já corrigida, há espaço para competitividade e promoções no comércio. Portanto, houve recuo ligeiro nos preços, de 0,12%. Em maio, o custo dos medicamentos havia subido 1,02% no DF, influenciados pela alta que entrou em vigor em 31 de março deste ano.
Vilões
8,12%
CONDOMÍNIO RESIDENCIAL: A taxa de condomínio teve a segunda maior inflação registrada pela FGV em junho. Subiu 1,13% no mês contra alta de 0,26% em maio. Tarifas de água e energia costumam influenciar o item, que também está atrelado ao reajuste dos salários de funcionários como porteiros e faxineiros.
ALUGUEL RESIDENCIAL: A inflação do aluguel desacelerou em junho com relação a maio. Teve alta de 0,63% no último mês contra 0,95% no anterior. Entretanto, devido à sua representatividade no custo de vida do brasiliense ; compromete 6,28% da renda familiar ; é considerado o item mais importante dentro do grupamento habitação. Sempre que sobe, o impacto é forte no bolso do consumidor.
TARIFA DE PASSAGEM AÉREA: O custo de viajar de avião no DF aumentou 8,12% entre maio e junho deste ano. A aproximação das férias de julho desencadeou o encarecimento. A maioria das pessoas adquire as passagens com antecedência. Como o movimento é sazonal, os preços devem se estabilizar, mas é possível que em julho o item continue inflacionário.
Mocinhos
-38,8%
TOMATE: Antigo vilão , o tomate prossegue com preços em queda. Em maio, seu custo já havia caído 26,91%. Em junho, o movimento de recuo desacelerou, mas continuou em um patamar alto: houve queda de 13,61% nos preços. Fortes chuvas no início do ano causaram escassez na oferta do tomate e causaram encarecimento.
BETERRABA: Trata-se de um alimento in natura como o tomate e, portanto, muito sujeito a variações climáticas. Em maio, seu preço havia recuado 1,57%. Em junho, a queda foi de 22,35%. De acordo com André Braz, como há melhora das condições climáticas nas regiões de plantio, a oferta voltou a subir.
MORANGO: O frio chegou e, com ele, a época ideal para o cultivo da fruta. Com a oferta do produto em alta, os preços caíram 38,8% ao longo do mês de junho. Em maio, haviam recuado 4,22%. A hora de aproveitar é essa, já que o morango deve continuar barato pelo menos por mais um mês.