Cidades

Congresso Nacional desperta interesses no DF

De cada 10 candidatos a deputado federal pelo DF, um é empresário. Em segundo lugar vêm os servidores, que somam 9,4% dos concorrentes. Percentual de milionários chega a 12,2%, três vezes mais que na corrida à Câmara Legislativa

Juliana Boechat
postado em 13/07/2010 07:00
Assim como na corrida à Câmara Legislativa, onde servidores e empresários somam 24,2% do total de candidatos ; conforme revelou o Correio em sua edição do último domingo ;, a cota de oito vagas de deputado federal a que o DF tem direito no Congresso Nacional atrai em sua maioria proprietários de empresas e funcionários públicos concursados. De acordo com levantamento feito com base nos dados declarados pelos próprios políticos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 10,4% dos concorrentes ao cargo são empresários, enquanto outros 9,5% são servidores. Juntas, as duas categorias somam 19,9% do total de candidatos registrados na Justiça Eleitoral.

Os dados mostram ainda que 12,2% dos 106 candidatos têm patrimônio superior a R$ 1 milhão, percentual três vezes superior ao registrado na corrida pelas vagas de deputado distrital. Na questão de gênero, a proporção se repete: a cada quatro candidatos, três são homens e apenas um é mulher. Já em relação a idade, os candidatos à federal são mais velhos. A média de idade (1) sobe de 43 anos entre os postulantes a distrital para 53 anos no caso dos concorrentes à Câmara dos Deputados. A faixa etária entre 51 a 55 anos concentra a maior fatia de candidatos, 21,9% do total. Pedro Maurino Calmon (PSC) é o único concorrente com mais de 70 anos.

Além da idade e da riqueza, chama a atenção a discrepância existente na escolaridade dos candidatos a distrital e a federal. No primeiro caso, menos da metade (47,9%) concluiu o ensino superior, contra dois terços (66,6%) entre os que tentam uma vaga na Câmara dos Deputados. De cada quatro candidatos, um nasceu em Brasília (veja mais dados no quadro ao lado).

Cifras
De todos os concorrentes a deputado federal, 13 possuem patrimônio declarado acima de R$ 1 milhão, o equivalente a 12,2%. Zé Linhares, uma das apostas do PTdoB à Câmara dos Deputados, liderou a lista dos maiores patrimônios informados ao TSE: R$ 350,4 milhões. Uma das sete fazendas em nome dele, localizada do município Paragatinga (BA), custa R$ 142 milhões, de acordo com sua própria declaração. O Correio não encontrou o candidato durante o dia de ontem. Para o presidente do PTdoB, Paco Britto, o partido não analisou as declarações de bens dos aliados. ;Esta informação não nos pertence e não nos interessa. Os nomes que disputarão as eleições foram escolhidos em convenção. Enxergamos cada um como possibilidade de votos, e não com interesse financeiro;, explicou. Paulo Kev, do PTC, conta com patrimônio de R$ 10,1 milhões.

O candidato a deputado federal pelo DEM Adelmir Santana ; que hoje ocupa uma cadeira no Senado ; também é dono de um dos maiores patrimônios declarados ao tribunal eleitoral. Segundo o site do TSE, ele possui bens avaliados em R$ 5,588 milhões. Somados, os 18 apartamentos chegam a R$ 1,776 milhão, além de ações, casas, terrenos e dinheiro em espécie. Santana alega ter recebido grande quantia em dinheiro quando vendeu suas empresas, ao ser eleito como suplente de senador, em 2002. Ele assumiu o cargo em 2007, quando Paulo Octávio deixou o Senado para ser vice-governador do DF.

;Troquei as empresas por dinheiro. Depois de distribuir o valor aos meus sócios ; entre eles, a minha mulher ;, declarei tudo no Imposto de Renda. O lucro de capital chegou a 27%;, explicou. ;Eu sou um homem rico. Mas trabalhei muito durante quase 50 anos para isso;, defendeu o atual senador e presidente licenciado da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio).

O cientista político Leonardo Barreto acredita que os partidos políticos apostam em pessoas de representatividade social e condições financeiras para concorrer às eleições. ;Normalmente, são escolhidos líderes de sindicatos, empresários, comunicadores etc. Ou seja: são pessoas que possuem algo ou têm acesso a esses recursos;, explicou.

Para ele, existe a relação direta entre o nível de renda e a educação. ;Quanto mais dinheiro, mais educação. E, quanto mais educação, maior a renda. É assim em qualquer âmbito da sociedade;, disse. O cientista político considera o quadro parlamentar homogêneo e defende a representatividade dos mais variados grupos sociais no Poder Legislativo. ;Temos uma democracia representativa. Este poder deveria ser plural.;

1 - Regras
Qualquer cidadão pode se candidatar, desde que seja brasileiro, more no domicílio eleitoral pelo menos um ano antes do 1; turno e seja filiado a um partido pelo menos um ano antes da eleição. Para os cargos de deputado federal e distrital, a idade mínima é de 21 anos. No caso de senador, 35 anos.

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