postado em 13/07/2010 07:00
Os 165 mil passageiros que enfrentam diariamente os trens lotados do metrô precisarm ter ainda mais paciência para se deslocar pelo DF utilizando o transporte. Dois problemas comprometeram o funcionamento e a circulação da frota em diferentes momentos da manhã. Um deles aconteceu ao longo das primeiras horas do dia, em um dos períodos de maior movimentação nas plataformas, quando milhares de pessoas estão a caminho do trabalho ou da escola. Como resultado, atrasos, viagens canceladas e tumulto nas principais estações.Ainda era madrugada quando foram detectados os defeitos na sinalização do sistema na estação da 106 Sul, que é feito de cabos de fibra óptica. Quando panes dessa natureza acontecem, os controladores do tráfego, sediados em Águas Claras, perdem o contato com os trens, o que aumenta o risco de acidentes. Segundo a Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF), quando há problemas na transmissão de informação do sistema de sinalização, a central de controle reduz automaticamente a velocidade dos carros para 20km/h, quando o padrão é de 80km/h Com o deslocamento mais lento entre a 106 e a Estação Central, na Rodoviária do Plano Piloto, os efeitos acabaram refletidos nas demais plataformas, que tiveram de alterar os horários das viagens com destino ao centro da capital.
Em alguns casos, o atraso ultrapassou uma hora, quando, geralmente, um passageiro leva de cinco a 10 minutos para embarcar. Nas catracas de entrada das estações, um cartaz informava que o tempo de parada era maior do que o habitual e que os vagões seguiam com a velocidade reduzida. A reparação da pane só foi concluída às 10h20, quando o serviço metroviário voltou à normalidade. A aparente tranquilidade não durou muito. Por volta de 11h25, um acidente na Estação Arniqueiras paralisou o tráfego a partir das plataformas do Guará.
Dinheiro de volta
Às 11h40, o sistema de som da Estação Central informou aos passageiros que lotavam a estação que as viagens para as cidades seguintes ao Guará ; Taguatinga, Ceilândia e Samambaia, onde há a maior demanda ; seriam suspensas por tempo indeterminado. O descontentamento foi geral e uma extensa fila de passageiros se formou nos guichês para receber de volta o dinheiro gasto com o bilhete. An-Nielly Sousa, 21 anos, que trabalha como caixa em uma loja no Conjunto Nacional, precisava voltar a Ceilândia, onde mora, para buscar uma das chaves que abre o estabelecimento onde trabalha. Impaciente após aguardar por uma hora pelo transporte, ela foi forçada a buscar por um ônibus. ;Não é a melhor opção, já que o metrô fica em frente à minha casa;, disse. Os passageiros precisaram esperar cerca de 30 minutos para que o fluxo voltasse a funcionar normalmente.
O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários do Distrito Federal (SindMetro) divulgou uma nota, no meio da manhã, acusando a precariedade da manutenção, feita por empresas terceirizadas (1), como o principal motivo das panes. ;Ao custo de milhares de reais, eles prestam um serviço muito aquém do desejável.; Segundo Renato Marcos Mourão, secretário de AssuntosJurídicos do sindicato, se o trabalho de manutenção fosse preventivo, não haveria tantos transtornos. ;Hoje, quebrou um cabo de sinalização. Mas, se a manutenção estivesse correta, já teria um outro cabo para suprir a necessidade, mas não tem. Vemos problemas de sinalização e falhas mecânicas toda semana devido à manutenção sucateada;, sustenta. A briga do SindMetro com a privatização do serviço é antiga. Para os metroviários, o modelo de excelência é o executado em São Paulo, onde os técnicos são concursados. ;Os funcionários se importam com a eficiência. As empresas, com o lucro;, defende Mourão.
1 - Terceirização
A manutenção do Metrô-DF é executada pelo Consórcio Metroman, formado pelas empresas Siemens e Serveng. O trabalho feito por 500 trabalhadores terceirizados é fiscalizado por 60 funcionários do quadro do metrô. A privatização abrange os serviços de sinalização, de controle, de telecomunicações, de energia, de edificações e de bilhetagem. Segundo o Metrô-DF, são realizadas, em média, 2,5 mil intervenções mensais de manutenção preventiva e corretiva nos 20 trens que compõem a frota do Distrito Federal.