postado em 14/07/2010 08:11
Brasilienses que aguardavam o fim da Copa de 2010 para garantir, a um preço bem em conta, a camiseta oficial da seleção, terão que esperar mais um pouco antes de ir às compras. De acordo com representantes do varejo, o artigo vendeu bem e não há estoques encalhados. Por isso, os preços da época pré-mundial e de durante os dias de jogos foram mantidos por muitos estabelecimentos. Saldão geral, só mais para a frente. Em relação aos itens simplesmente temáticos ; camisetas, bonés, cornetas, chapéus e outros alusivos à Copa ; a situação é diferente. Com o fim da torcida pela seleção, adquiri-los perdeu o sentido, e os valores despencaram. As tevês tela plana, vedetes desta Copa, também estão baratas.Leni Pereira Carvalho, gerente da Fla Boutique, loja especializada em artigos do Flamengo que funciona no shopping Pátio Brasil, conta que aglomerou em um canto algumas dezenas de camisetas oficiais(1) e de itens alusivos à Copa. Esses artigos representam tudo que restou dos itens encomendados para o torneio de futebol, que atingiram a casa das centenas. ;A procura foi alta até o último dia de jogo do Brasil. Conseguimos vender uns 90% do que chegou;, diz, satisfeita.
De acordo com ela, a camiseta oficial da seleção na cor amarela, que foi e ainda é muito procurada, teve o preço original de R$ 189,90 mantido. O valor da versão azul, que fez menos sucesso, caiu para R$ 149,90. Mesmo assim, Leni acredita que ambas terão boa saída. ;Ainda vai ter outros campeonatos com a seleção usando o mesmo modelo;, comenta.
No que diz respeito às camisetas verdes e amarelas não oficiais, masculinas e femininas, a situação é diferente. A demanda, inicialmente alta, diminuiu bastante e a loja foi forçada a rever a tabela de preços. Da faixa de R$ 89,90, elas caíram para R$ 49,90 e até R$ 39,90.
Enísia Rodrigues, gerente da loja de roupas Pierim, também no Pátio Brasil, trabalha somente com artigos de fabricação própria e mantém na vitrine, todos os anos, o que chama de linha Brasil. São camisetas, agasalhos, bolsas, mochilas e calças de moleton nas cores nacionais, tudo confeccionado em Blumenau (SC). Os artigos fazem sucesso principalmente entre estrangeiros em visita a Brasília, mas também têm aceitação boa por parte do público local.
Expectativa superada
Em todo ano de Copa do Mundo, Enísia vê a procura crescer, e 2010 não foi diferente. O faturamento com a linha Brasil, que costuma ficar na casa dos R$ 20 mil ; o equivalente a 30% dos ganhos da loja ; mais do que dobrou. Entretanto, como as roupas ficam no estoque de janeiro a janeiro, não foi adotada estratégia de elevar os preços com a aproximação da Copa deste ano. A loja também optou por não fazer promoções com o fim do jogo. ;Está tudo no mesmo preço, temos artigos de R$ 60 a R$ 140. Agora caiu a procura, mas já era esperado. Só posso dizer que o campeonato foi muito bom, tivemos que repor o estoque;, relata.
Proprietário das lojas da rede Free Corner no Distrito Federal, e da Nike Store, no Iguatemi Shopping, Antônio Augusto de Moraes, presidente do Sindicato do Comércio Varejista do DF (Sindivarejista), afirma que a sobra de artigos encomendados para a Copa foi pouca. ;A demanda foi muito grande, principalmente na segunda quinzena de junho. O preço do uniforme oficial deve demorar a baixar, a não ser no caso de alguns modelos menos populares, caso da camisa azul;, comenta. Os demais artigos, admite ele, estão entrando em promoção.
De acordo com o presidente do Sindivarejista, a alta nas vendas com relação ao último mundial, em 2006, superou a expectativa inicial de 20%. ;Cresceu pelo menos 25%;, declarou Moraes, falando por si próprio e pelo segmento de material esportivo.
Dono da Globo Esporte, em Taguatinga, o empresário Geraldo Araújo, vice-presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas do DF (CDL-DF) afirma que o volume de vendas em sua loja subiu 23% frente à Copa passada. Para ele, a aproximação do Dia dos Pais deve manter a venda de materiais esportivos em um bom patamar. ;Como o estoque de material oficial está muito pequeno, não mexemos nos preços.;
1 - Leveza
A camisa usada pelo Brasil na África do Sul é 15% mais leve do que a utilizada na Copa do Mundo de 2006, segundo informações da Nike, fornecedora oficial de material esportivo para a seleção. O tecido da camisa é feito com oito garrafas de plástico e o material é 100% reciclável. Entretanto, nem todas as unidades que foram para o mercado seguem o modelo ecológico. A camisa amarela da seleção brasileira tem pequenos detalhes em verde nos ombros, com cinco estrelas no fim. No modelo azul, os detalhes são em branco.
"O preço do uniforme oficial deve demorar a baixar, a não ser no caso de alguns modelos menos populares, caso da camisa azul"
Antônio Augusto de Moraes, presidente do Sindivarejista
Antônio Augusto de Moraes, presidente do Sindivarejista
TVs mais em conta
Altamente cobiçadas na Copa do Mundo deste ano, as tevês de tela plana deviam pegar embalo nas vendas do Dia das Mães e ter venda recorde, mas não foi bem assim. Segundo Geraldo Araújo, vice-presidente da CDL-DF, algumas grandes redes de lojas, como Ponto Frio e Casas Bahia, fizeram pedidos muito grandes do eletroeletrônico, e por isso, estão tendo que liquidar.
A reportagem conversou com Neide Ribeiro, gerente de uma unidade do Ponto Frio em Brasília. Ela confirmou que a procura ficou abaixo da esperada. De acordo com Neide, no período pré-Copa a rede trabalhou com preço promocional de R$ 2.199 para uma das unidades mais procuradas, a de 40;;. O valor normal de uma tevê deste modelo é de R$ 2.499. Durante o mundial, o preço caiu para R$ 1.999 em razão da demanda aquém da prevista. O valor, por enquanto, está sendo mantido, mas Neide diz que os estoques estão altos. Ela não quis fazer previsão sobre a possibilidade de mais um ajuste para baixo. ;Vendeu bem, mas não tanto quanto a gente esperava;, resume ela.
Previsão
Na Feira dos Importados, o comerciante Walter Rocha garante: o preço do televisor de tela plana vai cair. Ele está vendendo unidades de 42;; por R$ 2 mil, preço promocional durante toda a Copa de 2010, em lugar dos R$ 2,5 mil cobrados em tempos normais. Walter, entretanto, diz já ter recebido da exportadora a notícia de que o valor deve cair 10%. A banca de Walter só tem espaço para armazenar duas tevês, então ele trabalha em um esquema de venda e reposição. Ele afirma que não houve aumento sensível na comercialização de unidades com a Copa.
Se a venda de televisores ficou em baixa na Feira dos Importados, as vuvuzelas, cornetas de som grave e potente que foram a marca registrada da Copa, foram sucesso absoluto. Na banca do comerciante Marcos Cândido não sobrou nenhuma. Em compensação, de centenas de chapéus, bandeirinhas e outros tipos de cornetas encomendados, restaram algumas dezenas. O jeito foi baixar os preços. O preço do chapéu de pano nas cores do Brasil caiu de R$ 8 para R$ 3. O da corneta em tamanho mini, de R$ 7 para R$ 3. Bandeiras para carro, de R$ 5 para R$ 2.