Cidades

Com mudanças, vestibular da UnB selecionará 3,9 mil

Para reduzir os famosos chutes, provas elaboradas pelo Cespe passarão a ter questões de múltipla escolha, o que reduz a chance de acerto para 25%. Além disso, a redação ganha mais importância e terá peso 4, em vez de 3

postado em 15/07/2010 07:54
Para reduzir os famosos chutes, provas elaboradas pelo Cespe passarão a ter questões de múltipla escolha, o que reduz a chance de acerto para 25%. Além disso, a redação ganha mais importância e terá peso 4, em vez de 3No próximo fim de semana, 21.971 candidatos concorrerão a uma das 3.958 vagas oferecidas pela Universidade de Brasília (UnB). Deste total, 3.174 são para o sistema universal ; o equivalente a 80,2% do total. As outras 784 (19,8%) são destinadas à cota para negros. A seleção de inverno traz novidades para os concorrentes. Há novos cursos oferecidos, mudanças no peso da redação, no tipo de questões e até a criação de uma categoria para os que querem apenas ganhar experiência no assunto. Os resultados da primeira chamada devem ser divulgados em 25 de agosto.

Pela primeira vez, quem ainda não concluiu o ensino médio mas quer ganhar experiência nesse tipo de prova será enquadrado em uma categoria especial. São os treineiros. Nesta primeira edição, 963 se inscreveram nessa condição. ;Eles querem conhecer o ambiente de prova, seguir o tempo, que é cronometrado, ter contato com a folha de respostas;, explicou o coordenador acadêmico do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe), Paulo Portela. Outra mudança, trazida do Programa de Avaliação Seriada (PAS), é a inclusão de questões do Tipo C, de múltipla escolha. Elas terão quatro alternativas de resposta, o que significa uma chance de acerto de 25%. A cada erro, o candidato terá dois terços de um ponto subtraído. ;Esse sistema de apenação foi criado para coibir o chute;, explicou.

Outra alteração que se estende a todos os cursos refere-se ao valor atribuído à redação. As regras de elaboração são as mesmas, mas a nota de corte passou de 3 para 4. ;A mensagem é simples: queremos alunos com excelente capacidade de produção de textos coerentes, coesos, com evolução temática adequada e domínio da língua;, esclareceu o representante do Cespe. Segundo ele, a demanda é comum a todos os cursos da instituição. Há também três novos cursos em oferta à comunidade: turismo (diurno), que recebeu 159 inscrições; licenciatura em filosofia (noturno), com 108 concorrentes; e ainda gestão do agronegócio (noturno), com 64 candidatos.

Outros aspectos deste vestibular não mudaram tanto: o curso de medicina continua disparado na preferência dos concorrentes, com média de 84,1 candidatos por vaga. Em seguida, está o curso noturno de direito, que registra média de 19,25 pessoas por vaga. O terceiro da lista é o curso de engenharia civil, com 17,75 candidatos por vaga. No caso de quem se inscrevu pelo sistema de cotas, há 45 concorrentes por vaga no curso de medicina, 11,08 no direito noturno e 10,9 interessados em cada vaga do curso de psicologia.

Dicas
Há três dias da prova, a orientadora pedagógica de uma das unidades do curso preparatório Alub, Rosângela Bezerra, reforça que é hora de relaxar e buscar tranquilidade. ;Nesta fase, é mais comum os alunos ficarem ansiosos e ainda tentarem aprender o que não tiveram tempo de estudar. Mas a hora é de confiar no que já aprenderam;, ressaltou. Segundo ela, a poucos dias da prova, os alunos podem, no máximo, revisar os assuntos que dominam, mas a palavra de ordem é acalmar os nervos.

De acordo com Rosângela, para auxiliar os alunos nessa missão os professores investem em músicas para memorizar regras, além de exercícios de relaxamento. ;Além de cantar e ouvir música, praticar esportes ajuda a relaxar. O exercício físico ajuda o organismo a liberar substâncias que motivam, contêm a expectativa e estimulam a autoconfiança.; Uma proibição imposta por quem prepara jovens para o vestibular é o hábito de frequentar programas noturnos às vésperas do vestibular. Álcool e substâncias que alteram a consciência devem ser retirados da rotina, por deixarem o corpo cansado e desgastado. A alimentação deve ser rica em legumes, verduras, frutas e sucos leves, deixando de lado todo e qualquer tipo de comida gordurosa. ;Muitos alunos que não tomam essa medida já entram na prova pesados, cansados, sonolentos.;

AnsiedadeDaniel Targa: estudante largou o direito e agora tenta vaga em medicina
Daniel Targa, 23 anos, pode se considerar experiente em vestibulares. Depois de cursar dois semestres de direito, ele largou a faculdade e voltou para o cursinho, em busca do sonho de frequentar o curso de medicina. Será o terceiro vestibular que presta com esse intuito e, a cada edição, garante ele, fica mais fácil lidar com a enxurrada de emoções. ;De tanto fazer a prova, a gente vai se acostumando e ficando mais tranquilo. Se passar, passei. Se não, começo tudo de novo;, ensinou.

Também matriculada em um cursinho da cidade, Rafaela Ventura, 18 anos, ainda não chegou a esse estágio de tranquilidade. No próximo fim de semana, ela fará a terceira tentativa de se tornar aluna da Faculdade de Psicologia. ;Sou muito ansiosa. Estudo tensa, fico o tempo todo pensando no vestibular;, admitiu.

O nervosismo, no entanto, dá lugar, rapidamente, à concentração. Assim que a prova começa, ela percebe o coração acelerado e a mãos suadas, mas, com o passar do tempo, mergulha nas questões e chega a se esquecer do mundo ao redor.

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Trote volta a gerar discussão

>>Luiz Calcagno

Um trote realizado por veteranos do curso de agronomia da UnB na última terça-feira voltou a causar polêmica no câmpus da universidade. No evento, calouros foram fotografados escorregando de barriga em uma poça de água no Instituto Central de Ciências (ICC), popularmente conhecido como Minhocão, diante de alunos de vários outros cursos. Além disso, tiveram que caminhar em fila, formando uma corrente com as mãos entre as pernas ; posição chamada de ;elefantinho; ; e giraram com a testa em cabos e vassoura até ficarem tontos, para em seguida mergulhar em uma lama com restos de comida para procurar sabonetes jogados por alunos mais antigos.

Calouros procuram sabonetes em meio a lama misturada com comidaO rito de passagem aplicado pelos estudantes do curso alertou a reitoria da UnB, que considerou o trote violento. Rafael Morais, assessor do reitor, admitiu que a ação a que os calouros se submeteram é recorrente, mas disse que a universidade combate esse tipo de atividade. ;O desafio é criar uma cultura. A maioria das pessoas não concorda com o trote, mas não faz nada para mudar. Na UnB, diminuímos esse tipo de ação, mas ela ainda é recorrente em cursos como a agronomia;, disse.

De acordo com Morais, existe uma campanha(1) no câmpus para coibir a prática. Distribuição de cartilhas antitrote, recepção de boas-vindas aos calouros e debates são as estratégias utilizadas. Para ele, o trote violento não pode ser considerado uma brincadeira, pois subjuga o novato às vontades do veterano. ;Temos que educar e pensar em punições. Mas dependemos da denúncia dos calouros. Temos que mostrar que não é preciso que eles se submetam a isso. Se existe uma tradição no trote, é a da violência;, afirmou.

Na visão do coordenador do curso de Agronomia da UnB, José Américo Soares Garcia, a prática também é recorrente em outras faculdades. ;Eu não acordo com esse tipo de trote. Quem faz isso deveria sofrer punição. Conversas não têm adiantado. Além disso, muitas vezes os próprios calouros querem sofrer a retaliação. Todos os cursos da UnB têm que se mobilizar e trabalhar com uma campanha educativa. Caso não funcione, quem comanda tem que ser punido;, defendeu.

O Centro Acadêmico de Agronomia (Caagro) rebate as críticas. Para um integrante do Caagro, Caio Batista, 20 anos, ninguém foi obrigado a participar da brincadeira e negou que haja qualquer represália por parte dos veteranos sobre os calouros que decidiram não levar o trote. Para ele, não há nada de errado com a ação. ;Não existe agressão física e nem psicológica, porque é opcional. Só participou quem estava disposto. Se alguém entra e depois desiste, pode sair. Após o trote, a gente deu lanche, hidratou os calouros;, afirmou. Um calouro que levou o trote também apoiou a brincadeira. Sérgio Fernandes, 18 anos, disse que a repercussão do caso é sensacionalista. ;Foi muito tranquilo. O trote é uma brincadeira normal. O veterano brincar com você é uma coisa tranquila.;

1 - Quatro diretrizes
A reitoria da UnB desenvolveu quatro frentes de trabalho para combater o trote violento.

A estratégia é atuar na conscientização do calouro; não tratar os eventos como simples brincadeiras; combater a ideia do trote como tradição e reforçar para os universitários que esse tipo de ato não integra os calouros.

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