Cidades

Brasília, campeã das gôndolas

Em 2009, em média, o brasiliense gastou R$ 1,7 mil em compras. Os supermercados locais ficaram em primeiro lugar no ranking nacional

postado em 17/07/2010 07:00
O brasiliense é o que mais gasta em supermercados. No ano passado, o faturamento do setor no Distrito Federal alcançou R$ 4,2 bilhões. É como se cada morador tivesse gasto, em 12 meses, R$ 1.729 ; a maior média entre as 10 unidades da Federação que mais contribuíram para o ganho total do setor no país, calculado em R$ 177 bilhões (veja quadro). Em seguida, de acordo com o ranking feito pelo Correio com base em dados divulgados pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), aparecem Rio Grande do Sul e São Paulo, ambos com um tíquete médio de R$ 1.622.

Fernando começou com um mercadinho de 100m2 em Taguatinga e, em 29 anos, triplicou a área. O crescimento ele atribui à fidelidade dos clientesA capital federal provou, na última década, ser uma boa praça tanto para as grandes redes, quanto para os mercadinhos de vizinhança, que se proliferaram. A Associação de Supermercados de Brasília (Asbra) representa cerca de 160 empresas, mas o número real de estabelecimentos do ramo é bem maior e, por ora, impreciso. ;Todo dia surge um novo supermercado, principalmente fora do Plano Piloto. Temos observado uma demanda muito grande das classes D e E, fenômeno que não se restringe à Brasília;, diz um dos vice-presidentes da entidade, Arilton Rocha.

Atentos a essa mudança no perfil de consumo, os maiores grupos de hipermercados criaram formatos menores e mais perto das áreas residenciais. O Extra lançou nacionalmente a bandeira Extra Fácil. Em Brasília, as lojas do Pão de Açúcar funcionam como esses mercados de vizinhança da rede. O Carrefour pagou, em 1999, R$ 100 milhões pelas 16 lojas Planaltão, transformadas em Carrefour Bairro. O Walmart ainda não trouxe para a capital federal a marca Todo Dia, mas inaugurou, em dezembro último, a segunda unidade, no fim da Asa Norte.

Expectativa
Em todo o país, o setor espera um crescimento médio de 8% até dezembro. Em 2009, quando a crise econômica mundial ainda assombrava os mercados, a alta foi de 5,6%. Nos primeiros cinco meses deste ano, os supermercados com, no máximo, nove caixas, foram os que mais registraram aumento nas vendas. ;O poder aquisitivo das pessoas melhorou bastante, o que influencia diretamente no poder de compra. No mercado de Brasília, como em todo o Brasil, ainda há muito espaço para crescimento;, analisa o superintendente da Abras, Tiaraju Pires.

Quando Fernando Medeiros abriu seu mercadinho no Setor M Norte, em Taguatinga, 29 anos atrás, a loja tinha 100 metros quadrados. De lá para cá, esse tamanho triplicou. Os clientes da vizinhança, diz o proprietário, são fiéis. Alguns aparecem até todo dia. ;Meus preços são iguais aos das grandes redes. A diferença é que elas anunciam um ou outro produto em promoção, mas, no restante, posso garantir, cobram bem mais. É uma enganação;, comenta Medeiros, ao invalidar a tese de que os pequenos, por terem um custo operacional mais alto, cobram mais caro do que os grandes.

Cecília Oliveira, dona de um mercadinho há 15 anos em Taguatinga Norte, diz que não perdeu clientes para as redes maiores. Perto de hospitais e do fórum da cidade, a loja dela fica movimentada a maior parte do dia. ;Não faço questão de ganhar muito dinheiro. Vou tocando meu negócio sem muita ganância, talvez seja esse o segredo;, comenta.

Em Ceilândia, as vendas no mercado de José Laurindo recuaram 8% neste primeiro semestre, na comparação com 2009. Mas o desempenho não o desanima. Ele aposta na vizinhança para retomar o ganho. ;A compra do dia a dia é aqui com a gente;, diz.

O crescimento da cadeia de supermercados em Brasília, no entanto, não é atribuído apenas ao advento das classes populares. Está no fim da Asa Norte o Extra que, há sete anos, é o que mais vende entre as 105 unidades espalhadas pelo Brasil. Além do sucesso dos principais grupos, as redes locais, de médio porte, conseguem continuar se expandindo graças ao tíquete médio mais elevado do país. ;As características de Brasília, dona da maior renda per capita do Brasil, e os diversos perfis de consumidor garantem espaço para todos os formatos;, comenta Rocha, da Asbra.

A rede Comper, de Santa Catarina, chegou há 14 anos ao DF, onde hoje possui sete unidades, além de uma em Valparaíso de Goiás. Somadas, as oito lojas representam 28% do faturamento do grupo, presente em mais quatro capitais. ;A loja de Sobradinho é a segunda melhor;, conta o gerente comercial, Carlos Paz. Em 25 anos, a rede Supercei abriu 17 lojas, com uma média de 10 caixas em cada uma delas. ;Depois de três anos sofrendo com a concorrência das grandes redes, estamos recuperando nossa fatia do mercado;, avalia o gerente comercial, Ângelo Oliveira.

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