Cidades

Saia justa no palanque do PT e do PMDB

postado em 18/07/2010 08:48
O encontro enfim aconteceu. Na inauguração do comitê central do PMDB, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), petistas e peemedebistas dividiram o palanque montado no alto de um carro de som. Seria mais uma manhã normal de campanha, não fosse a parceria inusitada entre antigos rivais, que, desta vez, contou com a presença de políticos investigados na Operação Caixa de Pandora.

O candidato a governador pelo PT, Agnelo Queiroz, e o vice, deputado federal Tadeu Filippelli (PMDB), já estavam no trio elétrico quando o deputado distrital Rôney Nemer (PMDB) chegou ao evento. Ficou pouco tempo. Em menos de 15 minutos, conversou com parte das 500 pessoas presentes, subiu ao carro de som para cumprimentar os candidatos e foi embora. ;É constrangedor, porque eles (petistas) disseram que não queriam dividir o palanque com quem foi citado na Caixa de Pandora;, disse Nemer.

O nome do distrital foi mencionado em uma conversa entre o ex-governador José Roberto Arruda (sem partido), o ex-chefe da Casa Civil José Geraldo e o ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa. Ele é suspeito de ser um dos beneficiários do esquema de pagamento de propina. ;Tenho a consciência tranquila porque não participei de nada, e quem vai me julgar são as urnas;, desabafou.

O ex-secretário de Educação José Luiz Valente (PMDB) também é alvo do Inquérito n; 650 do Superior Tribunal de Justiça. Candidato a deputado distrital, ele chegou cedo à inauguração e só saiu no fim do evento, às 12h. Entretanto, preferiu se manter mais discreto e não chegou perto dos candidatos majoritários. ;Olho para frente e não quero saber das críticas. Não esquento a cabeça com isso;, afirmou.

Valente foi citado em uma gravação por um assessor que disse estar recebendo dinheiro em nome do ex-secretário. Depois da divulgação do vídeo, o funcionário teria afirmado que agiu sem conhecimento do superior. Luiz Valente ainda teve a casa e o gabinete alvo de um mandado de busca e apreensão. Segundo o candidato, tudo não passou de uma confusão da Polícia Federal, que teria trocado seu nome com o de outro investigado. ;Quando a PF corrigir essa situação, tudo ficará esclarecido;, garante.

Agnelo disse não ver problema em fazer campanha ao lado dos investigados. ;Enquanto nada for provado, não poderemos condenar ninguém antecipadamente.; Para Filippelli, não existe constrangimento entre os candidatos. ;Já superamos isso, porque quem tinha de sair já está fora e mostramos que é possível fazer a coligação e empolgar a militância juntos;, afirmou.

Ausências
A inauguração do comitê do PMDB não atraiu muitos petistas. A maioria dos candidatos da legenda preferiu priorizar a agenda de Agnelo apenas na parte da tarde. No almoço na Feira do Guará, apareceram figuras conhecidas do PT, como os deputados distritais Paulo Tadeu e Cabo Patrício.

O presidente do PT-DF, Roberto Policarpo, afirmou que as divergências entre os membros das legendas são residuais. Para melhorar a relação, a coligação fará uma plenária com todos os candidatos. A data ainda não foi definida. ;Quem faz as críticas vê que nas ruas não existe problema algum;, disse Policarpo. A opinião é compartilhada pelo ex-deputado distrital pelo PMDB Odilon Aires. ;As pessoas que são contrárias à união não falam pelos partidos, tanto que não interferiram na coligação.;

Odilon também é alvo do inquérito por ter sido filmado recebendo dinheiro de Durval Barbosa. Ele foi contra a coligação, mas disse ter mudado de ideia por seguir as determinações do partido. ;Não temos nenhuma dificuldade, até porque depois da crise de 2005 no PT eles passaram a não ter mais credencial para criticar ninguém;, afirmou.

1 - Quartel-general

A área de 4mil metros quadrados no SIA servirá como um quartel-general do PMDB. O local conta com um prédio de dois andares, de 2,3 mil metros quadrados, oito salas e um auditório, além de uma garagem para plotagem de carros. O aluguel é de R$ 30 mil, que será revertido como doação de campanha pelo proprietário do espaço.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação