postado em 21/07/2010 07:00
Estudantes da Universidade de Brasília (UnB) temem circular pelo Câmpus Darcy Ribeiro, na Asa Norte. São comuns os casos de pessoas que sofreram, ou conhecem quem sofreu, algum tipo de violência nas imediações do centro de ensino superior. Uma pesquisa recente feita por estudantes do Departamento de Psicologia mostrou que 60% dos entrevistados consideram a UnB um local inseguro. O medo aflige principalmente mulheres e alunos do período noturno. A área que abriga a Reitoria e a Biblioteca Central foi apontada como a mais perigosa do câmpus, seguida pela subida que dá acesso à L2 Norte (veja arte). Para os entrevistados, a falta de iluminação, a pouca movimentação e a ausência de policiamento na região são os motivos principais que colaboram para a sensação de falta de segurança dos alunos.Para chegar a essas informações, um grupo de cinco estudantes do terceiro semestre de psicologia aplicou aleatoriamente um questionário a 100 alunos da UnB que transitavam no Instituto Central de Ciências (ICC), nos períodos diurno e noturno. No relatório, o entrevistado enumerava os três locais que considerava mais perigosos na universidade, explicitava os motivos das respostas e marcava sim ou não para a pergunta: ;Você se sente seguro no câmpus em geral?;. Foram abordados 25 homens e 25 mulheres em cada turno. Após consolidarem as informações, os alunos concluíram que o turno do curso e o sexo dos participantes influenciam no sentimento de segurança. Das 50 mulheres ouvidas, 38 sentem medo, enquanto 22 homens assumiram sentir insegurança dentro do câmpus.
;A nossa hipótese era a de que estudantes do turno noturno e as mulheres se sentem mais inseguros, evidências que constatamos através da pesquisa;, conta a aluna Lara Percílio, 19 anos, que participou do estudo. A jovem explica que a pesquisa feita para a disciplina de psicologia ambiental foi motivada pelos sucessivos casos de violência ocorridos na região, entre eles o da estudante de letras que foi estuprada nas imediações da universidade, em março último (veja memória). ;Esperamos que a pesquisa ajude a melhorar a situação, ou que seja pelo menos um passo inicial.;
Ocorrências
Cerca de 27, 5 mil alunos, atualmente, estão matriculados na UnB. Muitos deles compartilham situações de risco provocadas pela falta de iluminação e policiamento da região formada por muitos terrenos baldios com pouca circulação de pessoas.
De maio até a primeira quinzena de julho, a Coordenadoria de Proteção ao Patrimônio (CoPP) da UnB contabilizou cerca de 90 casos de furto, roubo e desaparecimento de patrimônio dentro do câmpus. Uma ocorrência a cada 37 horas. No último dia 7, um ladrão entrou na sala da UnBTV e roubou uma minicâmera e dois laptops. Antes de cometer o crime, o homem se identificou como professor. O prejuízo estimado é de R$ 4 mil. A Delegacia Fazendária da Polícia Federal investiga o caso. De acordo com nota divulgada no site da UnB, os suspeitos do crime já foram identificados. Informação que não foi confirmada pela assessoria de imprensa da PF.
O prefeito do câmpus, Paulo César Marques da Silva, afirma que a obra de iluminação terá início em dois meses. ;Já queremos começar o ano letivo de 2010 com uma iluminação nova;, disse. O projeto já foi licitado e a empresa, contratada pelo serviço. Segundo Paulo, o sistema das luminárias será trocado e novos postos instalados nos pontos de maior circulação de pessoas. O investimento é de R$ 1 milhão.