Cidades

Áreas de lazer da Asa Norte estão abandonadas

Aumenta o número de quadras em que os espaços destinados ao descanso e às brincadeiras das crianças se encontram sem manutenção, oferecendo, muitas vezes, riscos de contaminação por dejetos

postado em 23/07/2010 07:35
A economista Aline Zerefos, 22 anos, desce todos os dias com a filha de 8 meses para passear pela 104 Norte. A pequena Sarah começa a se desenvolver e, na opinião da mãe, passa por uma fase em que o contato com o mundo fora de casa é fundamental. A área de lazer nas proximidades do bloco onde elas moram, porém, não desfruta de manutenção regular dos órgãos públicos. ;As calçadas ficam cheias de lixo. Às vezes, tem cacos de vidro e preservativos. Não dá para as crianças brincarem;, constata. A moradora da quadra conta ainda que a areia do parquinho da região vive cheia de fezes de animais.

Criança brinca no parquinho da 304 Norte: mau estado de conservação do local pode ser visto na areia, sempre suja, e no aspecto geral dos aparelhos utilizados para diversãoOs ferros dos balanços e das gangorras da 104 Norte estão pichados. Segundo a economista, é difícil ver agentes de limpeza por lá. ;Alguns moradores varrem as calçadas sempre que têm tempo. Pretendemos organizar um mutirão com toda a comunidade;, adianta. Mas os problemas nos equipamentos de uso comum não se restringem à quadra de Aline. Na 304 Norte, os aparelhos de malhação estão velhos, enferrujados e cobertos de folhas e restos de frutas das árvores do local.

A quadra esportiva da 305 Norte também não tem mais condições de ser usada. O piso está cheio de incorreções e as traves dos gols, tortas. Não há tabelas para as cestas de basquete e a grade de arame tem vários buracos. Ao brincar no local, a filha da professora Gilmara Quevedo, 36 anos, tropeçou nos fios pontiagudos que saem da cerca deteriorada. Com a queda, Linda Quevedo, de 2 anos, machucou as pernas. ;A quadra está abandonada há muitos anos. Os moradores improvisam jogando futebol nos gramados;, conta. Segundo Gilmara, o único benefício recente da 305 Norte foi a instalação de iluminação pública.

Licitações
A Administração Regional de Brasília garante que faz pequenos reparos semanais nos equipamentos de lazer do Plano Piloto. Além disso, há duas licitações para recuperação e construção de quadras esportivas e parquinhos. De acordo com o órgão, os dois processos somam R$ 2,5 milhões e se encontram em fase final de aprovação na Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). A administração acrescenta que uma equipe ; reforçada por funcionários do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) ; visitou ontem a 308 Sul para conter a sujeira do local. No início da próxima semana, o órgão fará reparos nas quadras poliesportivas da 406 Norte e da 407 Norte.

Outro playground da 104 Norte, nas proximidades do Bloco F, apresenta traços do abandono. Um dos três balanços não está mais lá. A prefeita comunitária do local, Maria das Graças Borges, conta que os equipamentos que restaram, assim como o escorregador, são velhos. ;As crianças não têm onde se divertir. Muitos dos brinquedos estão aqui desde a fundação da quadra;, estima. De acordo com ela, a entidade tem se empenhado em trazer melhorias para a região. ;A gente consegue postes de luz e poda de árvores, mas a reforma nos parquinhos é um problema;, afirma Maria das Graças.

A aposentada Jurandir Soares, 72 anos, mora na 104 Norte há 30 anos. ;No começo, tudo era tão arrumado. O tempo passa e os órgãos públicos não fazem o que é preciso;, avalia. Jurandir, que atua como vice-prefeita da quadra, aposta na necessidade de portões para evitar a entrada de cachorros. ;A sujeira na areia é perigosa, pode trazer doenças para as crianças;, alerta.

O número
R$ 2,5 milhões
Valor estimado pela Administração Regional de Brasília destinado à revitalização dos parquinhos e quadras poliesportivas do Plano Piloto


Eu acho...
"As quadras têm tanto espaço verde! Não entendo o porquê dessa falta de estrutura. Além das precárias áreas de lazer, há poucas lixeiras nas ruas. As prefeituras comunitárias deveriam ser mais atuantes e mobilizar os moradores na articulação com o poder público. Uma ação conjunta seria a solução para resolver os problemas urbanos da cidade."

Luciana Schunemann, 32 anos, professora, moradora da 305 Norte

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