Vera Batista
postado em 24/07/2010 07:37
A decisão de suspender a venda do Banco de Brasília (BRB) para o Banco do Brasil (BB) não foi tomada unilateralmente pelo Governo do Distrito Federal (GDF). O comando da instituição federal também decidiu interromper as negociações iniciadas em 2007 devido ao esfacelamento do Executivo distrital depois do estouro da Operação Pandora, no início deste ano, que resultou na queda do então governador José Roberto Arruda e de seu vice, Paulo Octávio. "Não há como fazer qualquer negociação andar com o GDF neste momento. Por isso, suspendemos todos os entendimentos", disse ao Correio um integrante do BB envolvido no processo de avaliação do BRB.O Banco do Brasil admite, porém, reiniciar as negociações no próximo ano, com um governo eleito suficientemente forte para aprovar a venda do BRB na Câmara Distrital. Hoje, o Legislativo local está sob total suspeição, depois de ser atingido por denúncias de corrupção. "Portanto, na eventualidade de retomarmos as negociações com o GDF, tudo será feito com respaldo, de forma transparente, sem riscos. Esse é o melhor caminho para todos", acrescentou o técnico do BB. Ele admitiu que, durante um bom tempo, a compra do BRB era estratégica para a instituição, pois ajudaria a lhe garantir a liderança do mercado bancário brasileiro, que havia sido perdida para o Itaú Unibanco. Mas com o BB de novo no topo do ranking, a operação deixou de ser "necessária".
Em nota, tanto o GDF quanto o BRB asseguraram que as conversas entre a instituição e o Banco do Brasil não foram encerradas por completo. Quando isso acontecer, todos os envolvidos publicarão fatos relevantes ao mercado, seguindo as determinações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Os dois bancos têm ações negociadas nas bolsas de valores. Ontem, o Correio informou, com base em fontes seguras, que o namoro do BB com o BRB chegou ao fim. Só faltava o comunicado oficial aos investidores.
O BRB, inclusive, já traçou o seu caminho. Por questão de sobrevivência, pois perderá o monopólio da prestação de serviços aos servidores distritais (1)a partir de 2012, partirá para cima da clientela da concorrência. Tanto que sua financeira se instalou na Esplanada dos Ministérios para oferecer crédito consignado ao funcionalismo federal e fechou acordo com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para financiar aposentados e pensionistas. Já a empresa de cartões do BRB prevê ampliar de 180 mil para 400 mil o número de clientes.
1 - Perdas
A folha de pagamento dos servidores do Governo do Distrito Federal é superior a R$ 10 bilhões por ano. Ela representa o maior ativo do BRB. Para reduzir eventuais danos com a perda de exclusividade das contas dos servidores, a direção decidiu abrir agências em Cuiabá e Campo Grande.