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Usuários da Estrada Parque Paranoá se queixam do novo formato da via no trecho próximo ao SMLN

Segundo eles, tornou o trajeto muito arriscado. DER contesta a reclamação

postado em 24/07/2010 07:15
Motoristas que transitam pela Estrada Parque Paranoá, na DF-005, reclamam da falta de acostamento no trecho que corta o Setor de Mansões do Lago Norte (SMLN). Segundo eles, a obra de reestruturação da rodovia, concluída em maio último, tornou o percurso ainda mais perigoso. O Departamento de Estrada e Rodagem do DF (DER-DF) implantou meio-fio rente aos dois sentidos da via. O dispositivo, segundo os condutores, impossibilita que os carros ultrapassem os limites da pista em caso de paradas emergenciais. ;Antes, quando não existia o equipamento, o motorista podia desviar de um carro quebrado. Na quinta-feira, por exemplo, tinha um caminhão quebrado na pista e eu tive que entrar na contramão para não bater nele;, reclama o servidor público Salomão Hamu, 50 anos, há 15 morador do SMLN.

Segundo DER, meio-fio é para escoar água e fechar acessos clandestinosSalomão afirma que, depois que o meio-fio foi colocado, quatro acidentes já ocorreram no local. O trecho que oferece risco aos motoristas compreende 7,6 quilômetros da rodovia que tem 20 de extensão. E fica poucos metros da Barragem do Lago Paranoá. ;Está muito perigoso. Antes, sem o acostamento, o condutor que precisasse poderia parar o carro sem provocar acidentes. Era só jogar um pouco para fora da pista;, argumentou o servidor. ;Tudo bem que recapearam a estrada, mas colocaram um meio-fio que só atrapalha.;

Riscos
Ontem, o caminhão do motorista Balbino de Jesus, 42 anos, teve o pneu furado quando transitava pela DF-005. ;A sorte foi que percebi o estrago metros antes do início do trecho que não é duplicado;, afirmou o morador do Varjão. Se tivesse avançado mais um pouco, Balbino teria passado um sufoco. ;Eu teria que continuar a viagem até achar um lugar aonde pudesse parar. Do jeito que está pesado, o caminhão não passaria em cima do meio-fio para sair da pista;, alegou. Caminhoneiro há 20 anos, Balbino tem experiência em dirigir em rodovias e faz uma alerta: ;Lugar sem acostamento é de alto risco;.

David Duarte, presidente do Instituto de Segurança no Trânsito (IST) e professor da Universidade de Brasília (UnB), explica que a colocação de meio-fio em partes de uma rodovia não é proibida, mesmo não havendo acostamento. ;Deve-se obedecer os critérios técnicos, mas principalmente o bom senso. Muitas vezes, uma solução técnica vai contra o bom senso. Se não há necessidade do equipamento, é dinheiro jogado fora. O DER comete muitos erros de engenharia;, acusa.

Necessidade
O ditor-geral do DER, Luiz Carlos Tenezini, explica que a implantação do dispositivo tem duas finalidades específicas: ;Foram colocados para escoar a água da chuva e fechar acessos clandestinos que os moradores abriam para ter acesso direto à rodovia;. De acordo com Tenezini, se a água pluvial não for direcionada, pode provocar erosões nas margens da rodovia. Além disso, o meio-fio tem como objetivo evitar manobras bruscas na pista, antes executadas pelos motoristas para entrar nos retornos improvisados, feitos pelos moradores da região. ;Na verdade, as pessoas estão reclamando porque estavam acostumadas a ter esse acesso clandestino à rodovia;, retruca Tenezini.

Ele afirma desconhecer dados do aumento de acidentes relacionados ao equipamento. ;A informação não procede. Acidentes menores sempre ocorreram na DF, mas não por conta do meio-fio;, argumenta. Quanto à duplicação, o diretor do DER disse que o órgão não tem licença ambiental para executar a obra. ;O trecho (de 7,6 quilômetros) está inserido na Área de Proteção Ambiental (APA) do Paranoá, o que dificulta a ampliação das duas pistas.; Tenezini acrescenta que é a primeira vez em 50 anos que a Estrada Parque Paranoá passa por uma restauração (1). ;A rodovia foi utilizada para construção da Barragem do Lago Paranoá, na época de JK;, conta.

1 - Adequação ao movimento
A obra de restauração dos 20 quilômetros da Estrada Parque Paranoá (EPPR) começou em outubro de 2009 e terminou em maio último. O investimento foi de R$ 7 milhões, de acordo com o DER. Nas pistas duplicadas, foram instalados 14 radares eletrônicos (pardais). No trecho de mão dupla serão em breve instalados outros seis. A velocidade da via é de 80km/h.

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