Cidades

Leishmaniose faz uma vítima

O paciente veio da Paraíba em busca de tratamento, mas não resistiu. No DF, no primeiro semestre deste ano, 22 pessoas foram infectadas e 127 cães acabaram sacrificados

postado em 24/07/2010 08:10
Veterinários e moradores de Sobradinho I e II e das áreas rurais estão preocupados com a possibilidade de um surto de leishmaniose. A área é considerada endêmica e, para evitar a contaminação, a Secretaria de Saúde tem sacrificado cães com diagnóstico positivo. No primeiro semestre deste ano, 1.307 exames foram feitos em cães do Distrito Federal, destes, 127 estavam com a doença e tiveram de ser sacrificados. Até agora, uma morte foi confirmada pela Vigilância Epidemiológica, mas o paciente era natural da Paraíba (PB), e tinha vindo para Brasília buscar tratamento. Nos primeiros sete meses deste ano, 37 casos de leishmaniose visceral humana foram notificados, sendo que o resultado do exame de sangue confirmou 22 deles, ou seja, 59%. Entre as pessoas infectadas com a doença, 10 delas (45%) são crianças entre 1 e 4 anos.

O paciente veio da Paraíba em busca de tratamento, mas não resistiu. No DF, no primeiro semestre deste ano, 22 pessoas foram infectadas e 127 cães acabaram sacrificadosSegundo a diretora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde, Maristela dos Reis Alves, todas as pessoas contaminadas este ano contraíram a doença em outros estados ; Minas Gerais, Goiás, Ceará, Bahia e Paraíba. ;Nenhum dos casos é do DF;, tranquilizou. Segundo ela, o número de infectados se mantém praticamente o mesmo da média registrada nos últimos três anos. Em Sobradinho, tanto moradores quanto veterinários estão preocupados com a quantidade de cães infectados. No Pet Shop Mascote, localizado no Império dos Nobres, em Sobradinho II, pelo menos dois cães são sacrificados por semana. ;Normalmente o pelo do animal cai muito, ele emagrece e apresenta feridas. Quando olhamos para o cão, já desconfiamos que ele pode estar com leishmaniose;, explicou a veterinária Adriana Rodrigues Zica.

Há dois meses, o médico Ronan Augusto Costa, 38 anos, levou três cães para a Zoonoses para serem sacrificados. Os cães estavam na chácara dele, em Sobradinho II. ;Quando descobri a doença, levei logo para a Zoonoses;, disse.

Em maio deste ano, a artesã Josette Aguiar, 59 anos, moradora da Quadra 4 de Sobradinho I também teve uma surpresa dolorosa. A mascote da família ; uma cadela chamada Lilica ; precisou ser levada para eutanásia. A descoberta ocorreu depois da visita ao veterinário. ;Achei que ela estava com reumatismo por causa da velhice. Quando fiquei sabendo que estava com leishmaniose nem acreditei;, disse. A filha de Josette, a professora de educação física Larissa Aguiar, 25 anos, tinha muito apego à cadela. ;Eu era criança quando ela veio para casa. Todo mundo chorou muito quando ela morreu;, contou. Uma equipe da Zoonoses esteve no local a fim de eliminar possíveis focos do mosquito flebótomo (transmissor da doença), mas nada foi encontrado (veja arte).

Os riscos de contrair leishmaniose são maiores durante o período de seca, em áreas rurais e próximos a lixo, galinheiros ou locais com material orgânico. De acordo com o gerente de Controle de Zoonoses da Vigilância Ambiental, Rodrigo Barreto, Sobradinho II, Varjão, Lago Norte, Planaltina e São Sebastião são algumas das cidades monitoradas constantemente. ;São áreas de transmissão, com animal, mosquito e ser humano infectados. Temos esse tripé nessas localidades. Isso não significa que esteja ocorrendo um surto, mas que são áreas de transmissão da doença;, explicou.

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