postado em 24/07/2010 07:48
;Se eu for solto, volto a matar.. Essa foi uma das declarações dadas por Adaylton Nascimento Neiva, 31 anos, antes de ser transferido do Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) do Novo Gama (GO), onde estava preso há uma semana, para o Departamento de Polícia Especializada (DPE) de Brasília. Apresentando muitas alterações de comportamento, o maníaco, réu confesso de nove assassinatos, impressionou ao admitir ser um psicopata. Ele também não negou a comparação com outro serial killer: Ademar Jesus da Silva, acusado de violentar e executar sete jovens em Luziânia (GO). ;A diferença é que ele estuprava, eu só queria matar, meu desejo era só matar;, revelou.Adaylton disse ser vítima de um Estado repressor, clamou por acompanhamento psicológico e afirmou o que muita gente imagina: ;Eu não sou uma pessoa normal e preciso de ajuda. Quando fui preso pela primeira vez, eu pedia remédio e eles me batiam de cassetete dizendo que aquele era o melhor remédio. Vocês acham que alguém sai do presídio melhor recebendo esse tratamento?;, questionou.
O assassino mostrou ira ao falar da família e admitiu ter armado várias tocaias para matar alguns parentes. ;Minha vontade era voar no pescoço da minha irmã mais velha. Na infância, ela me obrigava a fazer um monte de coisas que eu não queria. Meu cunhado também me violentou. Fui atrás dele, mas descobri que alguém já tinha matado ele. Queria muito ter tirado a vida dele. Minha mãe tentou me matar de facão, mas nunca pensei em matá-la.;
A ideia de transferir Adaylton para Brasília foi tomada porque ele era considerado foragido da justiça do Distrito Federal. Em outubro de 2009, ele cumpria pena em regime semiaberto e deveria dormir no Centro de Progressão Penitenciária (CPP), localizado no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), mas, depois de um dia de trabalho, não retornou.
Ele é acusado de matar oito pessoas e estuprar outras três. Na quinta-feira, confessou ter assassinado outra mulher, desta vez, em Santa Maria. Mas a polícia trata a informação com cautela, já que ele estaria caindo em contradição. ;Vamos continuar apurando esse caso, mas percebo que ele varia muito quando fala nesse caso de Santa Maria. Está meio confuso, mas, de qualquer forma, vamos ficar atentos a essa revelação;, afirmou o chefe do Ciops, Fabiano de Souza Medeiros.
Ontem, o maníaco recebeu as primeiras visitas. Dois membros de uma igreja evangélica de Sobradinho que Adaylton frequentou antes de ser detido levaram para ele uma Bíblia, um tubo de creme dental, um sabonete e outros itens de higiene. Um agente revelou que o maior homicida da história do município goiano chorou ao vê-los. ;Ele ficou mais calmo e encheu os olhos d;água;, conta.
Caso encerrado
O delegado considera o caso de Alessandra Alves Rodrigues, 14 anos, praticamente encerrado. Ela foi a última vítima de Adaylton. Em 21 de dezembro do ano passado, a estudante foi esganada pelo maníaco num matagal na Região do Alagado, entre os bairros El Dourado e América do Sul. No entanto, a elucidação dos outros crimes confessados pelo maníaco pode ser complicada. ;O caso Alessandra está fechado. Em relação aos outros crimes que ele confessou, não posso indiciá-lo ainda porque só tenho a palavra dele. Por enquanto, não há provas materiais nem testemunhais. Nem mesmo ocorrência de desaparecimento nós temos na nossa região no período em que ele diz ter matado as duas moças;, pondera o delegado.
A série de crimes de Adaylton começou em 2000, quando ele matou a pauladas a companheira, grávida de cinco meses, e sua enteada, asfixiada com um saco plástico. Menos de um ano depois, em fevereiro de 2001, ele estuprou três mulheres no Gama e, dessa vez, foi preso. Somadas as penas dos crimes, a condenação chegou a 41 anos e 10 meses. Após ser avaliado como um preso com bom comportamento, ganhou o direito à progressão para o regime semiaberto, mesmo com dois laudos criminológicos alertando para o perigo de concessão do benefício. Durante um ano e meio, ele cumpriu a determinação de sair para trabalhar e retornar ao presídio. No entanto, em outubro do ano passado, o maníaco saiu e não voltou mais. Entre o período em que esteve em liberdade provisória e a fuga do regime semiaberto, ele fez suas outras seis vítimas.