Cidades

Cidade-patrimônio atrai pelos negócios

Pesquisa inédita do CET da Universidade de Brasília revela que os compromissos profissionais atraem 60% dos visitantes, que não ficam mais do que dois dias na capital da República

postado em 25/07/2010 07:48

Turistas não faltam em Brasília. De segunda a segunda, eles estão espalhados pelos principais atrativos do Plano Piloto de Lucio Costa e Oscar Niemeyer. Tiram bastante fotos, gostam da cidade, acham tudo muito bonito e até voltam algumas vezes. Mas quase sempre para pernoitar. A capital do país não consegue segurar os visitantes por mais de dois dias. O Correio divulga, com exclusividade, pesquisa inédita com o perfil do turista do Distrito Federal. Os dados são do livro Impacto do turismo na economia do DF, que será lançado na próxima quarta-feira.

Os números confirmam a tese de que Brasília atrai particularmente turistas de negócios. Quase 60% dos que visitam a capital federal justificam a viagem com reuniões de trabalho ou participação em convenções. Quando o intuito é lazer, o percentual não chega a 7%. De férias ou não, pouco mais de 70% dos turistas ficam, no máximo, dois dias em Brasília. Os que chegam de avião são maioria. Mas ainda há muitos que vêm à cidade de carro. A recepção dos estrangeiros se revela incipiente ; visitantes de outros países representam 3,4% do total.

[SAIBAMAIS]Para traçar o perfil geral do turista, pesquisadores do Centro de Excelência em Turismo (CET) da Universidade de Brasília (UnB) que organizaram o livro usaram informações de uma amostra de 5.070 fichas de hospedagem distribuídas em hotéis da cidade em 2007. Foram aproveitados também números tabulados pelo Sistema de Informações Hoteleiras para o Turismo (Sihtur), coletados um ano mais tarde. Como não existe um banco de dados abastecido com frequência, a pesquisa a ser divulgada por meio do livro esta semana é o que há de mais atualizado e próximo da realidade.

O quadro feito pelo Correio com as principais informações do turista de Brasília traz uma média dos percentuais obtidos em 2007 e 2008. São Paulo e Rio de Janeiro lideram o ranking do estado de origem dos visitantes, seguidos de Minas Gerais e do vizinho Goiás. O próprio DF surge entre os cinco principais emissores, o que se explica, em parte, pelas promoções lançadas por hotéis da cidade para atrair clientes locais em fins de semana e feriados. Em 2007, os brasilienses só não foram hóspedes mais assíduos do que os paulistas.

Confira entrevista com Maria de Lourdes Rollemberg Mollo

Carência
A elaboração do livro com os dados inéditos levou dois anos. Diante da carência de informações sobre o turismo no DF, a extinta Empresa Brasiliense de Turismo (Brasiliatur) encomendou a pesquisa ao CET da UnB. ;Tiramos leite de pedra. O que havia, até então, eram números dispersos, soltos;, conta a coordenadora do Núcleo de Economia do Turismo do CET e uma das organizadoras do livro, Maria de Lourdes Rollemberg Mollo. Segundo ela, a obra será útil para os governantes e para a sociedade. ;A divulgação é o primeiro passo para se discutir e aprofundar o tema;, defende.

Para chegar ao perfil detalhado dos turistas de negócios e os de lazer, os pesquisadores foram a campo e validaram 1.906 relatórios preenchidos por visitantes nos principais pontos turísticos de Brasília. A Catedral é o lugar preferido pelos dois grupos. Em segundo lugar, aparece a Torre de TV, para quem está de férias, e os shopping centers, entre os executivos. ;Sabendo do que o turista gosta e do que não gosta, governo e a iniciativa privada podem tomar decisões mais seguras. Essa é a importância dos dados;, comenta a professora Maria de Lourdes.

Os turistas de negócios são, geralmente, homens casados, vêm de São Paulo, têm entre 31 e 45 anos, ganham entre R$ 4,5 mil e R$ 9 mil e são concursados. As viagens costumam ser programadas pelo lugar onde trabalham. Chegam de avião, sozinhos, e se locomovem de táxi na cidade. Aparecem uma vez por ano e não passam mais do que três dias hospedados, quase sempre em hotéis ou flats. Por dia, gastam entre R$ 101 e R$ 300. Apenas um em cada quatro visitantes desse grupo vai a alguma cidade-satélite durante a estadia. A maioria recomenda Brasília, mas não pretende retornar.

Do lado de quem decide conhecer a capital do país a lazer, os mineiros são maioria. São homens e mulheres, entre 31 e 45 anos, que atuam em empresas privadas e têm uma renda inferior à dos turistas de negócios: entre R$ 901 e R$ 2.250. Mesmo assim, gastam na viagem a mesma quantia que os executivos. Montam os próprios pacotes, chegam de avião, mas percorrem a cidade de ônibus ou metrô. Também não passam mais de três dias, porém vão mais às cidades-satélites. Ao fim da estadia na casa de parentes ou amigos, recomendam o passeio e dizem que pretendem voltar.


LANÇAMENTO
O livro Impacto do turismo na economia do DF, organizado pelo Centro de Excelência em Turismo (CET) da UnB, será lançado pela Editora Senac na próxima quarta-feira, às 18h30, no Café Cultural da Caixa (Setor Bancário Sul, Q. 4). O exemplar será vendido a R$ 55.

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