Cidades

Quem procura os hospitais do DF espera que o futuro governador resolva problemas graves

Falta de médicos e de materiais são comuns na rede pública

postado em 27/07/2010 07:00
A expectativa da população que enfrenta o caos dos hospitais públicos do DF é grande sobre as melhorias na rede, propostas nos programas de governo dos oito candidatos ao Palácio do Buriti. A dona de casa Joana do Nascimento, 58 anos, moradora da Estrutural, levou um tombo no último dia 2. Procurou o Hospital de Base de Brasília (1) (HBDF). ;O doutor pediu para que eu voltasse na semana passada, mas quando eu cheguei aqui não tinha médico nenhum. Ninguém me atendeu e eu não tenho dinheiro para ficar indo e vindo sempre, como eles pediram;, lamenta.

Em dezembro do ano passado, o pai da assistente administrativo Ildelene Teles da Silva, 37 anos, moradora do Jardim Ingá (GO) ; José Batista da Silva, 74 ;notou um caroço no pescoço. Ele foi levado ao posto de saúde da localidade goiana e o diagnóstico foi diferente do que o aposentado tinha. Os médicos disseram que José Batista estava com tireoide.

De lá, o paciente foi encaminhado ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran), mas somente após cinco meses de luta, ele foi internado na unidade, em maio. ;Ninguém pediu sequer uma biopsia. Não havia nem filme para revelar o exame de tomografia que fizeram no meu pai. Eu tive que ir lá e brigar para conseguir os resultados;, disse Ildelene. José da Silva está com câncer no pescoço. Os médicos do Hran fizeram o pedido de encaminhamento ao Hospital de Base. ;Uma vizinha nossa, enfermeira do leito, nos ajudou e marcou a radioterapia. Se não fosse por ela, não sei se teríamos conseguido até hoje. Ele veio para cá (Hospital de Base) para morrer;, ressalta.

Sofrimento
Há um mês, a dona de casa Marilene Macedo, 51 anos, moradora de Ceilândia, sentiu dores nas costas e procurou o Hospital Regional da Ceilândia (HRC). Os médicos, sem fazer nenhum exame, passaram remédios para dores. Na última quarta-feira, ela passou mal novamente e, na sexta-feira, voltou ao HRC. Chegou às 10h, acompanhada do marido. Às 17h, ainda não tinha sido atendida. ;Esse hospital está largado, as cadeiras estão quebradas. Vou ter que esperar aqui até os médicos chegarem, porque do jeito que eu estou não dá para ficar;, queixou-se. De tanta dor, ela chegou a deitar-se na recepção.

Já a diarista Marilete Cândida dos Santos, 58 anos, moradora de Ceilândia, quebrou o pé e, para ser atendida no HRC, teve de esperar três horas. Quando chegou a sua vez, a surpresa: não tinha gesso. ;Os funcionários pediram para eu comprar bandagens. Gastei R$ 7 com esse material, mais R$ 6 com uma injeção para dor. Agora não tenho mais dinheiro para ir embora;, ressaltou, na semana passada.

1 - Sem esparadrapo
Em maio, o Correio mostrou o caos na maior unidade de saúde pública do DF ; o Hospital de Base. Na ocasião, os médicos trabalhavam sem o mais básico dos materiais hospitalares. O esparadrapo sumiu das prateleiras do HBDF. Mas a lista dos produtos em falta era bem mais extensa ; somava 29 itens. Os estoques de sondas, agulhas, catetér, coletor de urina, bisturi, luvas e até fio de sutura acabaram, de acordo com um informe colado na porta no próprio centro cirúrgico.

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