postado em 27/07/2010 07:58
As circunstâncias que levaram o bebê João Pedro a ter complicações após o nascimento no Hospital Regional de Ceilândia estão longe do esclarecimento. Ontem, cinco funcionários do HRC envolvidos no caso ; uma pediatra, duas enfermeiras e duas técnicas em enfermagem ; prestaram depoimento na 15; DP (Ceilândia). Os relatos das servidoras atestaram a versão de que não havia um médico no momento em que Izabel Cristina da Silva, 33 anos, deu à luz o filho no dia 19. Uma funcionária disse ainda que não são raras as vezes em que só enfermeiras realizam o parto. Elas confirmaram também que um terceiro médico teria examinado a gestante, apesar de Izabel insistir que foi atendida por dois obstetras: uma médica quando deu entrada na emergência, às 4h45, e outro durante o trabalho de parto.Uma das técnicas em enfermagem contou que ouviu o terceiro médico, que assumiu o plantão das 7h, dizer a duas estagiárias de medicina que ainda não havia condições para o parto e saiu da sala, apesar dos 10 centímentros de dilatação. Outra testemunha afirmou que o médico teria deixado o local para buscar materiais para a realização o parto. ;Por isso é importantíssimo ouvir as estagiárias. Elas têm mais informações sobre o que aconteceu naquele momento;, diz o delegado-chefe da 15;, Onofre de Moraes. As estudantes serão as próximas testemunhas a ser ouvidas.
As servidoras deram mais informações sobre o estado de saúde da criança após o nascimento. ;Segundo elas, o bebê nasceu com líquido meconial, ou seja, contaminado com fezes. Isso pode indicar que a criança passou por sofrimento intrauterino, o que levou à parada cardíaca. A pediatra que reanimou o recém-nascido confirmou a informação;, afirma o delegado-chefe, Onofre de Moraes. Outro fator complicador, alegaram as funcionárias, era que João Pedro estaria com o cordão umbilical enrolado no pescoço. Aos policiais, restam perguntas: ;Queremos agora saber em quais circunstâncias esse sofrimento pode acontecer. A presença de um médico teria impedido? Há algum exame que pode identificar essas complicações? Nossos médicos é que poderão nos responder;, disse de Moraes.
Melhora
A família de João Pedro recebeu ontem boas notícias. Internado, em coma, na UTI desde o dia em que nasceu, o bebê reagiu a estímulos. ;Ele mexeu as pernas. Depois, quando o tocaram mais uma vez, ele se mexeu de novo;, conta o tio Wellington dos Santos. Segundo ele, os resultados dos exames feitos não constataram alterações nos órgãos ou coágulos no cérebro, e João engordou 500 gramas. ;O edema na cabeça foi considerado o mais leve. Ele já está tomando menos medicação e respirando sozinho;, informou o tio. Segundo ele, o pai do bebê, Welis Rosa de Santana, 33 anos, teve de voltar a trabalhar, mas tem ido ao hospital à noite. Izabel tem passado os dias no hospital, mas preferiu não dar entrevistas. ;Agora é que eles começaram a se soltar conosco. Izabel continua muito triste, mas acho que ela vai se animar com a melhora do João. Para nós, é uma benção;, comemorou.
Entenda o caso
João Pedro nasceu às 7h10 do dia 19, com 3,450 quilos e 51 centímetros. Segundo a família da criança, houve negligência médica. Eles afirmam que o parto teria sido feito com quase meia hora de atraso em razão da falta de obstetras no local. Em nota, a Secretária de Saúde do DF afirma que Izabel deu entrada na emergência do hospital em trabalho de parto e que foi cuidada pela equipe médica e de enfermagem desde então. A última avaliação médica ocorreu às 6h45. Ainda de acordo com a nota, a criança nasceu ;deprimida; e com o quadro de hipoxia ; falta de oxigenação.