Jornal Correio Braziliense

Cidades

Recanto das Emas está a um passo da maioridade

Cidade que praticamente começou com pequenas ocupações na divisa de Samambaia com o Gama comemora 17 anos de regularizada. Mas a população, que cresceu além das projeções, pede mais segurança

A terra vermelha se transformou em asfalto. O mato alto virou comércio. As casas de madeira deram lugar a sobrados de dois, três andares. Depois de 17 anos, completados ontem, o Recanto das Emas se orgulha de ter perdido o status de assentamento e virado cidade grande. A região administrativa, a 15; do Distrito Federal, surgiu de programas governamentais de concessão de lotes (veja Para saber mais) e reúne hoje cerca de 160 mil moradores. A comemoração oficial, com corte do bolo de aniversário, ocorrerá na próxima segunda-feira, na praça da Quadra 103.

Parece que foi ontem o dia em que Edinamar de Jesus Rezende, 50 anos, chegou a um terreno inóspito de 150 metros quadrados na divisa de Samambaia com o Gama. ;Durante os primeiros dias, morei debaixo de três telhas apoiadas em poucas ripas de madeira;, relembra. Tida por muitos como a moradora mais antiga do Recanto das Emas, a mineira de Araxá viu a cidade crescer. ;Antes, era um barraquinho aqui, outro ali. Hoje, as casas aumentaram e melhoraram muito;, observa. Edinamar viveu, na região, tempos de escuridão e de falta de água encanada.

Com o passar dos anos, a população do Recanto das Emas começou a respirar os ares do progresso. Sofia Neves, 52 anos, mudou-se para a Quadra 103 em 1994. A pioneira conta que para cada conjunto habitacional havia um chafariz. A comunidade lavava roupas nas torneiras do equipamento, enquanto as crianças aproveitavam para tomar banho. ;As mulheres carregavam os baldes na cabeça. Pagávamos uma taxa mensal pelo consumo da água;, lembra. ;O Recanto evoluiu muito. O comércio tem bancos e lojas de todos os tipos. Nem precisamos sair daqui para fazer compras.;

Segurança
Os atuais responsáveis pela cidade prometem melhorias. À frente do cargo de administrador regional do Recanto das Emas desde a última terça-feira, Charlie Rangel quer dar continuidade à expansão do local. ;Esperamos investimentos que resultarão na geração de novos empregos. A cidade está pulsando;, ressalta. Rangel considera pontuais os contratempos como bocas de lobo estragadas e buracos no asfalto, mas reconhece que a segurança pública ainda é um problema. ;Está em construção um batalhão de Polícia Militar. O número de efetivos e do maquinário aumentará;, garante.

Desde o surgimento da região, Edinamar tem notícias da falta de segurança da cidade. ;As coisas estão complicadas, falta policiamento;, admite. Os problemas não prejudicam a relação que a moradora mais antiga tem com o local. ;Amo meu Recanto!”, brada. ;Para todos que chegaram aqui no início, ver a cidade do jeito que está hoje é uma conquista.; Atualmente, a população desfruta de todos os equipamentos urbanos necessários. ;É um lugar como os outros. Temos asfalto, transporte público, centros de saúde e escolas;, enumera.

PROGRAMA-SE
A 17; festa de aniversário do Recanto das Emas ocorrerá entre 5 e 8 de agosto, na Praça da Quadra 104/105, próximo ao Restaurante Comunitário da cidade. A dupla Rick & Renner e outras atrações nacionais e locais animarão as comemorações. Durante todo o mês de agosto, haverá também campeonatos esportivos e um festival de dança.

; Para saber mais
Sítios e chácaras

A região onde hoje fica o Recanto das Emas era formada por várias chácaras da Fundação Zoobotânica, todas elas repletas de arbustos de uma espécie conhecida como canela-de-ema. De acordo com a administração regional, havia também o Sítio Recanto, com grande quantidade de emas. Tanta referência à ave pernalta acabou rendendo ao local o nome de Recanto das Emas. No início, o Governo do DF distribuiu 15.619 lotes e previa um total de 86 mil habitantes. A população cresceu além do esperado. Em 1996, foi criado o Parque Ecológico e Vivencial da cidade. Há, no espaço, duas cachoeiras, corredeiras, poços, paredões e nascentes.