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Carne ilegal invade o DF

Em 2009, 70 toneladas foram apreendidas, mas a utilização de rotas alternativas dificulta a fiscalização. Transporte em caminhões improvisados sujeita o consumidor a várias doenças

postado em 30/07/2010 07:00
Entre janeiro e julho deste ano, 12 toneladas de carne clandestina já foram apreendidas pela Diretoria de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal e Animal (Dipova), vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Distrito Federal. Em 2009, o total de carne sem procedência confiscado superou 70 toneladas. Segundo a Dipova, a recente aquisição de mais sete veículos frigoríficos vai ajudar no aumento da fiscalização, feita principalmente em rodovias interestaduais como as BRs 040, 060, 070 e 080. ;A carne geralmente vem de Minas Gerais e principalmente de Goiás, pela proximidade com Brasília;, explica Déuza Ivonete Roos, diretora da Dipova.

As cargas ilegais cruzam a fronteira durante à noite. Equipes de inspeção, cujos agentes têm poder de polícia, se posicionam em locais estratégicos nas rodovias e abordam os veículos suspeitos. De acordo com a Lei Distrital n; 6.437, o responsável pela mercadoria apreendida pode receber multa que varia entre R$ 2 mil e R$ 1,5 milhão, além de responder a processo administrativo e até criminal. A dificuldade encontrada pelas autoridades é rastrear os caminhos alternativos traçados por atravessadores, como são conhecidas as pessoas que transportam as carnes. Muitas vezes, a rota passa por estradas de terra que margeiam a cidade.

Normalmente, os animais são abatidos em cidades do Entorno e a carne entra no DF em caminhonetes e caminhões improvisados, que não respeitam as normas de segurança. ;Além de não passar por inspeção, os produtos são transportados sem refrigeração e sujeitos a várias fontes de contaminação como pneus, lonas sujas e, às vezes, estão em contato direto com o assoalho dos veículos, o que agrava muito as condições sanitárias; diz Roos.

Ao chegar ao destino, as carnes são vendidas para pequenos açougues, supermercados e para feirantes. Nesses locais, a fiscalização é responsabilidade dos 160 inspetores da Vigilância Sanitária. A precariedade na qual são armazenadas e vendidas é exemplificada por uma apreensão feita durante uma operação conjunta entre a Vigilância e a Agência de Fiscalização (Agefis) no início de julho. Na Feira do Guarapari, em Ceilândia, as autoridades recolheram mais de 350 quilos de carne que estava exposta sem qualquer tipo de proteção e acondicionamento. Todo o material apreendido é incinerado.

Matadouros ilegais
No DF, matadouros ilegais já foram descobertos em diversas cidades, mas principalmente em Ceilândia, no Gama e em Planaltina. Na quarta-feira, uma fazenda suspeita de ser usada para o abate clandestino foi descoberta no Pad/DF, em Planaltina. O local era o destino de uma carga de 19 cabeças de gado roubadas com o caminhão que as transportava na terça-feira. Ainda que o crime aconteça, para o diretor da Vigilância Sanitária, Gustavo de Lima, hoje o comércio ilegal no DF é muito menor do que em anos passados. ;Houve um trabalho intenso de conscientização dos próprios donos de açougues. Junto à fiscalização homogênea e contínua, que é feita até hoje, mostramos casos reais de pessoas que adoeceram devido à ingestão de carne contaminada;, explica.

Os riscos de infecção do alimento contaminado são grandes e muito sérios. ;A carne clandestina é muito perigosa. Os animais abatidos geralmente são roubados e, muitas vezes, estão doentes. Não houve qualquer acompanhamento veterinário. Pode haver uma carga química de antibióticos e hormônios muito grande;, alerta. O consumidor pode ter desde diarreias até tuberculose, brucelose. A mais perigosa das doenças é a cistiscercose, transmitida pelo verme Cisticerco cellulosae, larva da Taenia solium, popularmente conhecido como ;canjiquinha;. Ele se aloja no cérebro humano e pode levar à morte. O diretor recomenda ao consumidor que preste muita atenção no local onde a carne é vendida: ;As condições de higiene do estabelecimento apresentam as intenções que proprietário tem;.

Em 2009, 70 toneladas foram apreendidas, mas a utilização de rotas alternativas dificulta a fiscalização. Transporte em caminhões improvisados sujeita o consumidor a várias doenças

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