Cidades

Vazamento de esgoto no Lago Paranoá será apurado

A Caesb conserta o rompimento em adutora na QL 3 do Lago Norte, mas poderá ser multada por dano ambiental. Os moradores temem que a situação volte a ocorrer

Helena Mader
postado em 03/08/2010 07:00
O vazamento de esgoto no Lago Paranoá causado pelo rompimento de uma adutora na QL 3 do Lago Norte será investigado pela Delegacia do Meio Ambiente, pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram). O problema começou na manhã de sábado e só foi controlado no fim do mesmo dia. Por conta da declividade, os detritos foram arrastados até o espelho d;água. A Companhia de Saneamento Ambiental de Brasília (Caesb) pode ser multada por conta do acidente.

O rompimento aconteceu em uma elevatória da Caesb vizinha ao Conjunto 8 da QL 3. A comunidade, entretanto, afirma que esse tipo de problema é recorrente. Alguns moradores da quadra pensam até em deixar a região depois de assistir pela quinta vez ao esgoto escorrer pelas ruas do conjunto. O mau cheiro atrapalhou a comunidade no fim de semana e os transtornos continuaram quando as equipes da Caesb chegaram ao local. Em algumas casas, foi necessário cavar buracos no jardim para estancar o vazamento e consertar os canos rompidos.

O superintendente de Operação e Tratamento de Esgotos da Caesb, Carlos Eduardo Pereira, explica que a elevatória atingida estava em funcionamento havia 14 anos e, por isso, os técnicos decidiram substituir as antigas tubulações. O rompimento começou justamente quando as equipes da companhia trabalhavam na troca. ;Estávamos em uma fase de montagem da nova linha de tubulações quando o problema ocorreu. Durante a transição, uma das conexões da nova rede montada se soltou;, explica o superintendente.

Mas Carlos Eduardo Pereira garante que o problema, que tanto incomoda os moradores da QL 3 e que pode colocar em risco o Lago Paranoá, não vai mais se repetir. ;O que aconteceu foi uma fatalidade. A obra estava sendo feita justamente para evitar que novos vazamentos acontecessem. Mas o defeito já foi corrigido e as novas tubulações têm uma duração de até 20 anos. Também vamos instalar geradores para que, quando faltar energia, não haja problema no bombeamento do esgoto;, acrescenta o representante da Caesb.

Investimento
A Companhia de Saneamento Ambiental de Brasília informa que está investindo na troca de tubulações para dar mais segurança ao sistema de coleta de esgoto. Já foram feitas obras em cidades como Taguatinga, Gama e Lago Norte. ;São investimentos importantes para que a Caesb possa captar água do Lago Paranoá com segurança no futuro;, afirma o superintendente Carlos Eduardo Pereira.

Uma das grandes preocupações do governo com vazamentos de esgoto é que a contaminação do lago pode custar caro para a própria Caesb. A companhia tem planos de usar o espelho d;água para abastecer mais de 600 mil casas do Distrito Federal. Quanto menos poluição chegar ao lago, menos a empresa terá que gastar para tornar a água potável e para distribuí-la por toda a cidade.

Uma equipe da Delegacia do Meio Ambiente esteve ontem na QL 3 para investigar o caso. O delegado-chefe da unidade, José Carlos Medeiros, explica que os agentes vão fazer um relatório sobre o que encontraram. Só depois disso, o delegado vai decidir se abre ou não inquérito. ;Se ficar confirmado que houve um crime ambiental, instauramos um procedimento para apurar as responsabilidades administrativas e penais;, afirma Medeiros.

Medo
A pedagoga Míriam Magalhães Luz, 46, mora em uma das casas mais atingidas pelo vazamento. Ela teme novas ocorrências semelhantes e reclama do descaso do governo com relação ao problema. ;Já é a quinta vez que isso acontece. Infelizmente, eles usam material de má qualidade e os canos acabam se rompendo outras vezes. Como o terreno é íngreme, todo o esgoto vai para o lago. Isso é um crime ambiental;, garante a moradora do conjunto.

Fiscais do Ibram e do Ibama visitaram a área atingida pelo vazamento na manhã de ontem. Os dois órgãos ambientais informaram que a vistoria foi feita para identificar a extensão do problema, mas destacaram que ainda não é possível dizer se haverá aplicação de multas ou autuações por conta do rompimento da adutora.

O livreiro Antonio Briquet de Lemos, 72 anos, também tem receio de que a solução não seja definitiva. Ele mora na área há 30 anos e sua casa também foi bastante atingida pelo mar de esgoto que se formou. ;Já procurei o Ibama, a Adasa (Agência Reguladora de Águas) e a Delegacia do Meio Ambiente. Essa situação é insuportável, minha calçada está completamente destruída pelos sucessivos vazamentos;, reclama Briquet.

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