Naira Trindade
postado em 04/08/2010 08:38
;Cem anos de prisão seria pouco para apagar o que ele fez com a minha família;, desabafou Alessandro Sidney da Silva, 30 anos, irmão do réu Anderson Ferreira da Silva, 26, que vai a julgamento a partir das 9h de hoje, no Fórum de São Sebastião Desembargador Everards Mota e Matos. Anderson é acusado de matar e enterrar a mãe, Rosilda Maria de Fátima Silva, 48, no jardim de inverno de casa. Os dois teriam se desentendido por causa do volume da televisão.O processo de julgamento do estagiário e estudante de administração surpreendeu pela agilidade. Menos de quatro meses após o crime, Alessandro vai se sentar no banco dos réus e ser julgado por um júri popular. ;O processo seguiu rápido. O Tribunal de São Sebastião é novo e trabalha com uma agilidade difícil de se encontrar no DF;, pontuou o promotor do Ministério Público Antônio Suxberger.
Ainda chocado com a atitude do irmão caçula, Alessandro da Silva vai testemunhar contra ele na tribuna. ;Serei testemunha de acusação. Ele não matou apenas a minha mãe, mas toda a minha família;, lamentou. Além dele, a promotoria do Ministério Público vai levar a irmã da vítima, Edilene Rodrigues Pereira, e a agente de polícia Carine Vilela Rodrigues, que desconfiou dos depoimentos do estudante e encontrou o corpo da autônoma dentro de casa. ;O depoimento dele apresenta muitas contradições. Porém, por ser réu primário, não ter antecedentes criminais e ter confessado, deve ter a pena diminuída;, calculou o promotor.
Somada, a pena para homicídio qualificado e ocultação de cadáver varia de 13 a 33 anos. Suxberger espera uma punição maior que a mínima. ;Anderson apresenta comportamento dissimulado. Mesmo depois de ter matado a mãe, registrou ocorrência de desaparecimento e distribuiu santinhos com a foto dela pela cidade;, lembrou o promotor.
Investigações
Incessantes investigações policiais da 30; Delegacia de Polícia chegaram ao local onde o corpo estava enterrado. O crime foi descoberto em 13 de maio, menos de um mês depois de ela ser morta, em 14 de abril. Para a polícia, Anderson havia relatado em boletim de ocorrência que Rosilda Maria de Fátima teria saído para trabalhar no dia anterior e não mais voltado para casa. Em uma primeira busca, a polícia encontrou indícios de obras recentes, mas só decidiu procurar pelo corpo de Rosilda depois de interrogar vizinhas próximas, que estranharam a versão do estudante.
A briga entre Rosilda e Anderson teria começado à noite. O jovem disse sofrer de insônia. E a mãe dele, que acordava cedo, reclamou do barulho da televisão até tarde. As discussões frequentes entre os dois são confirmadas por Alessandro Ferreira da Silva, que havia se mudado da casa de São Sebastião. Anderson é acusado de ter agredido a mãe com golpes de martelo.
"Serei testemunha de acusação. Ele não matou apenas a minha mãe, mas toda a minha família"
Alessandro Sidney da Silva, irmão de Anderson
Alessandro Sidney da Silva, irmão de Anderson
Entenda o caso
Dormia ao lado do corpo
Anderson passou quase um mês dormindo ao lado do corpo da mãe, Rosilda, enterrada no jardim de inverno de casa, em São Sebastião. Enquanto isso, policiais procuravam pistas do paradeiro da autônoma. Depois de matá-la a marteladas, o estudante de administração cavou um buraco e enterrou a mulher. Para despistar, contratou um pedreiro para trabalhar na ;obra do jardim de inverno;. Sacos plásticos e cal impediram que o cheiro forte exalasse mesmo com o corpo enterrado em cova rasa. Depois de descoberta toda a trama, ele confessou tê-la assassinado, justificando ter apanhado dela.