postado em 05/08/2010 07:00
Usuários do transporte público coletivo estão novamente ameaçados diante da possibilidade de outra paralisação dos rodoviários. Desta vez, a categoria alega descumprimento, por parte da empresa Viplan, do acordo firmado entre empresários e empregados em 24 de junho, na presença do governador Rogério Rosso. Segundo o vice-presidente do sindicato dos rodoviários, Jorge Farias, o combinado era que os quatro dias de paralisação, em junho, fossem abonados e descontados em hora extra, feriado ou produtividade. Entretanto, esses descontos deveriam ser feitos de forma parcelada, mas ontem, ao olharem o contracheque deste mês, motoristas e cobradores levaram um susto: tiveram o valor integral dos dias parados (entre R$ 130 e R$ 200) retirado do salário.O representante das empresas de ônibus, Wagner Canhedo, por meio de sua assessoria de imprensa, negou descumprimento do acordo. O salário deveria ser depositado hoje, mas foi antecipado e entrou ontem na conta dos funcionários. Segundo ele, o rodoviário que não tivesse hora extra para descontar deveria pagar os dias de paralisação trabalhando nas folgas ou nos feriados. A princípio, a Viplan não deve recuar. A resposta não agradou os trabalhadores. Às 16h de ontem, cerca de 280 motoristas e cobradores sinalizaram estar dispostos a cruzar os braços até que seja cobrado, este mês, apenas o valor de um dia paralisado, o equivalente a R$ 45, em média.
Como forma de protesto, os rodoviários mantiveram 140 ônibus no estacionamento em frente à Torre de TV até à noite. As linhas de Samambaia, Santa Maria, Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) e Gama foram as prejudicadas. No fim da tarde, quem queria voltar para casa teve de esperar mais tempo na fila da Rodoviária do Plano Piloto. Mesmo diante da demora, não houve tumulto. ;Esperei ônibus para o Gama por 30 minutos na Esplanada dos Ministérios, mas ele não passou e eu resolvi subir para a rodoviária. Não estava nem sabendo que uma parte tinha paralisado. Deveriam nos avisar antes;, reclamou a servidora pública Sivoneide Costa Reis, 53 anos. ;Acho justo os rodoviários paralisarem porque eles têm direito de reivindicar melhorias para eles, só que a paralisação prejudica todos os setores do comércio e da administração pública;, acredita a arquivista Ana Maria Aguiar, 28. Ela ia para o Gama Oeste e se assustou com a fila. ;Normalmente eu consigo ir embora cedo para casa, mas quando cheguei a fila estava dando voltas;, contou.
A Viplan antecipou o pagamento do salário, mas o depósito dos dias trabalhados dos mais de 10 mil motoristas e cobradores deve ser feito hoje pelas outras empresas. Após a verificação do contracheque é que a categoria pretende decidir se vai paralisar ou não. ;As empresas têm até amanhã (hoje) para pagar. Vamos esperar as demais entregarem os contracheques para ver qual rumo vamos tomar. A empresa que não cumprir com o acordo será penalizada;, garantiu Jorge Farias, do sindicato dos rodoviários. Somente a Viplan e as empresas Condor e Lotáxi empregam quatro mil funcionários, ou seja, cerca de 40% do sistema. O desconto de cinco dias de trabalho representa para um motorista R$ 200 de um salário de R$ 1.293. Para o cobrador, representa um corte de R$ 130, de um salário de R$675 . ;Foi uma tremenda sacanagem o que fizeram conosco. Temos contas para pagar e não estávamos preparados para ter esse impacto no orçamento;, reclamou Jorge Farias.
Colaborou Mariana Sacramento