postado em 10/08/2010 07:00
;;Parados! Aqui é a polícia;. Com medo, meu sobrinho e os colegas correram. Foi quando o policial sacou a arma e atirou nas costas dele. É o que me contaram.; O relato é de uma mulher de 40 anos, moradora da Fercal, em Sobradinho. O fato ocorreu na noite de domingo. Passava das 22h e Ricardo*, 11 anos, ainda estava na rua. Ele conversava com três amigos perto de um posto de iluminação, na Quadra 12, em um setor chamado Boca do Lobo. Fazia frio, por isso o grupo estava unido em volta de uma fogueira. De repente, eles foram surpreendidos por uma patrulha da Polícia Militar. Um dos policiais, já fora do carro, ordenou que eles permanecessem parados. Assustados, Ricardo e os colegas correram.Eles só pararam de correr quando escutaram o estampido de um tiro. Olharam para trás e viram Ricardo caído. O menor foi atingido nas costas por um projétil de pistola calibre .40. Até o fechamento desta edição, o estado dele continuava grave. A vítima está internada no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). A bala estava alojada na vértebra. No início da tarde, o adolescente passou por uma cirurgia para extraí-la. Os pulmões do paciente acabaram encharcados de sangue.
O disparo partiu da arma do soldado Wanderson Martins de Souza, 38 anos, lotado no 13; Batalhão da Polícia Militar, situado em Sobradinho I. O policial foi imediatamente retirado das ruas, após confessar que deu o tiro em Ricardo. ;Não é uma punição. Vamos analisar se ele tem equilíbrio mental para trabalhar novamente nas ruas;, disse o subcomandante do batalhão, major Lúcio César Costa Marques, ao Correio.
A versão que o policial apresentou à Polícia Civil e ao comando do batalhão é a de que a arma teria disparado após ele ter escorregado devido ao terreno acidentado da localidade, que ainda é íngreme. Mas a explicação do militar não coincide com a de uma testemunha, que afirma ter visto apenas ;um PM abaixado;.
A 35; Delegacia de Polícia vai investigar o caso. O delegado-chefe, Wellerson Gontijo Vasconcelos, disse que aguarda o resultado da perícia, realizada no local, para saber se a versão de Wanderson é verdadeira. A arma do policial está apreendida. Ela será encaminhada ao Instituto de Criminalística da Polícia Civil, onde passará por análise. ;Vamos checar, inclusive, se o disparo foi realmente dado pelo revólver dele;, disse o delegado.
Wanderson responderá por lesão corporal. Dependendo do agravamento do quadro clínico da vítima, o militar pode pegar até oito anos de prisão. ;Se o menino vier a falecer, o soldado responderá por doloso. A pena chegará a até 20 anos. Mas isso é muito cedo para se pensar;, afirmou o delegado da 35; DP.
Além da esfera Cível, Wanderson também irá responder na justiça militar. ;Abrimos um inquérito policial militar para investigar o fato;, afirmou o major Lúcio César Costa Marques. Segundo ele, o soldado tem 15 anos de corporação e apresentava, até então, uma conduta exemplar. ;Ele vai ficar afastado até que fique pronto o exame psicológico dele;, completou o superior.