postado em 14/08/2010 07:00
Três pessoas, entre elas um ex-servidor de cargo comissionado da Secretaria de Governo, foram presas na manhã de ontem acusadas de desviar R$ 87 mil dos cofres públicos. Marcos Antônio Furtado Mourão, 44 anos, a mulher dele, Agda Figueiredo Furtado Mourão, 38, e a cunhada Marielba Pereira Figueiredo Mariçoba, 29, foram detidos sob força de prisão temporária e levados para prestar depoimento na Divisão Especial de Repressão aos Crimes Contra a Administração Pública (Decap), responsável pela operação denominada Hela(1). A polícia descobriu que o trio praticava golpes para ter acesso ao auxílio-funeral de servidores fantasmas e desviava dinheiro do GDF que era destinado a despesas com telecomunicações. Além dos três, a polícia espera prender também um homem identificado como Jomar Torres Evangelista, 36 anos. Ele está foragido e teria participado do esquema. Marcos chegou a trabalhar como gerente de Orçamento e Finanças entre 2007 e 2009, e, no fim do ano passado, chefiava a Unidade de Administração Geral (UAG) da Administração de Águas Claras. A investigação começou há cerca de um ano, quando uma servidora percebeu a fraude e denunciou o golpe. Na ocasião, seria feito o pagamento de R$ 2 milhões referentes a um conta da operadora de telefonia Global Village Telecom, mas Marcos Antônio teria usado a senha do sistema para tentar transferir o montante de eventuais pagamentos para uma empresa com as mesmas iniciais, Global Village Telecobranças Ltda.
A servidora, no entanto, desconfiou ao verificar que o CNPJ da falsa GVT era diferente do número da verdadeira, e acionou a polícia. Para o delegado-chefe da Decap, Flamarion Vidal, a criação de uma empresa homônima foi uma tentativa de confundir a polícia. Com a GVT criada por Marcos Antônio, ele conseguiu desviar R$ 76,5 mil. Por conta disso, o DF acabou contraindo dívida com a real empresa de telecomunicações.
De acordo com a polícia, a companhia foi criada por Marielba. Essa mesma empresa, instalada em Taguatinga, era utilizada também para recebimento de auxílio-funeral de servidores fantasmas. ;Ela recebia tanto os recursos do governo quanto o auxílio-funeral dos servidores que não haviam morrido;, explicou Vidal. O grupo tinha uma corretora de seguros usada especialmente para recrutar pessoas para sacar o dinheiro referente ao benefício. Os valores para cada pessoa eram de R$ 3,5 mil. A quadrilha conseguiu efetuar o saque de três auxílios-funeral, totalizando R$ 10,5 mil.
Este ano, Marcos Antônio não ocupava nenhum cargo público, mas contou que havia sido indicado pelo deputado distrital Batista das Cooperativas (PRP) para assumir as funções tanto na Secretaria de Governo quando na UAG da Administração Regional de Águas Claras. Atualmente, trabalhava na campanha política de Batista, candidato à reeleição. Na casa do acusado, os agentes encontraram ainda vários documentos falsificados, incluindo carteira de identidade e um distintivo de detetive da Agência de Investigação de Fortaleza, inexistente.
O quarteto será indiciado por formação de quadrilha, estelionato, falsificação de documento e uso de documento falso. A prisão temporária é de cinco dias, mas pode ser prorrogada por mais cinco até a coleta de provas por parte da polícia. Com as investigações, a Decap acredita identificar outras pessoas envolvidas na fraude. Os delegados de polícia e o Ministério Público apuram se existe alguma relação entre a quadrilha e o esquema de venda de lotes fantasmas. Algumas evidências apontam que o grupo atuava de forma criminosa na política habitacional do DF.
Deusa dos mortos
Na mitologia nórdica, Hela é a deusa dos mortos. Ela podia ser facilmente reconhecida, uma vez que metade de seu corpo era de uma linda mulher, e a outra parte, de um corpo terrível em decomposição. A personalidade de Hela difere dos demais deuses da mitologia: ela não é boa e nem má, mas justa.
O número
R$ 76,5 mil
Total desviado pela quadrilha do valor a ser pago a uma operadora de telefonia
R$ 76,5 mil
Total desviado pela quadrilha do valor a ser pago a uma operadora de telefonia