Os candidatos a governador pelos partidos nanicos também tentam conquistar votos com promessas de difícil execução. Para eles, vale promover a revolução popular para tomar o poder ;dos ricos;, acabar com instituições públicas e promover a regularização das drogas. Esses candidatos não têm o mesmo tempo de televisão das duas grandes coligações encabeçadas por Agnelo Queiroz (PT) e Joaquim Roriz (PSC). Justamente por isso, apostam em grupos específicos para disseminar as promessas. Para alguns especialistas, estes candidatos não têm muito a perder e, por isso, tendem a se soltar durante a campanha.
O concorrente do PCO ao Buriti, Ricardo Machado, pretende aumentar o salário mínimo de R$ 510 para R$ 2.500. O valor proposto é quase cinco vezes maior que o atual. Durante os oito anos do governo Lula, quando o mínino teve valorização recorde, o reajuste acumulado foi de quase 100%, passando de R$ 260 para R$ 510. Machado acredita que o valor proposto é o único capaz de dar às pessoas uma vida digna. O Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) considera R$ 2.011 o valor mínimo necessário para atender o direito do cidadão previsto na Constituição. Mas o supervisor do órgão no DF, Clóvis Scherer, ressalta: ;Uma série de outras mudanças devem acontecer para sustentar o aumento. Uma elevação nesses patamares não pode ser uma ação isolada;.
O candidato Toninho do PSol também é contido em relação à razoabilidade de suas propostas. Mesmo buscando o bom senso, algumas delas ultrapassam as funções de governador e permeiam a iniciativa de outras instâncias de poder. É o caso do item do programa de governo que prevê a extinção do grupo de choque da Polícia Militar, o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). O plano prevê a ;reinserção e treinamento desses militares para atuação no Policiamento Comunitário nas cidades mais violentas do DF;. A proposta, no entanto, diz respeito à organização interna da PM, que está prevista em leis federais e decretos locais.
Outra proposta feita pelo candidato é a implantação de ônibus elétricos. A dificuldade da promessa pode ser avaliada ao ser comparada às obras do veículo leve sobre trilhos (VLT), que até hoje não foram concluídas e dependem de vultosos investimentos. Toninho também afirma em seu plano de governo que ;vai mover ações judiciais junto aos órgãos competentes para reaver e recuperar para o GDF todos os recursos desviados através de esquemas de corrupção;, sendo que a eventual punição dos culpados é na verdade responsabilidade da Justiça.
Drogas
Apesar de não ser um assunto de competência de um governador, o candidato do PSTU ao Palácio do Buriti, Rodrigo Dantas, afirma que caso eleito legalizará o uso das drogas, estatizando a produção e distribuição de entorpecentes. ;Está claro que a proibição das drogas não é um entrave ao consumo. Na verdade, seu resultado é o aumento da violência. Só a legalização das drogas pode acabar com o tráfico como atividade econômica do crime organizado. Produção e distribuição estatizadas esvaziariam o poder do crime organizado;, afirmou. Indagado sobre o fato de a questão não poder ser resolvida apenas no plano local, ele retruca: ;Não importa, vamos lutar por isso;.
Em seu plano de governo, o candidato do Partido Verde, Eduardo Brandão, garante que irá aplicar pelo menos 35% da receita arrecadada com impostos para a manutenção e o desenvolvimento da educação no DF. Para isso, no entanto, precisaria de aprovação na Câmara, o que dificulta a realização da promessa. O adversário Frank Svensson (PCB) prega ideias marxistas a todo instante. Ele promete, por exemplo, a estatização dos serviços essenciais para a população, como água, luz e telefone.
Colaborou Mariana Sacramento