A paranormal Rosa Maria Jaques, 61 anos, e o marido dela, João Tocchetto, 49, serão mantidos presos pelo menos até segunda-feira. Ao analisar o pedido de habeas corpus impetrado ontem à tarde pela defesa do casal, o desembargador Romão Cícero, da Primeira Turma Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, pediu mais informações ao advogado. Já a ex-faxineira dos Villela Guiomar Barbosa da Cunha, 71 anos, conquistou a liberdade, e a previsão era de que o alvará de soltura seria cumprido ontem mesmo. Guiomar estava detida desde terça-feira.
Os três acabaram presos em caráter temporário no começo da semana, acusados de atrapalhar as investigações sobre quem matou o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela e sua mulher, a advogada Maria Carvalho Mendes Villela, além da principal empregada da família, Francisca Nascimento da Silva. O crime ocorreu em 28 de agosto de 2009.
Além da paranormal, do marido dela e da ex-faxineira, foram presos ainda Adriana Villela, filha mais velha do casal e apontada pela Justiça como suspeita de envolvimento no crime, e o ex-agente da 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul) José Augusto Alves, braço direito da ex-delegada-chefe da unidade Martha Vargas. Martha conduziu as investigações do caso durante os três primeiros meses.
Pedido incompleto
Dos cinco detidos, somente Guiomar Barbosa e José Augusto conquistaram a liberdade. O desembargador optou por adiar o julgamento do habeas corpus de Rosa Maria e João Tocchetto por entender que o pedido da defesa estava incompleto. ;A inicial veio desnuda de qualquer prova que demonstre os fatos alegados, imprescindível, pois, as informações. Reservo-me o direito de apreciar o pedido de liminar após informações ora solicitadas conforme minuta;, despachou.
A reportagem não teve acesso à minuta em que o desembargador pede as informações. O advogado de Rosa Maria e João Tocchetto, Marcelo Motta Coelho Silva, do Rio Grande do Sul, também não foi localizado para comentar que argumentos usou para pedir a soltura dos clientes.
Segundo as investigações, Rosa Maria e João Tocchetto teriam agido com a filha do casal assassinado, Adriana Villela, para desviar as investigações de forma que o autor do crime não fosse descoberto. Contra Guiomar Barbosa pesam o fato de ela ter declarado que o relacionamento entre Adriana e a mãe seria excelente quando, na verdade, era conflituoso, conforme a polícia. E um filho ex-presidiário de Guiomar teria indicado a Adriana e a Rosa Maria o nome de um homem que, em novembro passado, acabou detido como suspeito do crime.
Pressão alta
Ao pedir a liberdade de Guiomar Barbosa, o advogado Afonso Assis Ribeiro usou a mesma justificativa da defesa do policial José Augusto, solto na quinta-feira à noite. ;Não pesa sobre a empregada da família nenhuma suspeita de participação no crime;, destacou. ;O que fizemos, na verdade, foi pedir uma extensão da liberdade concedida ao agente. Ela (Guiomar) não pode ficar presa por supostamente ter dito que mãe e filha tinham bom relacionamento;, disse Ribeiro. Segundo ele, havia urgência na decisão porque Guiomar Barbosa sofre de pressão alta.
Em sua decisão, o desembargador Romão Cícero escreveu que ;de tanto quanto exposto, bem se vê que ainda é insuficiente para se dizer que (Guiomar) é autora de crime de homicídio. Podendo indicar a prática de outros crimes;;. O desembargador lembrou que a decretação de prisão temporária somente é possível quando a investigação versar sobre uma das infrações previstas no inciso 3; do Artigo 1; da Lei 7.960/89 (leia O que diz a lei).
Na manhã de hoje, os responsáveis pela Coordenação de Investigação de Crimes Contra a Vida (Corvida) darão uma entrevista coletiva sobre o caso.