postado em 21/08/2010 07:08
Ary Filgueira e
Lucas Tolentino
Especial para o Correio
Mesmo fora do dia oficial de visitas, os familiares de Adriana Villela, 46 anos, a encontraram(1) ontem na Penitenciária Feminina do Distrito Federal, conhecida como Comeia. A filha dela, a advogada Carolina Villela, 25, a tia, a professora Célia Mendes, o irmão Augusto Villela e um primo, o juiz Marcus Menezes Barberino Mendes, chegaram ao presídio localizado no Gama às 13h15. Depois de 15 minutos, agentes da portaria do complexo autorizaram a entrada dos parentes da mulher, acusada de atrapalhar as investigações policiais do triplo homicídio da 113 Sul. Ela é apontada pela polícia como suspeita de envolvimento nos assassinatos dos próprios pais e da empregada deles. O grupo passou cerca de duas horas no local.
Familiares e amigos das pessoas retidas no local só podem vê-las às quintas-feiras. Mas advogados, magistrados e membros do Ministério Público têm autorização para entrar na penitenciária a qualquer dia, mesmo que eles não defendam judicialmente as detentas. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, todos os quatro estão cadastrados como advogados na ficha de visitantes do complexo.
;Ela está bem;
Quando chegou, Carolina segurava uma sacola aparentemente com mantimentos. Os parentes deixaram o sistema carcerário por volta das 15h30. Saíram de forma discreta em direção ao carro parado no estacionamento reservado a advogados. Célia afirmou que o grupo foi ao presídio apenas para visitar Adriana. Segundo a professora, a sobrinha tem passado os dias de maneira estável. ;Ela (Adriana) está bem, na medida do possível;, contou.
Uma cela foi improvisada para Adriana Villela porque, no local, não há cárcere especial para quem tem curso superior. A detenta fica em um lugar que era utilizado para visitas íntimas das presidiárias. Com 16m;, o local onde a filha do ex-ministro José Guilherme Villela e de Maria Carvalho Mendes Villela está presa tem cama de casal e banheiro. Ela está sozinha, ao contrário de Guiomar Barbosa da Cunha, que, antes de ter o habeas corpus concedido, dividia uma cela com nove mulheres. Guiomar era faxineira e não cursou faculdade.
1 - Sofrimento
Foi a segunda visita consecutiva dos parentes a Adriana Villela. Na quinta-feira, eles chegaram por volta das 11h40 à Comeia. Na saída, a filha Carolina ; que passou cerca de 40 minutos na prisão ; limitou-se a comentar: ;A nossa dor é muito grande;. Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública, atualmente, cerca de 480 mulheres estão detidas na penitenciária.
O que diz a lei
De acordo com a Lei Federal n; 7.960, de 1989, a prisão temporária é decretada quando for imprescindível para as investigações ou quando houver fundadas razões de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes: homicídio doloso, sequestro ou cárcere privado, roubo, extorsão, extorsão mediante sequestro, estupro, entre outros. Os presos em caráter temporário deverão permanecer, obrigatoriamente, separados dos demais detentos. Por lei, a prisão temporária tem duração de cinco dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. Mas, segundo a doutrina, o juiz que a decreta possui a prerrogativa de estabelecer um prazo maior.